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'Suíte três rios', a música universal de Dan Costa

Nascido em Londres, o pianista e compositor Dan Costa lança seu primeiro álbum, ‘Suíte três rios’ ( ouça aqui )  Inspirado na música brasileira, que Dan ouve desde cedo, quando as canções de Tom Jobim enchiam sua casa, de família meio portuguesa, meio italiana, e no tempo em que estudou piano na UNICAMP, o álbum foi gravado no Rio de Janeiro. Para acompanhá-lo, o jovem artista arregimentou um time de excelentes músicos composto por Jaques Morelenbaum (cello), Ricardo Silveira (guitarra), Marcelo Martins (sax alto e tenor), Rafael Barata (bateria e pandeiro), Vittor Santos (trombone), Alberto Continentino (baixo), Teco Cardoso (sax barítono), Marcos Suzano (percussão). A cantora Leila Pinheiro dá voz à dissonante ‘Bossa Nova’, cuja letra cita o encontro das águas dos rios Negro e Solimões, inspiração para o nome do disco. O jazz, influenciado por gêneros musicais brasileiros que nomeiam a maioria das faixas – ‘Chorinho’, ‘Samba’, ‘Baião’, ‘Maracatu’ e ‘Modinha’, além da já c...

Enredo singular do artista é destaque no Sambabook Jorge Aragão

A quinta edição da série multimídia ‘Sambabook’, concebida pela empresa Musikeria, presta tributo a Jorge Aragão, cantor e compositor carioca que comemora 40 anos de carreira contados a partir da gravação de ‘Malandro’ (Aragão/ Jotabê), lançada por Elza Soares em 1976. Como de costume, a escalação dos cantores mistura renomados sambistas, como Martinho da Vila (‘Coisa de pele’), Beth Carvalho (‘Pedaço de ilusão’) e Zeca Pagodinho (‘Quintal do céu’) e artistas vinculados a outros gêneros musicais, como Anitta (‘Coisinha do pai’), Lenine (‘Toque de malícia’) e Ivan Lins (‘Alvará’). Apesar da relativa diversidade de convidados, as novas versões sofrem com a excessiva reverência que acompanha a série, que já homenageou João Nogueira (1941 – 2000), Martinho da Vila, Zeca Pagodinho e Dona Ivone Lara. Seguindo à risca os arranjos originais, o ‘Sambabook’ engessa a criatividade dos intérpretes. Ainda assim, a força da natureza chamada Elza Soares se sobressai em ‘Identidade’ (Aragão), samb...

O samba original - e de fato - de Pedro Miranda

Um amulatado Pedro Miranda estampa a capa de ‘Samba original’, terceiro – e excelente – disco solo deste cantor e músico carioca, que ganhou notoriedade tocando no Grupo Semente, na Lapa. A foto remete à figura romanceada dos sambistas da primeira metade do século passado, de onde, não por acaso vem algumas pérolas do irretocável repertório. Pequenas belezas das quais Pedro espanou a poeira do tempo, restaurando-as com esmero e precisão, e dando-lhes contemporaneidade. De 1932 vem o clássico ‘A razão dá-se a quem tem’, de Ismael Silva e Noel Rosa. Gravado originalmente por Francisco Alves (1898 – 1952) e Mario Reis (1907 – 1981), a nova versão ganha as vozes macias de Pedrinho e de Caetano Veloso, convidado na faixa, num dueto que faz jus aos primeiros intérpretes. Também dos anos 1930, é o engraçado ‘Se passar da hora’, de Baiaco e Boaventura dos Santos, ou melhor, de Osvaldo Vasques, um dos fundadores da primeira escola de samba, a ‘Deixa falar’, e de Ventura, portelense de prime...

'Dorina canta sambas de Aldir & ouvir' atesta a fé na arte de cantar

Em sua estreia fonográfica, em 1996, Dorina já anunciava: “Eu canto samba”. A famosa composição de Paulinho da Viola deu nome ao primeiro disco da cantora carioca. De lá para cá, Dorina lançou mais sete álbuns, entre os quais, ‘Sambas de Almir’ (2003) e ‘Sambas de Luiz’ (2013), dedicados, respectivamente, às obras dos sambistas Almir Guineto e Luiz Carlos da Vila (1949 – 2008). Na noite de quinta-feira, 16 de junho de 2016, Dorina estreou seu novo show no Teatro Ziembinski, ‘Dorina canta sambas de Aldir & ouvir’ que, tomara, ganhe registro em disco. Dedicado ao letrista Aldir Blanc, que comemora 70 anos em setembro, o show traz a cantora em grande forma, surpreendendo o público ao se distanciar momentaneamente dos temas mais buliçosos de quadra e terreiro que pontuam sua discografia. Acompanhada por Paulo 7 Cordas, Ramon Araújo (violão) e Rodrigo Reis (percussão), Dorina amacia seu canto para desfiar o repertório que equilibra sucessos e joias menos conhecidas do mítico comp...

Em boa forma, Fernanda Abreu volta à cena com 'Amor geral'

Precursora do uso de samples e beats eletrônicos na década de 1990, Fernanda Abreu está de volta com ‘Amor geral’ (Garota Sangue Bem/ Sony Music). Doze anos após ‘Na paz’, seu último disco de estúdio, Fernanda atualiza seu suingue, escalando novos parceiros e produtores, sem perder a sonoridade personalíssima, marca indelével de sua carreira solo. Essencialmente romântico, ainda que muitas vezes dançante, ‘Amor geral’ relata partidas e chegadas, romances e cenas cotidianas sob a ótica otimista da cantora e compositora carioca. Produzida por Pedro Bernardes, a faixa ‘Outro sim’ (Fernanda Abreu/ Gabriel Moura/ Jovi Joviniano) abre a pista de dança contemporânea com o sedutor arranjo eletrônico embalando a letra esperta: “Sempre haverá outra esquina/ Outra beleza, outro cara, outra mina/ Sempre haverá um mané, sem noção, um otário/ Querendo atrasar”. Igualmente irresistível é ‘Tambor’ (Fernanda Abreu/ Gabriel Moura/ Jovi Joviniano/ Afrika Bambaataa), na qual Fernanda mais uma vez re...

'Música e maresia' traz à luz o pop de Dulce Quental

  Surgida na década de 1980, como vocalista do grupo feminino Sempre Livre, a cantora e compositora carioca Dulce Quental está lançando ‘Música e maresia’, álbum em que reúne canções gravadas nos anos 1990, principalmente em 1994, que permaneciam inéditas na sua voz. Concebido por Dulce, que também assina a produção juntamente com Mariano Klautau Filho e Leo Bitar, ‘Música e maresia’ sai pelo selo Cafezinho Edições, por ora em formato digital – uma edição em vinil está prevista em junho. Acompanhada por músicos como Nilo Romero (produtor musical do disco embrionário que gerou o novo projeto), Jaques Morelenbaum, Marcelo Costa, Sasha Amback e por seu principal parceiro, Robert Frejat, Dulce Quental desfia um rosário de pérolas pop, que brilham com maior e menor intensidade. Ainda que a compositora seja mais interessante – com seu depurado estilo pop com conteúdo –, a cantora dos antigos sucessos ‘Sou free’ (Ruban/ Patrícia Travassos), ‘Esse seu jeito sexy de ser’ (Patrícia Trav...

Arranjos elegantes revestem 'Nas estâncias de Dzyan'

Cantor, compositor e instrumentista, Juliano Gauche lança ‘Nas estâncias de Dzyan’ pelo selo EAEO. Radicado em São Paulo desde 2010, o artista capixaba parece bem ambientado na cena musical contemporânea paulistana, como indicam os arranjos elegantemente vintages assinados por Junior Boca e Tatá Aeroplano, com destaque para a faixa-título, ‘Nas estâncias de Dyzan’, inspirada nos conceitos de teosofia de Helena Petrovna Blavatsky  (1831 - 1891), escritora russa cuja obra também influenciou o cantor e compositor carioca Jorge Vercillo no disco ‘ Como diria Blavatsky’ (2011).   ‘Clarão’ e ‘Muito esquisito’ são outros bons momentos, realçados pelos arranjos, pontuados por belos timbres.  Juliano (voz e violão), que assina a produção e oito das nove faixas, é acompanhado Junior Boca (guitarra e violão), João Leão (teclados), Daniel Lima (baixo) e Gustavo Souza (bateria).   Gauche explicita sua inadequação existencial em letras diretas, sem floreios. “Sim, tudo isso v...