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Quinteto paulista 5 a seco faz boa estreia fonográfica

Cinco jovens compositores e violonistas formam o ‘5 a seco’, grupo que vem chamando atenção na cena musical contemporânea de São Paulo e que está lançando o registro audiovisual ‘Ao vivo no auditório do Ibirapuera’. A edição em CD e DVD também marca a estreia fonográfica do quinteto formado por Leo Bianchini, Pedro Altério, Pedro Viáfora, Tó Brandileone e Vinicius Calderoni. Além dos violões e vocais, os rapazes se desdobram tocando outros instrumentos como baixo, bateria e alguma percussão, produzindo uma música notadamente influenciada pela obra de Lenine. Não por acaso, o cantor e compositor pernambucano participa da faixa ‘Ou não’ (Vinicius Calderoni/ Tó Brandileone) evidenciando o alcance de sua produção musical entre os anfitriões. Paraibano radicado em São Paulo, Chico César realça o sotaque nordestino da urbana ‘No dia que você chegou’ (Leo Bianchini/ Celso Viáfora), enquanto a superestimada Maria Gadú chancela ‘Em paz’ (Pedro Altério/ Rafael Altério/ Rita Altério) para ...

A reza pop de Rita Lee

Rita Lee volta a lançar um álbum de inéditas depois de nove anos. ‘Reza’ chega às lojas via gravadora Biscoito Fino trazendo quatorze faixas, duas a mais do que seu antecessor, o excelente ‘Balacobaco’ (2003). A roqueira mais pop do país novamente se vale de uma baladinha chiclete para conquistar os ouvidos mais sensíveis às opiniões alheias (e contrárias) em ‘Reza’ (Rita Lee/ Roberto de Carvalho), oração que bisa o sucesso de ‘Amor e sexo’ (Rita Lee/ Roberto de Carvalho/ Arnaldo Jabor). Se em sua recente ‘Carta de amor’, Maria Bethânia avisa que não anda só, citando os santos, orixás e outras divindades, Rita vai direito a Ele. É a Deus que ela pede proteção contra inveja, macumba, raiva, praga e veneno de seu interlocutor imaginário.  A inspiração religiosa que já rendeu pérolas como ‘Nave Terra’ (Rita Lee/ Roberto de Carvalho, 2003), feita em cima da Ave-Maria, também é o mote de ‘Pistis Sophia’ (Rita Lee). Simulando o sotaque característico do interior paulistano, Rita enca...

Vozes femininas recriam a obra de Guilherme Arantes

‘A voz da mulher na obra de Guilherme Arantes’ é o segundo disco-tributo idealizado pelo DJ Zé Pedro para sua gravadora Joia Moderna. Iniciada com a homenagem a Taiguara (1945 – 1996), no ano passado, a série traz agora vinte cantoras das mais diferentes gerações interpretando vinte canções da obra do músico paulista que vem sendo merecidamente redescoberto. ‘A voz da mulher na obra de Guilherme Arantes’ marca, ainda, o início da parceria entre a Joia Moderna e o iTunes, que já disponibiliza a edição digital do projeto, enquanto o CD chegará às lojas no dia 29 de maio. Além da interessante mistura de intérpretes, Zé Pedro também acerta ao valorizar as letras, deixando de lado arranjos datados, impregnados dos onipresentes teclados que fizeram muitos críticos classificarem como brega a música de Guilherme. Em 1982 as rádios brasileiras tocavam duas canções deliciosamente pop que se tornariam clássicas. Escritas por Lulu Santos e Guilherme Arantes, respectivamente, ‘Tempos mode...

A força e o encanto de Mariene de Castro

“Brasil, mostra tua cara!”. Foi cantando o refrão do samba-rock assinado por Cazuza, George Israel e Nilo Romero que a baiana Mariane de Castro surpreendentemente encerrou o show de lançamento de seu terceiro disco, ‘Tabaroinha’ (Universal Music), no Teatro Rival, no Rio de Janeiro (RJ). E que cara linda tem o país cantado pela morena brejeira! Conjugando diferentes sotaques do samba, Mariene deu à sua taba maiores dimensões. O público que lotou a tradicional casa para assistir ao primeiro show da cantora no Rio, na noite de 02 de maio de 2012, saiu inebriado com a força e a doçura da moça que canta e dança a ‘Ciranda de Roda’ (Martinho da Vila, 1984), requebra direitinho, ao contrário da ‘Falsa baiana’ (Geraldo Pereira, 1944), e reverencia seus orixás como a ‘Guerreira’ (João Nogueira/ Paulo César Pinheiro, 1978) Clara Nunes (1942 – 1983). Ao encarar o samba que virou assinatura musical da mineira, Mariene de Castro mostrou-se acertadamente audaciosa, sem medo de comparações ma...

Mariene de Castro: o canto doce e consciente da "Tabaroinha"

A cantora Mariene de Castro durante entrevista na gravadora Universal Music Desde que surgiram nos anos 1970, Clara Nunes (1942 – 1983), Alcione e Beth Carvalho formaram o insuperável trio de divas sambistas da música popular brasileira. Apesar de inúmeras tentativas, nenhuma outra cantora do gênero conseguiu projeção nacional semelhante à delas. Com a prematura saída de cena da “mineira guerreira”, o nicho das canções de temática afro-brasileira também ficou vago. Muitas intérpretes fogem do título, dizendo ser limitador. Não é o caso de Mariene de Castro. Lançando seu terceiro disco, ‘Tabaroinha’ (Universal Music), a doce baiana filha de Oxum empunha sem medo a bandeira do samba (“É o sentimento negro que mora em mim, é a minha natureza, uma alma que canta samba com uma saudade, com uma dor que não é da minha idade, não é do meu tempo”) e encara com naturalidade as comparações com Clara (“Ela colocou os orixás no horário nobre da televisão. Por causa dela, de Bethânia e das p...

Quintal do Pagodinho: repetindo sucessos

Chamam-se ‘paus de sebo’ os discos que reúnem nomes ainda desconhecidos, apostas de sucesso de alguma gravadora. Um dos mais famosos exemplares, ‘Raça brasileira’ (gravadora RGE), foi lançado em 1985 e apresentou ao público Mauro Diniz, Pedrinho da Flor, Jovelina Pérola Negra e Zeca Pagodinho, entre outros. Em 2001, o já consagrado Zeca difundiu uma coletânea de compositores mais ou menos ignorados mostrando suas composições inéditas.  A primeira edição de ‘Zeca apresenta Quintal do Pagodinho’, gravado ao vivo em Xerém, trouxe quinze dos autores favoritos do sambista, recorrentes em seus discos. Onze anos depois chega às lojas a segunda edição do projeto nas versões CD e DVD sem o frescor da original. O padrão de qualidade – leia-se produção musical de Rildo Hora – permaneceu inalterado. Por sua vez, o bem-vindo ineditismo deu lugar a sucessos pra lá de batidos. Assim, durante as dezesseis faixas do CD (ou as vinte e quatro do DVD), o ouvinte pode ter sua atenção desviada...

Em noites luminosas, Gal Costa apresenta o já antológico show 'Recanto'

Musa, Gal Costa inspira Caetano Veloso há mais de quatro décadas. Juntos criaram inúmeros clássicos da música popular brasileira. ‘Recanto’ , a mais recente parceria dos dois baianos suscitou dúvidas entre os de má fé: seria um disco de compositor ou da cantora? Em noites luminosas, Maria da Graça Costa Penna Burgos respondeu a questão da melhor forma, colocando sua voz tamanha a serviço de 22 canções habilmente costuradas no roteiro do recém- nascido show. Linda, leve e solta, Gal retorna aos palcos rejuvenescida e rejuvenescendo antigos sucessos. Sua sensualíssima interpretação de ‘Folhetim’ (Chico Buarque, 1978) pode não ter o frescor dos tempos de ‘Água Viva’, mas apresenta toda a carga dramática de uma intérprete que traz a vida na voz, com bem explicita ‘Minha voz, minha vida’ (Caetano Veloso, 1981).  A mesma voz, rasgada em ‘Divino maravilhoso’ (Caetano Veloso/ Gilberto Gil, 1968), doce em ‘Baby’ (Caetano Veloso, 1968), precisa em ‘Força estranha’ (Caetano Veloso, 1978...