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Edu Lobo relê sua obra no ótimo CD 'Edu Lobo & Metropole Orkest'

Esteta da canção brasileira originada na efervescente década de 1960, Edu Lobo construiu bissexta discografia à qual se junta o CD ‘Edu Lobo & Metropole Orkest’. Gravado em maio de 2011, no Teatro Beurs Van Berlage, em Amsterdam, na Holanda, o disco por ora lançado pela gravadora Biscoito Fino eterniza o feliz encontro entre o artista brasileiro e a orquestra holandesa regida pelo maestro Jules Buckley. Gilson Peranzzetta assina as impactantes orquestrações e Mauro Senise dá conta das flautas, saxes e flautins na quase totalidade das faixas. Nem o caráter revisionista do repertório embaça o brilho singular de números como ‘Vento bravo’ (Edu Lobo/ Paulo César Pinheiro, 1973) e ‘Dança do corrupião’ (Edu Lobo/ Paulo César Pinheiro, 2010) – dois grandes momentos do CD. Entre temas instrumentais como ‘Casa forte’ (Edu Lobo, 1969) e ‘Zanzibar’ (Edu Lobo, 1970), que ganham sotaque jazzístico, Edu relê clássicas parceiras com Chico Buarque, como ‘A história de Lily Braun’ (Edu Lobo...

Roteiro impecável se impõe no show 'Abraçaço', de Caetano Veloso

Diante de uma plateia heterogênea e bastante receptiva, que elevou ainda mais a temperatura do Circo Voador na noite de sexta-feira, 22 de março de 2013, Caetano Veloso subiu ao palco da famosa tenda armada na Lapa carioca para a segunda apresentação de seu novíssimo show, ‘Abraçaço’. Acompanhado por Pedro Sá (guitarrista), Marcelo Callado (baterista) e Ricardo Dias Gomes (baixista) – a BandaCê – o baiano incluiu no impecável roteiro nove das onze canções do CD homônimo (clique aqui para ler a resenha) , lançado em dezembro de 2012.  Sem economizar munição, Caetano ganha o jogo logo nos primeiros acordes de ‘A Bossa Nova é foda’, petardo cujo refrão vira grito de guerra na boca de jovens nascidos décadas depois do surgimento do famoso movimento musical. Na sequência, a sedutora bossa ‘Lindeza’ (‘Circuladô’, 1991) e o “pagode romântico” ‘Quando o galo cantou’ mostram insuspeitadas ligações estéticas.  Se ‘Um abraçaço’ perde um pouco do seu viço no espetáculo, a hipnótica ‘...

'Recanto ao vivo' eterniza grandes momentos de Gal Costa

Tudo é singular no DVD ‘Recanto ao vivo’ lançado pela gravadora Universal Music neste mês. As diretoras Dora Jobim e Gabriela Gastal conseguiram afastar o registro audiovisual do aclamado show ‘Recanto’, de Gal Costa, da trivialidade que pontua a maioria dos DVDs despejados semanalmente no mercado. Preservando a estética do espetáculo dirigido por Caetano Veloso e Moreno Veloso, a filmagem se transforma em documento histórico da Música Popular Brasileira, digno da grandeza de Gal. Gravado no Theatro Net Rio em outubro de 2012 – o antigo Teatro Tereza Raquel, local do mítico ‘Fa-tal, Gal a todo vapor’ (1971)’ –, ‘Recanto ao vivo’ capta o momento especial vivido pela cantora. Nos belíssimos closes , as marcas do tempo na fronte da artista; no áudio, os graves e agudos perfeitos, excepcionalmente registrados por Moreno Veloso. Em todos os instantes, a interpretação definitiva de Gal, que vem seduzindo antigos e novíssimos fãs, em noites memoráveis como a do Circo Voador, em fever...

A sofisticada dobradinha musical de Francis e Guinga

Representantes da produção mais sofisticada da MPB, hábeis na criação de intricadas e belas harmonias, Francis Hime e Guinga finalmente emparelham suas obras no CD ‘Francis e Guinga’, lançado pela gravadora Biscoito Fino. Compositores que também interpretam suas próprias canções, os artistas cariocas se saem bem no bate-bola musical proposto no projeto, que une músicas de temáticas afins, como ‘Nem mais um pio’ (Guinga/ Sergio Natureza, 2001) e ‘Passaredo’ (Francis Hime/ Chico Buarque, 1975), ‘Cambono (Guinga/ Thiago Amud, 2012) e ‘Anoiteceu’ (Francis Hime/ Vinicius de Moraes, 1968), em faixas únicas. Apenas o piano e o violão de Francis e Guinga os acompanham na apurada viagem sonora que, além das ‘dobradinhas’, traz outros grandes momentos como a interpretação de Guinga para ‘Saudade de amar’ (Francis Hime/ Vinicius de Moraes, 1966). Menos conhecida, a voz densa e roufenha do violonista se adequa perfeitamente ao universo (quase) erudito de Francis, como na bonita inédita ‘A ver n...

Mariene de Castro visita o terreiro de Clara Nunes no DVD 'Ser de luz'

Cinco meses após o lançamento do ótimo CD ‘Tabaroinha’, a cantora baiana Mariene de Castro subiu ao palco do Espaço Tom Jobim, no Rio de Janeiro, em outubro de 2012, para gravar ‘Ser de luz – uma homenagem a Clara Nunes’. O show que reúne dezesseis sucessos da mineira chega às lojas em CD e DVD pela gravadora Universal Music, em parceria com o Canal Brasil. Cantora vivaz, Mariene consegue driblar a cilada dos tributos oportunistas, tão comuns ultimamente. Apesar do figurino inspirado na iconografia da homenageada, e da presença das pastoras da Velha Guarda da Portela, ela não imita Clara Nunes (1942 – 1983) e imprime personalidade em clássicos como ‘Minha missão’ (Paulo César Pinheiro/ João Nogueira, 1981) e ‘Morena de Angola’ (Chico Buarque, 1980), auxiliada pelos bons arranjos assinados por Alceu Maia, embora não apresente nenhuma interpretação arrebatadora. Não é a primeira vez que boa parte das canções presentes no roteiro de ‘Ser de luz’ ressurge em um projeto dedicado à sam...

Elba Ramalho volta à bem sucedida receita no CD 'Vambora lá dançar'

Elba Ramalho alcançou o auge de sua popularidade na década de 1980, quando discos como ‘Coração brasileiro’ (1983), ‘Do jeito que a gente gosta’ (1984) e ‘Fogo na mistura’ (1985) venderam milhares de cópias graças a sucessos como ‘Banho de cheiro’, ‘Toque de fole’, ‘Ai que saudade de ocê’, ‘Do jeito que a gente gosta’ e ‘De volta pro aconchego’. Alçada ao panteão das grandes intérpretes brasileiras, Elba viu seu canto estridente de ave do sertão repercutir nas programações das rádios, então menos segmentadas e menos caretas. Ao lançar seu trigésimo primeiro álbum, ‘Vambora lá dançar’ (Saladesom Record), a cantora paraibana volta àquela bem sucedida receita, no repertório que reúne forró bem animado, xote romântico, maracatu e bumba-meu-boi estilizados, embalados pelos arranjos de Zé Américo Bastos e Cezinha do Acordeom. Baixaria eletrônica, sintetizadores e guitarras interagem com sanfona, zabumba e triângulo, criando uma sonoridade interessante e convidativa. Transitando por u...

Três discos fundamentais de Fafá de Belém voltam à cena

Em meados da década de 1970 uma jovem e exuberante cantora chamou a atenção do público e da crítica ao dar voz aos compositores de sua terra, o Pará. Incorporando à MPB elementos característicos da região amazônica, como os caboclos ribeirinhos, o carimbó e, claro, a floresta, a moça de voz quente começava a conquistar o país com o elogiado álbum ‘Tamba-tajá’ (1976). Um ano antes, ela já tinha despertado a curiosidade dos ouvidos mais atentos ao fazer parte da trilha sonora da novela ‘Gabriela’, da TV Globo, com a faixa ‘Filho da Bahia’ (Walter Queiroz): “Saia dessa roda/ venha descansar/ venha pro meu colo, venha namorar/ ah, moreno”, convidava, sedutora. Houve que pensasse que se tratava de uma nova cantora baiana, mas Fafá sempre foi de Belém. Parte dessa bela história da música popular brasileira pode ser novamente apreciada com o lançamento da série ‘Três tons de... ’, da gravadora Universal Music, que traz os três discos subsequentes à estreia fonográfica de Fafá, ‘Água’ ...