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O universo particular de Vanessa da Mata

Legítima representante do boom de cantoras-compositoras surgidas na música popular brasileira, principalmente a partir do final dos anos 1980, Vanessa da Mata lançou este ano seu quinto álbum de carreira (incluindo-se o registro do show editado em 2009 para o canal Multishow), ‘Bicicletas, bolos e outras alegrias’, patrocinado pelo projeto Natura Musical. Escorada pelo sucesso (também comercial) de seus álbuns, Vanessa (foto de Geraldo Pestalozzi) apresenta um trabalho que dialoga com seu delicado disco de estreia, lançado em 2002, que obteve projeção nacional quando o remix de ‘Não me deixe só’ saiu das pistas de dança direto para as rádios. ‘Bicicletas, bolos e outras alegrias’ inaugura a parceria da multinacional Sony Music com o selo da artista, ‘Jabuticaba’, e traz doze faixas autorais, duas delas parcerias com Lokua Kanza e Gilberto Gil: ‘Vá’ e ‘Quando amanhecer’, respectivamente. Dona de um curioso método de compor – ela não domina nenhum instrumento, gravando as melodias qu...

João Bosco perto do céu

João Bosco encerrou a turnê do show baseado em seu mais recente CD ‘Não vou pro céu, mas também já não fico no chão’, neste sábado, dia 11 de dezembro, no Teatro Rival Petrobrás. Acompanhado pelo afiado trio formado pelos músicos Ricardo Silveira (violão e guitarra), João Batista (baixo) e Kiko Freitas (bateria), o cantor e compositor mineiro fez um show impecável onde priorizou as músicas do disco lançado em junho de 2009, considerado um dos melhores de sua carreira. Intercalando lados ‘B’ de sua discografia, com destaque para as faixas do CD ‘Zona de Fronteira’ (1991) e as novas canções, João transpôs para o palco a onda jazzística que vem crescendo em seus trabalhos mais recentes. A despeito das efemérides lembradas pelo público – os cem anos da Revolta da Chibata, tão bem cantada por ele na clássica ‘O mestre sala dos mares’ (c/ Aldir Blanc) e o centenário de Noel Rosa não provocaram mudanças no roteiro do show. Bosco sabe do perigo dessas opções num momento em que o público...

Ro Ro promove encontro inédito

Elza Soares e Elba Ramalho foram as convidadas especiais da terceira edição do projeto quinzenal ‘Nas ondas da Ro Ro’ comandado por Ângela Ro Ro na noite de terça-feira, dia 7 de novembro, no Espaço Acústica – misto de bar, boate e casa de shows recém-inaugurada na Praça Tiradentes, Centro do Rio de Janeiro. A companhada pelo tecladista Ricardo Mac Cord, Ângela reaquece o repertório que vem apresentando em seus últimos shows. ‘Acertei no milênio’ e ‘Fila de ex-mulher’, músicas da safra mais ou menos recente, aparecem ao lado das imbatíveis ‘Só nos resta viver’, ‘Tola foi você’ e ‘Came e case’. Dona de um humor por vezes desconcertante Ro Ro deleita a platéia com seus comentários, principalmente quando fala dos colegas da MPB (“Ele ainda vai mudar os gostos dessa menina”, cutucou Caetano Veloso e Maria Gadú). Os famosos graves ainda estão todos lá e proporcionam belos momentos em ‘Meu benzinho’, ‘Fogueira’ e ‘Ne me quitte pas’. Pena que, a certa altura, a cantora troque o microfone p...

CD Sambas de enredo 2011: Beija-Flor, Mangueira e Vila Isabel saem na frente

Lançado na última semana de novembro, o CD oficial das escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro (Universal Music) traz os doze sambas de enredo que serão defendidos pelas agremiações no desfile do Carnaval 2011. Mais uma vez a gravação aconteceu na Cidade do Samba, com as baterias e coros de cada escola, na tentativa de aproximar o resultado final do clima quente que envolve a Avenida Marquês de Sapucaí. Essa ‘emoção fabricada’ em nada acrescenta, em alguns momentos os corais chegam a abafar as baterias. O registro com a primeira passagem feita pelo intérprete antes da entrada do coro, na segunda, ainda parece ser o mais adequado. Não há intervalo entre as faixas, elas são separadas por aplausos. No final de cada uma o intérprete da escola anuncia o intérprete seguinte. As novidades param aí, o andamento continua acelerado e não há um samba que se destaque dos demais. Os compositores se limitam a descrever as sinopses feitas pelos carnavalescos, deixando de lado qual...

O samba esperto de Sacramento

Marcos Sacramento encerrou na segunda-feira (29) a temporada de shows que ocupou o palco do Centro Cultural Carioca no mês de novembro, onde recebeu os convidados especiais Soraya Ravenle, Alfredo Del Penho, Pedro Paulo Malta, Makley Matos e Clara Sandroni. Acompanhado nesta noite pelos músicos Alessandro Cardoso (cavaquinho), Netinho Albuquerque (percussão) e Leandro Saramago (violão), Sacramento mostrou para o privilegiado público que compareceu ao simpático sobrado da Rua do Teatro porque é um dos melhores cantores da atualidade. Ostentando vasta cabeleira, pulseiras de couro e camisa do Santo Guerreiro – que ninguém é de ferro –, conjugando atitude roqueira de um Cazuza com humor esperto de Carmen Miranda, Marcos liquidifica referências e produz música contemporânea. Um surpreendente samba enviesado, sem ranço. Ele não quer rótulos: “Não sou sambista e muito menos freqüento ambientes de samba genuínos”, já disse. Esse distanciamento consciente do celebrado ritmo carioca é bastan...

Diogo Nogueira: o malandro na praça outra vez

Em junho de 2010, Diogo Nogueira subiu ao palco da casa de espetáculos Vivo Rio para registrar seu segundo show, ‘Sou eu’, editado em CD e DVD pela EMI Music. Acostumados a shows cada vez mais grandiosos, os artistas brasileiros incluem outros atrativos em suas apresentações onde a música é o componente principal, mas não o único. O samba não passou incólume ao fenômeno, como podemos constatar em ‘Sou eu’. O grande palco do Vivo Rio não inibiu a produção de Diogo.  A ficha técnica do espetáculo já anunciava a preocupação com a qualidade do projeto: direção musical de Alceu Maia, cenários de Hélio Eichbauer, a presença dos bailarinos da Companhia de Dança Carlinhos de Jesus e de Lucinha Nobre e Rogério, porta-bandeira e mestre-sala da Escola de Samba Portela.  As recorrentes participações especiais em mais uma gravação ao vivo deram pistas dos caminhos que Diogo poderá seguir para sedimentar sua carreira ainda tão recente. Chico Buarque e Ivan Lins, representantes da linhage...

O balanço renovado de Bebeto

Fiel ao suingue que lhe rendeu o título de 'rei dos bailes' da Zona Norte e da Baixada Fluminense na segunda metade da década de 1970 e início dos anos 1980, Bebeto lança seu primeiro CD de inéditas em 15 anos. Redescoberto graças à internet e aos DJs que (re)colocaram ‘Segura a nega’ nas pistas, o paulistano mais carioca da cidade se apresenta às novas gerações com ‘Prazer, eu sou Bebeto’ (gravadora EMI) seu 38º disco, bem produzido pelo cada vez mais requisitado Clemente Magalhães. Cercado de excelentes músicos como Davi Moraes, Lui Coimbra e Christiaan Oyens, entre outros, Bebeto, 63 anos, atualiza seu balanço em 14 faixas inéditas – a ecológica e visionária ‘Água água’ (Bebeto/ Teodoro) foi lançada há 33 anos no disco ‘Esperanças mil’. A suingueira começa com ‘Charme’, dos gaúchos Thiago Corrêa e Allan Dias Castro, autores que reaparecem no decorrer do baile onde sol, mulher e futebol são referências. Destaque para o arranjo de metais de Marlon Sette que também defende o...