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'Música e maresia' traz à luz o pop de Dulce Quental

  Surgida na década de 1980, como vocalista do grupo feminino Sempre Livre, a cantora e compositora carioca Dulce Quental está lançando ‘Música e maresia’, álbum em que reúne canções gravadas nos anos 1990, principalmente em 1994, que permaneciam inéditas na sua voz. Concebido por Dulce, que também assina a produção juntamente com Mariano Klautau Filho e Leo Bitar, ‘Música e maresia’ sai pelo selo Cafezinho Edições, por ora em formato digital – uma edição em vinil está prevista em junho. Acompanhada por músicos como Nilo Romero (produtor musical do disco embrionário que gerou o novo projeto), Jaques Morelenbaum, Marcelo Costa, Sasha Amback e por seu principal parceiro, Robert Frejat, Dulce Quental desfia um rosário de pérolas pop, que brilham com maior e menor intensidade. Ainda que a compositora seja mais interessante – com seu depurado estilo pop com conteúdo –, a cantora dos antigos sucessos ‘Sou free’ (Ruban/ Patrícia Travassos), ‘Esse seu jeito sexy de ser’ (Patrícia Trav...

Arranjos elegantes revestem 'Nas estâncias de Dzyan'

Cantor, compositor e instrumentista, Juliano Gauche lança ‘Nas estâncias de Dzyan’ pelo selo EAEO. Radicado em São Paulo desde 2010, o artista capixaba parece bem ambientado na cena musical contemporânea paulistana, como indicam os arranjos elegantemente vintages assinados por Junior Boca e Tatá Aeroplano, com destaque para a faixa-título, ‘Nas estâncias de Dyzan’, inspirada nos conceitos de teosofia de Helena Petrovna Blavatsky  (1831 - 1891), escritora russa cuja obra também influenciou o cantor e compositor carioca Jorge Vercillo no disco ‘ Como diria Blavatsky’ (2011).   ‘Clarão’ e ‘Muito esquisito’ são outros bons momentos, realçados pelos arranjos, pontuados por belos timbres.  Juliano (voz e violão), que assina a produção e oito das nove faixas, é acompanhado Junior Boca (guitarra e violão), João Leão (teclados), Daniel Lima (baixo) e Gustavo Souza (bateria).   Gauche explicita sua inadequação existencial em letras diretas, sem floreios. “Sim, tudo isso v...

Dupla atualiza a obra do mestre Ismael Silva

Reformador do seminal samba amaxixado de Donga (1890 – 1974), Sinhô (1888 – 1930) e companhia, Ismael Silva (1905 – 1978) também traz em seu currículo a criação da primeira escola de samba, a Deixa Falar, em 1929. Revelado por Francisco Alves (1898 – 1952), o ‘Rei da voz’, o sambista do Estácio viu suas composições, muitas vezes feitas com os parceiros Nilton Bastos (1899  – 1931)  e Noel Rosa (1910  – 1937) , além do próprio Chico Alves, ganharem registros, com orquestrações de acento... amaxixado. Afinal os músicos do novo samba, vistos com reservas, não transitavam pelos estúdios de gravação. Desilusão amorosa, crônica social bem-humorada, ótica machista e exaltação da malandragem eram temas do novo ritmo/ gênero, que virariam modelos para as futuras gerações. Violonista experiente, que chegou a acompanhar o mestre Ismael em seus últimos anos de vida, Cláudio Jorge se juntou ao cantor Augusto Martins para gravar o CD ‘Ismael Silva: Uma escola de samba’, pela gravad...

CD 'Sambas de enredo 2016' não registra nenhuma joia do gênero

O CD ‘Sambas de Enredo 2016’, distribuído pela Universal Music, marca o benfazejo arrefecimento dos enredos patrocinados. Apesar das variações temáticas, que passam pelo circo, a malandragem, São Jorge, uma cantora de MPB e uma dupla sertaneja, entre outros, não há espaço para leveza (‘O amanhã’, ‘Domingo’), melancolia (‘Os sertões’, ‘E eles verão a Deus’), irreverência (‘E por falar em saudade’, ‘Mamãe eu quero Manaus’), crítica social (‘Seca do Nordeste’, ‘100   anos de liberdade, realidade ou ilusão?’) ou autocrítica (‘Bumbum paticumbum prugurundum’, ‘Hoje tem marmelada?’) na nova safra. Nos parâmetros atuais do gênero, os melhores sambas são: a empolgante “Ópera dos malandros”, da Acadêmicos do Salgueiro, ‘Maria Bethânia, a menina dos olhos de Oyá’, samba homenagem típico da Estação Primeira de Mangueira, e ‘Salve Jorge! O guerreiro da fé’, da querida Estácio de Sá, de volta ao Grupo Especial.  Ok, o hino da Imperatriz Leopoldinense é bom, mas o universo sertanejo já te...

Dhu Moraes e Sandra Pêra estreiam a série de shows 'As cantrizes'

Generosas doses de bom humor, nostalgia e emoção marcaram a estreia carioca da série de shows ‘As Cantrizes’, ontem à noite, no Centro Cultural Carioca. Dhu Moraes e Sandra Pêra fizeram uma agradável viagem musical “não muito cronológica”, nas palavras de Sandra, remontando ao encontro das duas no musical ‘Pobre menina rica’, de Carlos Lyra e Vinicius de Moraes, em 1972, e – é claro – ao estrondoso sucesso do sexteto ‘As Frenéticas’, na mesma década. Acompanhada pelos músicos Mimi Lessa (guitarrista/ arranjador), Guto Goffi (baterista), Pedro Perez (baixista) e Luciano Lopes (tecladista) a (d)escolada dupla driblou a perceptível falta de ensaios e fez da informalidade o ponto alto da noite, que começou com o bolero-pop-brega ‘Ainda bem’ (Marisa Monte/ Arnaldo Antunes) e terminou com a ensolarada ‘Mais ninguém’ (Mallu Magalhães), mostrando que as artistas permanecem atentas à produção musical contemporânea. Mas até chegarem ao pop da Banda do Mar, Dhu e Sandra desfiaram um saboroso r...

Meus shows em 2015: 'A mulher do fim do mundo'

Não teve show revisionista, não teve comemoração de cinquenta anos de carreira, muito menos ajudinha de parte da mídia reverente a certos artistas 'intocáveis' que tirasse do show ‘A mulher do fim do mundo’ o título de espetáculo do ano. A impactante ambiência sonora do excelente álbum se expandiu no palco, onde a cantora reinou absoluta. De seu trono, Elza Soares esmiuçou as dores e as mazelas de milhares de Rosinhas e malandros brasileiros, fez ecoar sua voz num manifesto contra o assassinato de jovens e surpreendeu a todos encerrando o show com esperança de um futuro melhor, longe do fim. ‘A mulher do fim do mundo’, disco e show nasceram clássicos. 

Meus shows em 2015: 'Estratosférica'

2015 marcou o cinquentenário artístico de grandes nomes da música popular brasileira. Enquanto Caetano Veloso, Gilberto Gil e Maria Bethânia comemoraram olhando para trás, revivendo sucessos, Gal Costa manteve os pés no presente, gravando ‘Estratosférica’, álbum que trouxe compositores de gerações diferentes, de Milton Nascimento a Lirinha. ‘Estratosférica’ é um bom disco de carreira, como tantos outros lançados pela cantora, mas não alcançou os píncaros. Com suas excessivas programações eletrônicas e equivocadas opções como incluir a gravação de ‘Ilusão à toa’, certamente por pressão da Sony Music, já que a versão entrou na malfadada novela ‘Babilônia’, ou deixar de fora da edição física as belas ‘Átimo de som’ e ‘Vou buscar você pra mim’. Todos esses senões foram suplantados pela cantora no show homônimo. Em altíssimo astral, com a voz tinindo, interpretando magnificamente canções de diferentes épocas, Gal Costa permanece em cartaz neste verão e tem tudo para novamente tomar o Ci...