“Não era pra ser assim/ Era pra ser melhor/ Não foi como planejamos/ Mas fugiu do nosso controle”, constatam os versos da psicodélica ‘Olhar alquimista’, sedutora faixa do CD ‘Sinais dos tempos’, de Zé Ramalho. O repentista de voz messiânica, autor de clássicos visionários como ‘Vila do sossego’ (1978) e ‘Eternas ondas’ (1980), ressurge ainda mais solitário, discorrendo sobre a implacável passagem do tempo, mote dos brilhantes discos de Chico Buarque (‘Chico’) e Gal Costa (‘Recanto’). Vigésimo sexto álbum de Ramalho, ‘Sinais dos tempos’ faz inventário existencial, com doses de autocrítica, de sua carreira. “Me lembro claramente/ De tudo que vivi/ Até a fase negra/ Dela não esqueci”, assume em ‘Indo com o tempo’, faixa que entrega a sonoridade, alusiva aos primeiros discos do artista, que permeia as novas canções. Primeiro CD de inéditas de Zé Ramalho em cinco anos, ‘Sinais dos tempos’ também marca a criação de sua gravadora, a ‘Avôhai Music’. Embaralhando notáveis influências...
Um canto para organizar meus textos sobre MPB, seus compositores e cantores.