“O arco da velha índia/ É corda vocal insubmissa/ Rabeca de uma corda/ Que em desacordo atiça/ A aldeia contra o futuro/ Duro de dar dó/ E preguiça”. Os versos de ‘Arco da velha índia’, uma das duas canções de Chico César presentes em ‘Meus quintais’ (Biscoito Fino), novo CD de Maria Bethânia, resumem o sentimento que vem pautando a produção artística da cantora há mais de uma década. Desde o festejado ‘Brasileirinho’ (2003), a baiana de Santo Amaro da Purificação voltou-se de maneira cada vez mais radical para um Brasil interiorano, caboclo, indígena, afro-brasileiro, folclórico, religioso – e idealizado –, marcando diferenças diante da modernidade futurista, dura de dar dó e preguiça. A mais autoral de nossas intérpretes entrelaça, urde, com paciência e precisão de artesã, discos que imprimem seu pensamento, sua postura artística – e política, mesmo – perante o Brasil e o mundo. Um tempo-espaço cheio de emoções que parecem inalcançáveis para as novas gerações. ‘Folias de reis’ (Ro...
Um canto para organizar meus textos sobre MPB, seus compositores e cantores.