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Álbum duplo com trilha de musical baseado na obra de Chico impressiona

Com o habitual apuro das edições da gravadora Biscoito Fino, chega às lojas ‘Todos os musicais de Chico Buarque em 90 minutos’. Recriando em estúdio a trilha sonora do festejado musical assinado pela dupla Charles Möeller e Claudio Botelho, o álbum duplo impressiona ao compilar em 40 faixas 44 composições da rica obra autoral de Chico feita para as telas de cinema e televisão e para os palcos. Entre clássicos como ‘Samba do grande amor’ (‘Para viver um grande amor’, 1983), ‘O meu amor’ (Ópera do malandro’, 1977) e ‘Sob medida’ (‘República dos assassinos’, 1979), o fino repertório inclui ainda a menos conhecida ‘Invicta’, da peça ‘Suburbano coração’, de 1989. Criado para celebrar os 70 anos do compositor carioca, completados em julho deste ano, o musical traz atores-cantores incumbidos da árdua tarefa de recriar canções que já mereceram registros definitivos, como ‘Beatriz (‘O grande circo místico’, 1982) e ‘Teresinha’ (‘Ópera do malandro’, 1977). As mulheres se destacam: o canto lím...

'Passado de glória' marca os 80 anos de Monarco com samba nobre

Idealizado para as comemorações das oito décadas de vida do portelense Hildemar Diniz, completadas no dia 17 de agosto de 2013, o CD ‘Passado de glória – Monarco 80 anos’ chega ao público sob o patrocínio do projeto Natura Musical. Alicerçado na poesia e na melodia de outra época, quando o bom samba permanecia na quadra das escolas de samba além do Carnaval, o disco se impõe como item essencial para os amantes do samba genuíno. Tal qual a grandeza da amada agremiação de Oswaldo Cruz, ‘Passado de glória’ reúne uma respeitável turma de bambas. Dos músicos do quilate de Cláudio Jorge (violão de 6), Carlinhos 7 Cordas (violão de 7), Paulão 7 Cordas (violão de 7), Marcelinho Moreira (tamborim, frigideira, caixa), Marcos Esguleba (tantã, pandeiro, tamborim, reco-reco, mola, caixa), Dirceu Leite (clarineta, flauta, pícollo) e Felipe D’Angola (tamborim, surdo, ganzá), passando pelo coro de Ana Costa, Nilze Carvalho, Alfredo Del Penho e Pedro Miranda, às participações especiais, tudo contrib...

'Pássaros urbanos' expõe o canto maduro de Fagner

Raimundo Fagner lançou seu primeiro LP em 1973. ‘Manera, fru-fru, manera’, disco que trazia ‘Canteiros’ (Cecília Meireles/ Fagner) e ‘Mucuripe’ (Belchior/ Fagner), futuros sucessos do jovem cantor e compositor cearense. Gravada por Elis Regina (1945 – 1982) um ano antes e por Roberto Carlos dois anos depois, ‘Mucuripe’ apontava o surgimento de uma nova e promissora leva de artistas nordestinos na cena musical brasileira. Quatro décadas mais tarde, Fagner registra ‘Paralelas’, um dos clássicos do antigo parceiro, em seu 37º disco, ‘Pássaros urbanos’. A tocante faixa assinala o tom romântico da maioria das canções do álbum produzido por Michael Sullivan para a gravadora Sony Music. Coautor de ‘Deslizes’, marco da fase mais popular da carreira de Fagner, Sullivan posiciona ‘Pássaros urbanos’ em algum lugar entre as décadas de 1980 e 1990 – fase áurea da dupla formada com Paulo Massadas – e a sonoridade contemporânea. Não por acaso, ele assina com Anayle Lima a faixa mais fraca do CD, ‘...

Luiz Melodia volta ao samba e outras bossas no CD 'Zerima'

Autor de clássicos do repertório de Gal Costa (‘Pérola Negra’, 1971) e Maria Bethânia (‘Estácio Holly Estácio’, 1972), Luiz Melodia surgiu na década de 1970 como um novo sambista vindo do berço de Ismael Silva (1905 – 1978). Mas o cantor do Morro de São Carlos, bairro do Estácio, logo se mostrou arredio à categorização limitadora, afinal, sua voz, cujo timbre se equilibra entre o cortante e o aveludado, se prestava a voos para além dos terreiros e fundos de quintais cariocas. Como consequência, Melodia dividiu com outros artistas igualmente refratários aos esquemas preconcebidos pelas gravadoras, o título de “maldito” – o que de certa forma pode ter prejudicado sua discografia. A partir da estreia impecável, com o álbum ‘Pérola negra’ (1973), Luiz viu sua carreira fonográfica, volta e meia ser pontuada por regravações e novas tentativas de enquadramentos. Seu primeiro e único disco de ouro veio apenas em 1999, com o CD ‘Acústico ao vivo’ (Índie Records), quando, não por acaso, revis...

A radicalidade dos quintais de Maria Bethânia

“O arco da velha índia/ É corda vocal insubmissa/ Rabeca de uma corda/ Que em desacordo atiça/ A aldeia contra o futuro/ Duro de dar dó/ E preguiça”. Os versos de ‘Arco da velha índia’, uma das duas canções de Chico César presentes em ‘Meus quintais’ (Biscoito Fino), novo CD de Maria Bethânia, resumem o sentimento que vem pautando a produção artística da cantora há mais de uma década. Desde o festejado ‘Brasileirinho’ (2003), a baiana de Santo Amaro da Purificação voltou-se de maneira cada vez mais radical para um Brasil interiorano, caboclo, indígena, afro-brasileiro, folclórico, religioso – e idealizado –, marcando diferenças diante da modernidade futurista, dura de dar dó e preguiça. A mais autoral de nossas intérpretes entrelaça, urde, com paciência e precisão de artesã, discos que imprimem seu pensamento, sua postura artística – e política, mesmo – perante o Brasil e o mundo. Um tempo-espaço cheio de emoções que parecem inalcançáveis para as novas gerações. ‘Folias de reis’ (Ro...

Caetano Veloso inaugura versão brasileira de iTunes Session

Coube a Caetano Veloso inaugurar a versão brasileira da série ‘iTunes Session’, disponível a partir de terça-feira, 27 de maio de 2014, na loja digital da Apple. Gravado ao vivo em estúdio, em outubro ao ano passado, o álbum apresenta oito versões inéditas do incansável baiano.  São músicas de diferentes épocas, já registradas pelo artista. A exceção é ‘De manhã’ (Caetano, 1965), do disco de estreia de Maria Bethânia.  O belo samba sessentista ganha sonoridade contemporânea, pontuada pela guitarra de Pedro Sá, um dos vértices da Banda Cê, presente nos renovadores CDs lançados por Caetano a partir de 2006. Sá injeta suingue em ‘13 de maio’ (Caetano, 2000), outro destaque de ‘iTunes Session Caetano Veloso’, cuja primeira faixa, ‘Livros’ (Caetano, 1997) soa tão interessante quanto a gravação original. Os músicos Marcio Victor (percussão), Danilo Tenebaum (baixo) e Nilton César (bateria) completam o quarteto que acompanha Caetano neste trabalho. O violão do eterno discípulo j...

'Código Daúde' mostra que a cantora continua a tal

Neste populoso país das cantoras nem sempre os louros do reconhecimento popular recaem sobre quem merecidamente dá continuidade a excelência interpretativa, marca registrada de nossas aves canoras. A estreia fonográfica da baiana Maria Waldelurdes Costa de Santana Dutilleux, nos anos 1990, apontava para o surgimento de uma nova estrela radiante da MPB. O canto potente e esperto, e o repertório fresco, misturando tradição e modernidade, conquistaram críticos e formadores de opinião. Suas solares versões para ‘Chove chuva’ (Jorge Ben Jor), ‘Hoje eu quero sair só’ ( Mu Shebabi /  Caxa Aragão /  Lenine ) e ‘Não identificado’ (Caetano Veloso) ganharam a programação musical de rádios do segmento adulto contemporâneo. As impactantes apresentações ao vivo confirmavam que a mulata era a tal. Inexplicavelmente o estrelato não se confirmou e aos poucos Daúde foi saindo da cena brasileira, ainda que tenha seduzido o mercado internacional – seu terceiro CD, ‘Neguinha te amo’ (R...