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'Samba dobrado' traz obra de Djavan no canto singular de Rosa Passos

Há tempos Rosa Passos visita a obra de Djavan. Em seu segundo disco, ‘Curare’ (1991), se encontra o registro de ‘Sim ou não’. Dois anos depois a baiana gravou ‘De flor em flor’. Em 1999 foi a vez de ‘Beiral’ ganhar a interpretação cool de Rosa, que em 2002 lançou ‘Azul’, álbum dedicado às composições de Gilberto Gil, João Bosco e... Djavan. Além da faixa-título, entraram no disco ‘Samurai’, ‘Aliás’, ‘Açaí’ e ‘A ilha’. ‘Álibi’ também ganhou sua versão em ‘Romance’, de 2008. Naturalmente todo esse histórico também contribui para a sensação de familiaridade sentida logo à primeira audição de ‘Samba dobrado – As canções de Djavan’, novo CD de Rosa Passos. Distribuído pela gravadora Universal Music, ‘Samba dobrado’ finalmente concretiza o longo namoro musical, com direto a afagos do compositor em texto no encarte, prontamente retribuídos pela cantora na autoral ‘Doce menestrel’, parceria com Fernando de Oliveira, que encerra do disco. Obra que ganha forte acento jazzístico, especialm...

A música sem fronteiras do pianista Pablo Lapidusas

Cosmopolita, o argentino Pablo Lapidusas gravou as faixas de seu segundo disco solo entre as cidades de Lisboa, Rio de Janeiro, Buenos Aires, Maputo, Los Angeles e Londres. Contudo, tais deslocamentos geográficos não interferem na unidade sonora de ‘Estrangeiro’, álbum de som contemporâneo e sofisticado, por ora lançado pelo selo Kalamata Música. Sem negar a influência do jazz, o músico criou belas aberturas para determinadas faixas, que produzem verdadeiro encantamento, caso de ‘Intro’, que precede o tema romântico de ‘Cinema Paradiso’ (Ennio Morricone, 1988) e de ‘Tema para Farida’, que anuncia a bela inédita ‘Baila ballet’ (João Carlos Schwalbach), que encerra o disco. Entre a jazzística ‘Caravan’ (Duke Ellington/ Juan Tizol, 1937) e a pop(ular) ‘Blackbird’ (John Lennon/ Paul McCartney, 1968), Pablo impõe seu elegante dedilhado a clássicos da música popular brasileira. A inquietude original de ‘Sítio do pica-pau amarelo’ (Gilberto Gil, 1977) ganha novas cores. A beleza rítmi...

Carla Visi reaparece com o CD 'Pura claridade', tributo à Clara Nunes

Com passagens pelas bandas Cia. Clic e Cheiro de Amor, nos anos 1990, a baiana Carla Visi põe sua boa e melodiosa voz a serviço de (mais um) tributo à Clara Nunes (1942 – 1983), neste ano que marca as três décadas da morte da Guerreira. ‘Pura Claridade’ (MHP Música/ Sony Music) apresenta repertório composto por regravações de uma faixa de cada álbum lançado por Clara, além dos sambas ‘Mineira’ (João Nogueira/ Paulo César Pinheiro, 1975) e ‘Um ser de luz’ (João Nogueira/ Mauro Duarte/ Paulo César Pinheiro, 1983). Inspiradas em momentos dolorosamente tão distintos, vida e morte da sambista, as composições respectivamente abrem e encerram o CD. Com arranjos assinados por Izaias Marcelo, Pezinho, Didi Pinheiro, Jota Moraes e Rildo Hora, ‘Pura claridade’ aproxima a música (perene) de Clara Nunes do samba contemporâneo com seus tantãs e repiques, além do banjo e do cavaco se revezando como instrumentos-guias. Não por acaso, as faixas assinadas pelo experiente Rildo Hora são destaques:...

Ana Carolina tenta parecer leve em #AC

Lançado em junho de 2013, o sexto CD de inéditas de Ana Carolina tenta aproximar a obra passional da artista mineira das pistas de dança – algo já ensaiado em trabalhos anteriores, embora em menores doses. Produzido a quatro mãos por Ana e por Alê Siqueira, #AC (Armazém/ Sony Music) conserva a intensidade peculiar que provoca reações igualmente arrebatadas de críticos e fãs. A pretensa aura moderna está na sonoridade obtida pela ausência da bateria, substituída pela trinca de programações (a cargo de Mikael Multi, Dj Cia, Alê Siqueira e da própria Ana), percussão e scratches . Em time que está ganhando não se mexe (muito), como bem sabe a artista, que viu o álbum ‘Nove’ (2009) ser mal recebido por seu público, justamente por (tentar) se afastar das canções de apelo populista. Deste modo o amor passional, tema preferido de Ana, se traveste de baladinha pop em ‘Combustível’ (Ana Carolina/ Edu Krieger), em alta rotação nas rádios do seguimento adulto. Ele reaparece mais (in)tenso e...

Ellen Oléria dispensa sutilezas em CD pós 'The voice'

Ganhadora da primeira edição do programa ‘The voice’, da Rede Globo, Ellen Oléria lança pela gravadora Universal Music seu terceiro CD, como parte da premiação conquistada no grito. Com um timbre bacana, acertando vez por outra nas interpretações, Oléria faz parte da crescente turma de admiradores do estilo vocal exagerado de muitas cantoras norte-americanas. Tal predileção fica evidente logo na primeira faixa, ‘Anunciação’ (Alceu Valença, 1983), que começa muito bem, mas termina alguns tons acima. A prática é recorrente ao longo do disco, como se Ellen quisesse provar sua potência vocal. O ecletismo adotado pelo programa televisivo – e pela quase totalidade de cantoras novatas surgidas a cada semana – reverbera em boa parte do repertório, concebido para agradar aos mais variados gostos. Assim, Ellen alinha ‘Aqui é o país do futebol’ (Milton Nascimento/ Fernando Brant, 1970), tema de viés político renovado pelas manifestações deflagradas país a partir de junho deste ano, e o suce...

Na efêmera cena midiática, Anitta desempenha bem o seu papel

“Eu posso conquistar tudo que eu quero”, avisa Anitta, a poderosa da hora, em ‘Meiga e abusada’ (Anitta/ R. Araújo/ Jefferson Júnior), um dos hits do seu disco de estreia, lançado com alarde pela gravadora Warner Music. Reciclando o discurso feminista presente em sucessos de cantoras de outras gerações, a moça de 20 anos, campeã de visualizações na rede, atualiza o romance sob a ótica da galera que frequenta seus bailes, sempre lotados. A jovem loba também encara o desacato e, se não devolver no ato, amanhã pode esperar: “Se vai ficar não brinca/ sou mais que uma conquista”, diz em ‘Tá na mira’ (Anitta). Contudo, seu discurso não é tão explícito quanto o de estrelas do estilo “proibidão” do funk carioca, o que viabiliza sua música nas rádios. A batida descaradamente pop distancia o álbum, produzido por Umberto Tavares e Mãozinha, do pancadão característico do funk, servindo de eficiente embalagem para a voz (pequena) de Anitta, como evidenciam ‘Achei’ (Anitta/ Umberto Tavares/ J...

Rodrigo Santos faz eficiente pop rock em 'Motel maravilha'

O cantor, compositor e baixista Rodrigo Santos aposta na produção autoral em ‘Motel maravilha’, seu quinto disco solo. Bem produzido por Nilo Romero, que assume o baixo na maioria das faixas, o álbum lançado de forma independente apresenta um pop rock cheio de vigor e sinceridade para embalar canções que abordam os relacionamentos amorosos. O disco começa de forma irregular com os clichês listados em ‘Essa canção é nossa’ (Rodrigo Santos), mas logo em seguida ‘Remédios’ (Rodrigo Santos) desfaz a má impressão. Arranjado por Sacha Amback, o ska ‘Me abraço agora ou nunca mais’ (Rodrigo Santos) segue a trilha de “dois pobres corações em frangalhos” com romantismo bem humorado. A intensidade rítmica de ‘O processo’ faz da faixa um dos destaques do CD, ao lado de ‘Motel maravilha’ (Rodrigo Santos/ George Israel/ Mauro Santa Cecília), samba bem sustentado pela percussão eficiente de Marcos Suzano. A sétima arte também serve de mote para ‘Tela de cinema’ (Rodrigo Santos/ Zé Roberto ...