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Em 'Mama Kalunga', Virgínia Rodrigues retorna à temática afro-brasileira

  Em seu quinto disco, ‘Mama Kalunga’, a cantora baiana Virgínia Rodrigues retorna à temática afro-brasileira, sete anos após o significativo desvio de rota registrado em ‘Recomeço’ (Biscoito Fino), álbum de voz-e-piano, no qual registrou clássicos da MPB. Lançado pelo selo Casa de Fulô, com patrocínio do programa Rumos Itaú Cultural e produzido por Sebastian Notini e Tiganá Santana, ‘Mama Kalunga’ reúne composições de autores negros. Canções que abordam religiosidade (‘Ao senhor do fogo azul’, de Gilson Nascimento), preconceito (‘Vá cuidar de sua vida’, de Geraldo Filme), amor (‘Teus olhos em mim’, de Roberto Mendes e Nizaldo Costa) e até filosofia (‘Nos horizontes do mundo’, de Paulinho da Viola) passam pelo característico filtro estético da cantora mezzo-soprano. O timbre quase lírico de Virgínia Rodrigues reveste de delicada solenidade faixas como as belas ‘Mama Kalunga’ (Tiganá Santana) e ‘Sou eu’ (Moacir Santos/ Nei Lopes), esta com a dispensável participação de Tiaganá ...

Jonas Sá mostra o som de sua tribo em 'BLAM! BLAM!'

Não é apenas pela provocante estética sexy impressa na capa e no encarte em forma de pôster que ‘BLAM! BLAM!’, o segundo disco de Jonas Sá, lembra antigos long-plays da década de 1970. Nas 14 faixas do álbum lançado pela gravadora Coqueiro Verde Records, a música negra norte-americana que dominava as paradas daqueles já longínquos anos norteia a interessante produção capitaneada pelo próprio artista e por seu irmão, o guitarrista Pedro Sá. Letras cinematográficas, impregnadas de romance, sexo e crueza descarada compõem um cenário urbano contemporâneo, cuja trilha sonora também engloba soul, rock, pop, funk e bossa nova, entra outras referências musicais. Grooves e interferências eletrônicas contribuem para a sonoridade moderna e inquietante, em faixas como ‘8 bit’ (Jonas Sá), ‘Não vai rolar’ (Jonas Sá/ Domenico Lancellotti), ‘Gigolô’ (Jonas Sá) e ‘Sexy savannah’ (Jonas Sá/ Ricardo Dias Gomes). Alternando sons raivosos (‘Chat Roulette’) e momentos mais tranquilos (‘Safo’), ‘BLAM! B...

Single de Gal, 'Ilusão à toa' provoca discussão exagerada

Toda essa discussão sobre o lançamento de ‘Ilusão à toa’, versão que estará na trilha sonora de ‘Babilônia’ me parece exagerada. Em vários momentos de sua carreira, Gal Costa gravou músicas para trilhas de novela. ‘Desafinado’ (‘Bambolê’), ‘Solidão’ (‘O Dono do Mundo’), ‘Modinha para Gabriela’ (‘Gabriela’), ‘Ruas de outono’ (‘Paraíso Tropical’), ‘Brasil’ (‘Vale Tudo’), ‘Jovens tardes de domingo’ (‘Zazá’), ‘Pra você’ (‘Torre de Babel’), ‘Caminhos do mar’ (‘Porto dos Milagres’) s aíram independentemente do discos de carreira da cantora, algumas sequer entraram em sua discografia oficial. Se a gravadora quis pegar carona na novela da TV Globo para promover ou não o novo álbum, ‘Estratosférica’ (a seleção de repertório ainda não foi divulgada oficialmente) é porque o folhetim das 21 horas ainda é uma vitrine nacional - até os “alternativos” sabem e sonham com a inclusão de uma música lá. Os tempos mudaram, as rádios e grande parte do público andam mais acomodados do que nunca. Ninguém ...

Distante do universo cool, Simone Mazzer brilha em seu disco de estreia

Primeiro disco de Simone Mazzer, ‘Férias em videotape’, lançado pelo selo Pimba, apresenta uma ótima intérprete, cuja potente voz poderia facilmente leva-la aos perigosos e sedutores domínios do excesso. Entretanto, Simone mantém as rédeas de seu canto sempre seguras. Acompanhada pelo trio formado por Marco Antônio Scolari (piano, teclados, acordeão, vocais, arranjos e direção musical), André Bedurê (baixo, guitarra e vocais) e Eduardo Rorato (bateria e vocais), além das participações especiais de Nivaldo Ornelas (sax tenor) e Sacha Amback (teclados, cordas e efeitos), entre outros, Simone Mazzer atesta em estúdio o talento musical que exibe há alguns anos em suas apresentações ao vivo. Produzido por Leonel Pereda, ‘Férias em videotape’ expõe um inteligente repertório, que equilibra canções menos ou mais conhecidas, sem apelar para a obviedade. Incluída na novela da TV Globo, ‘Babilônia’, a irresistível ‘Tango do mal’ (Luciano Salvador Bahia) abre os trabalhos. Sem papas na língua,...

Elba Ramalho mira novos alvos em 'Do meu olhar pra fora'

‘Qual é o assunto que mais lhe interessa?’, perguntava Elba Ramalho, no título do ousado álbum com o qual sacudiu a poeira da acomodação, em 2007. Oito anos depois, a cantora parece ter encontrado novas respostas para a questão em ‘Do meu olhar pra fora’, seu 33º disco, recém-lançado pela gravadora Coqueiro Verde Records. Liberdade artística, religiosidade, formas de amor e outras questões contemporâneas estão na mira de Elba. Produzido por Luã Mattar e Yuri Queiroga, o novo disco apresenta uma sonoridade moderna, embalando o repertório eclético, que passa pelo rock, reggae e até mesmo fado, sob o viés nordestino, que pontua a carreira artística da cantora.  ‘Olhando o coração’ (Dominguinhos/ Climério) abre os trabalhos da melhor maneira. Um das duas inéditas assinadas por Dominguinhos (1941 – 2013), com quem Elba dividiu seu disco de 2005, a ritmada e sedutora faixa injeta contemporaneidade no velho xote, que ganha roupa nova com as programações do DJ Dolores, os pífanos de Dir...

Gal reveste Lupicínio de contemporaneidade

Após a estreia nacional em Porto Alegre (RS), em 25 de março de 2015, o show ‘Ela disse-me assim – Canções de Lupicínio Rodrigues’, de Gal Costa, chegou ao palco da casa de espetáculos carioca Vivo Rio na noite de sábado, 28 de março. Idealizado por J. Velloso para o projeto Natura Musical, o show poderia indicar a volta de Gal à zona de conforto das interpretações de clássicos da MPB, onde ela permaneceu por algum tempo, até a revigorante virada estética provocada pelo disco/show ‘Recanto’ (2011), que realinhou sua carreira com a produção musical brasileira mais arrojada. Acompanhada por Pupillo (bateria/ percussão), Silva (teclado/ violino), Guilherme Monteiro (guitarra/ violão) e Fábio Sá (contrabaixo elétrico e acústico) , talentosos músicos da cena musical contemporânea, arregimentados pelo codiretor artístico Marcus Preto, Gal Costa fez luzir o ótimo e surpreendente roteiro, com interpretações emocionantes.  Ourives das canções de dor-de-cotovelo, gravado por cantores ...

Zabelê reúne músicos expressivos em seu disco solo

O primeiro disco solo de Zabelê, filha de Baby do Brasil e Pepeu Gomes, que chegou a integrar o trio SNZ, formado com as irmãs Sarah e Nâna, reúne alguns dos nomes mais requisitados da atual cena musical brasileira de ponta. Domenico Lancelloti (bateria/ percussão) assina a produção, a arte gráfica e cinco das dez faixas inéditas do álbum mixado por Moreno Veloso (voz na faixa ‘Cara de cão’). Também participam de ‘Zabelê’ (Independente/ Pommelo Distribuições) Kassin (violões/ lap steel/ baixo), Pedro Sá (guitarra), Alberto Continentino (baixo), Ricardo Dias Gomes (teclados), Berna Ceppas (sintetizadores) e Rubinho Jacobina (violão/ teclados), entre outros músicos. O resultado dessa reunião estelar é um disco agradável, onde a sonoridade bacana atua (quase sempre) a favor da cantora. As faixas mais ritmadas, nas quais se destaca o irresistível suingue da guitarra de Pedro Sá, são as melhores. Neste caso encontram-se ‘Prática’ (André Carvalho) e ‘Atenção’ (Marcelo Callado/ Quito Ribei...