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Gal reveste Lupicínio de contemporaneidade

Após a estreia nacional em Porto Alegre (RS), em 25 de março de 2015, o show ‘Ela disse-me assim – Canções de Lupicínio Rodrigues’, de Gal Costa, chegou ao palco da casa de espetáculos carioca Vivo Rio na noite de sábado, 28 de março. Idealizado por J. Velloso para o projeto Natura Musical, o show poderia indicar a volta de Gal à zona de conforto das interpretações de clássicos da MPB, onde ela permaneceu por algum tempo, até a revigorante virada estética provocada pelo disco/show ‘Recanto’ (2011), que realinhou sua carreira com a produção musical brasileira mais arrojada. Acompanhada por Pupillo (bateria/ percussão), Silva (teclado/ violino), Guilherme Monteiro (guitarra/ violão) e Fábio Sá (contrabaixo elétrico e acústico) , talentosos músicos da cena musical contemporânea, arregimentados pelo codiretor artístico Marcus Preto, Gal Costa fez luzir o ótimo e surpreendente roteiro, com interpretações emocionantes.  Ourives das canções de dor-de-cotovelo, gravado por cantores ...

Zabelê reúne músicos expressivos em seu disco solo

O primeiro disco solo de Zabelê, filha de Baby do Brasil e Pepeu Gomes, que chegou a integrar o trio SNZ, formado com as irmãs Sarah e Nâna, reúne alguns dos nomes mais requisitados da atual cena musical brasileira de ponta. Domenico Lancelloti (bateria/ percussão) assina a produção, a arte gráfica e cinco das dez faixas inéditas do álbum mixado por Moreno Veloso (voz na faixa ‘Cara de cão’). Também participam de ‘Zabelê’ (Independente/ Pommelo Distribuições) Kassin (violões/ lap steel/ baixo), Pedro Sá (guitarra), Alberto Continentino (baixo), Ricardo Dias Gomes (teclados), Berna Ceppas (sintetizadores) e Rubinho Jacobina (violão/ teclados), entre outros músicos. O resultado dessa reunião estelar é um disco agradável, onde a sonoridade bacana atua (quase sempre) a favor da cantora. As faixas mais ritmadas, nas quais se destaca o irresistível suingue da guitarra de Pedro Sá, são as melhores. Neste caso encontram-se ‘Prática’ (André Carvalho) e ‘Atenção’ (Marcelo Callado/ Quito Ribei...

'Rio', o cartão postal de Joyce Moreno

Lançado originalmente no Japão, em 2011, pelo selo londrino Far Out Recordings, o álbum ‘Rio’, da cantora, compositora e violonista Joyce Moreno chega às praias nativas, via gravadora Biscoito Fino, a tempo de embarcar nas comemorações dos 450 anos da “Cidade Maravilhosa”. Reproduzidas no encarte, belas imagens de um Rio de Janeiro dourado, praticamente selvagem, com suas montanhas em contraluz, a esconder as favelas – e mazelas – são traduzidas em canções que também enaltecem as belezas naturais da orla carioca. São canções como ‘Adeus América’ (Haroldo Barbosa/ Geraldo Jaques), ‘Samba do carioca’ (Carlos Lyra/ Vinicius de Moraes), ‘Manhã no Posto 6’ (Armando Cavalcanti), ‘Valsa de uma cidade’ (Ismael Netto/ Antônio Maria) e ‘O mar’, movimento da ‘Sinfonia do Rio de Janeiro’ composta por Tom Jobim e Billy Blanco. Um deslocado samba paulista, ‘As mariposa’ (Adoniram Barbosa), surge unido ao carioquíssimo ‘Com que roupa’ (Noel Rosa), desfocando o cartão postal sonoro da cantora. Pe...

'Inversões', de Regina Souza, reitera vertente da MPB

Terceiro disco da cantora mineira Regina Souza, ‘Inversões’ (Vida Urbana/ Biscoito Fino), apresenta clássicos da música norte-americana vertidos para o português. O repertório traz antigas versões feitas por Haroldo Barbosa (‘Beguin the beguine’, de Cole Porter), Aloysio de Oliveira (‘Sol da meia-noite’, para ‘Midnight sun’, de Johnny Mercer, Lionel Hampton e Sonny Burke), Jair Amorim (‘Amor é sempre amor’, para ‘As time goes by’, de Herman Hupfeld) e João de Barro (‘Oh, que dia tão feliz’, para ‘It’s a hap-hap happy day’, de J. Neiburg, Sammy Timberg e Winston Sharples). Todas de um tempo em que os versionistas não se preocupavam com a tradução literal, e conseguiam imprimir sua personalidade artística nas canções. Qualidade herdada por compositores de gerações posteriores como Augusto de Campos (‘Louca me chamam’, para ‘Crazy he calls me’, de Carl Sigman e Sidney Russel), Nelson Motta (‘Como um rio’, para ‘Cry me a river’, de Arthur Hamilton), Rita Lee (‘Blue moon’, de Richard R...

Rosa em preto e branco

Composta num breve espaço de tempo, a extraordinária obra de Noel Rosa (1920 – 1937) continua a seduzir cantoras de variadas gerações e estilos. De Aracy de Almeida (1914 -1988) e Marília Batista (1918 – 1990), intérpretes admiradas pelo próprio compositor carioca, a Maria Bethânia e Gal Costa, cantoras modernas que registraram músicas do poeta da Vila em diferentes fases de suas carreiras. Cronista de costumes de um tempo em que a malandragem ainda era cordial, Noel possuía uma visão peculiar dos acontecimentos e da sociedade, que rendeu composições impregnadas de lirismo e/ ou sarcasmo, joias da música popular brasileira. Vinte e duas destas preciosidades, algumas retiradas do baú do esquecimento, voltam a reluzir em ‘Noel Rosa, preto e branco’, álbum duplo que Valéria Lobão lança pelo selo Tenda da Raposa. A afinada cantora carioca, também idealizadora e produtora executiva do CD, troca a aparente informalidade dos sambas, foxes, modinhas e outros gêneros perpetuados na produção ...

Banda A Fase Rosa expõe MPB contemporânea com 'Leveza'

Surgida em Belo Horizonte, em 2009, a banda A Fase Rosa tem seu nome inspirado na chamada ‘fase rosa’ de Pablo Picasso (1881 – 1973). A mistura de gêneros musicais, como carimbó, forró, samba, bossa nova, maracatu e até marchinha carnavalesca, resulta numa aquarela de cores fortes, que parece refletir o momento criativo do pintor espanhol. Formada por Thales Silva (guitarra/ violão/ cavaco/ voz), Rafael José (guitarra/ viola caipira/ voz), Rodrigo Magalhães (baixo/ voz) e Fernando Monteiro (bateria/ percussão/ voz), A Fase Rosa por ora disponibiliza em seu site (clique aqui ) o segundo álbum da banda, ‘Leveza’. São doze faixas que transbordam experimentalismo na sonoridade realçada por guitarras espertas e universais. A crítica social esta presente em músicas como ‘Guanabara’ (Thales Silva), retrato do antigo distrito federal, onde “a ética derrete ao calor do verão”, nos versos contidos na faixa de forte acento tropicalista. Aliás, é notória a influência da obra de Caetano Veloso,...

De bem com a vida, Bethânia arrebata em 'Abraçar e agradecer'

Com a estreia da turnê ‘Abraçar e agradecer’ na noite de sábado, 10 de janeiro de 2015, no Vivo Rio, Maria Bethânia deu início aos festejos pelos seus 50 anos de carreira. Pisando nos astros distraída, graças à bela cenografia da diretora Bia Lessa, Bethânia parece também pairar sobre águas revoltas, verdes campos ou um mar de rosas vermelhas, que surgem no tablado high-tech onde são projetadas imagens de acordo com o roteiro musical – modernas telas de leds iluminam os quintais da baiana. Bia Lessa finalmente deixou de lado o balé de luzinhas que tão bem compuseram o cenário do antológico ‘Brasileirinho’ (2003), mas que vinha sendo repetido à exaustão. Em 'Abraçar e agradecer',  f eixes de luz se movimentam criando novos espaços na requintada cena iluminada por Binho Schaefer.  Contudo, a inventiva e bonita solução cênica só pode ser vista plenamente do segundo andar da casa de espetáculo do Aterro do Flamengo.  Dos dois figurinos assinados por Gilda Midani, se sobr...