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Mostrando postagens com o rótulo Caetano Veloso

'Dorival Caymmi - Centenário' é mar de calmaria

‘Dorival Caymmi – Centenário’ é o álbum lançado pela gravadora Biscoito Fino para comemorar os cem anos de nascimento de Dorival Caymmi (1914 – 2008). Com belíssimos arranjos assinados por Dori Caymmi e Mario Adnet, o disco reúne os irmãos Dori, Nana e Danilo com Caetano Veloso, Chico Buarque e Gilberto Gil, além de Adnet, intérprete de ‘A vizinha do lado’ (Dorival Caymmi, 1946). A escalação do elenco estelar tem razões afetivas, Dori quis reunir os dois baianos mais famosos de sua geração, além de Chico Buarque, um dos artistas preferidos de Dorival. Distante das noites de temporal, o mar das canções caymminianas é navegado por sofisticada sonoridade sinfônica. A calmaria dá o tom do CD, elevado somente por uma espetacular Nana Caymmi em ‘Sargaço mar’ (Dorival Caymmi, 1985) e ‘A lenda do Abaeté’ (Dorival Caymmi, 1948). Com sua voz grave, herdada do pai, Dori também se destaca em ‘João Valentão’ (Dorival Caymmi, 1953) e ‘O bem do mar’ (Dorival Caymmi, 1952). A Danilo coube a difícil...

Caetano Veloso inaugura versão brasileira de iTunes Session

Coube a Caetano Veloso inaugurar a versão brasileira da série ‘iTunes Session’, disponível a partir de terça-feira, 27 de maio de 2014, na loja digital da Apple. Gravado ao vivo em estúdio, em outubro ao ano passado, o álbum apresenta oito versões inéditas do incansável baiano.  São músicas de diferentes épocas, já registradas pelo artista. A exceção é ‘De manhã’ (Caetano, 1965), do disco de estreia de Maria Bethânia.  O belo samba sessentista ganha sonoridade contemporânea, pontuada pela guitarra de Pedro Sá, um dos vértices da Banda Cê, presente nos renovadores CDs lançados por Caetano a partir de 2006. Sá injeta suingue em ‘13 de maio’ (Caetano, 2000), outro destaque de ‘iTunes Session Caetano Veloso’, cuja primeira faixa, ‘Livros’ (Caetano, 1997) soa tão interessante quanto a gravação original. Os músicos Marcio Victor (percussão), Danilo Tenebaum (baixo) e Nilton César (bateria) completam o quarteto que acompanha Caetano neste trabalho. O violão do eterno discípulo j...

O envolvente 'abraçaço' de Caetano chega ao DVD

Gravado em agosto de 2013 na casa de espetáculos carioca Vivo Rio, no Aterro do Flamengo, o show ‘Abraçaço’ ( clique aqui para ler a resenha ) ganha edições em CD e DVD, via gravadora Universal Music. Segundo registro audiovisual do artista baiano editado na série ‘Multishow ao vivo’, ‘Abraçaço’ se destaca pelo excelente repertório que sinaliza ligações entre as recentes composições de Caetano e sua obra nos anos 1970. Estão lá as belas ‘Estou triste’, ‘Quando o galo cantou’, ‘Alguém cantando’ e ‘Mãe’, além das infalíveis ‘Reconvexo’, ‘Você não entende nada’ e ‘Eclipse oculto’. Dirigido por Fernando Young com elegância, ‘Abraçaço’ tem direção de áudio de Moreno Veloso, este em fase especialmente profícua. A possível despedida de Caetano e dos rapazes da Banda Cê tem o merecido registro para a posteridade.

Samba cheio de bossa aclimata o 'arpoador' de Leo Tomassini

“... E melhor do que o silêncio só João”, sentenciou o discípulo Caetano Veloso em ‘Pra ninguém’ (1997), ao citar João Gilberto, cuja interpretação sabiamente (instintivamente?) é valorizada pelas pausas do velho mestre baiano, criador da famosa batida de violão que deflagrou a Bossa Nova. O ‘arpoador’ do carioca Leo Tomassini é banhado por ondas silenciosas desde sempre existentes nas obras dos baianos João, Caetano e Dorival Caymmi (1914 – 2008). A música do santo-amarense é, aliás, mina d’água das composições e do canto de Leo, que divide os vocais com o mestre em ‘elizabeth’ (Leo Tomassini), na qual o elegante flugel do músico Leandro Joaquim cita ‘Lindeza’ (Caetano Veloso). A bossa de violões cheios de bossa (de Pedro Sá, Mig Martins, Guinga, Nelson Jacobina, Rubinho Jacobina e Marcos Alves) perpassa a quase totalidade das faixas do segundo álbum solo de Tomassini, ex-Família Roitman, e convida o ouvinte a um mergulho nas águas tépidas da canção sem fronteiras, não obstante o...

Roteiro impecável se impõe no show 'Abraçaço', de Caetano Veloso

Diante de uma plateia heterogênea e bastante receptiva, que elevou ainda mais a temperatura do Circo Voador na noite de sexta-feira, 22 de março de 2013, Caetano Veloso subiu ao palco da famosa tenda armada na Lapa carioca para a segunda apresentação de seu novíssimo show, ‘Abraçaço’. Acompanhado por Pedro Sá (guitarrista), Marcelo Callado (baterista) e Ricardo Dias Gomes (baixista) – a BandaCê – o baiano incluiu no impecável roteiro nove das onze canções do CD homônimo (clique aqui para ler a resenha) , lançado em dezembro de 2012.  Sem economizar munição, Caetano ganha o jogo logo nos primeiros acordes de ‘A Bossa Nova é foda’, petardo cujo refrão vira grito de guerra na boca de jovens nascidos décadas depois do surgimento do famoso movimento musical. Na sequência, a sedutora bossa ‘Lindeza’ (‘Circuladô’, 1991) e o “pagode romântico” ‘Quando o galo cantou’ mostram insuspeitadas ligações estéticas.  Se ‘Um abraçaço’ perde um pouco do seu viço no espetáculo, a hipnótica ‘...

Caetano Veloso segue arejando a MPB no CD 'Abraçaço'

“A bossa nova é foda”, sentencia Caetano Veloso na incisiva faixa que abre “Abraçaço”, seu 49º disco, lançado pela gravadora Universal Music. Completando a trilogia iniciada com ‘Cê’ (2006), seguida de ‘Zii e zie’ (2009), Caetano volta à áspera ambiência musical criada juntamente com Pedro Sá (guitarrista), Marcelo Callado (baterista) e Ricardo Dias Gomes (baixista) – a BandaCê – para restabelecer o experimentalismo dos últimos trabalhos, incluindo o (já) icônico álbum ‘Recanto’ (2011), de Gal Costa.  No jogo de palavras e charadas que constituem a ‘A bossa nova é foda’, Caetano provoca o ouvinte em versos como “diz que quando chegares aqui/ que é um dom que muito homem não tem/ que é influência do jazz", enquanto entroniza (uma vez mais) “o bruxo de Juazeiro”, João Gilberto, criador da famosa batida de violão que mudou timbres e rumos da música popular brasileira. Exercitando sua aptidão para a controvérsia, coloca no mesmo saco os célebres Vinicius de Moraes (1913  – ...

Em noites luminosas, Gal Costa apresenta o já antológico show 'Recanto'

Musa, Gal Costa inspira Caetano Veloso há mais de quatro décadas. Juntos criaram inúmeros clássicos da música popular brasileira. ‘Recanto’ , a mais recente parceria dos dois baianos suscitou dúvidas entre os de má fé: seria um disco de compositor ou da cantora? Em noites luminosas, Maria da Graça Costa Penna Burgos respondeu a questão da melhor forma, colocando sua voz tamanha a serviço de 22 canções habilmente costuradas no roteiro do recém- nascido show. Linda, leve e solta, Gal retorna aos palcos rejuvenescida e rejuvenescendo antigos sucessos. Sua sensualíssima interpretação de ‘Folhetim’ (Chico Buarque, 1978) pode não ter o frescor dos tempos de ‘Água Viva’, mas apresenta toda a carga dramática de uma intérprete que traz a vida na voz, com bem explicita ‘Minha voz, minha vida’ (Caetano Veloso, 1981).  A mesma voz, rasgada em ‘Divino maravilhoso’ (Caetano Veloso/ Gilberto Gil, 1968), doce em ‘Baby’ (Caetano Veloso, 1968), precisa em ‘Força estranha’ (Caetano Veloso, 1978...

A grande beleza de Gal e Caetano

“Coisas sagradas permanecem/ Nem o demo as pode abalar”. Os versos de ‘Recanto escuro’, canção de onde foi retirado o título do aguardado disco de Gal Costa resume a longeva parceria da cantora com Caetano Veloso. Dando voz às palavras do compositor desde 1965, quando gravou ‘Sol negro’ ainda como Maria da Graça, em dueto com Maria Bethânia, e, dois anos depois, dividiu com ele o disco de estreia, ‘Domingo’, Gal construiu sua carreira alicerçada por grandes interpretações de canções caetânicas. De ‘Coração vagabundo’ a ‘Divino maravilhoso’, de ‘Tigresa’ a ‘Força estranha’, de ’Mãe’ a ‘Meu bem, meu mal’, de ‘Minha voz’ a ‘Vaca profana’, de ‘Aquele frevo axé’ a ‘Luto’, entre outras tantas que formam verdadeira biografia musical. Recanto pode ser um lugar aconchegante, um canto cantado novamente, um canto não inaugural, com história, reflexivo. Recanto é ‘Relance’ entre Gal e Caetano que assina todas as composições (em estilo próximo ao de seu disco ‘Cê’) e a produção (em parceria com...

Claudia canta joias de Caetano

Após hiato de 13 anos, Claudia está de volta ao disco. ‘Senhor do tempo – Canções raras de Caetano Veloso’, lançamento da recém-criada gravadora Joia Moderna, traz de volta à cena a cantora injustamente esquecida pelo (muitas vezes cruel) mercado fonográfico (a despeito das escolhas nem sempre acertadas da intérprete ao longo de sua carreira). Dono da Joia, o DJ Zé Pedro escolheu o repertório junto com o produtor Thiago Marques Luiz. Os arranjos de Rovilson Pascoal, Daniel Bondaczuk e Alex Vianna dão a ‘Senhor do tempo’ sonoridade elaborada – e solene – ajustada ao canto rigoroso de Claudia, distinguida por apurada técnica e extensão vocal. Reunindo composições pouco conhecidas do baiano de Santo Amaro da Purificação como ‘Duas manhãs’ (gravada por Vanusa, em 1977) e ‘Amo-te (mesmo?) muito’ (lançada pela cantora mineira Aline, em 1979), o disco traz ainda releituras das mais famosas ‘Naquela estação’ (Caetano Veloso/ João Donato/ Ronaldo Bastos) e ‘Menino deus’. A densa ‘Maria, Mari...

Ano Cheio de Bossa

Fim de ano é boa desculpa para se fazer balanço de tudo de bom, ruim, relevante ou nem tanto que aconteceu nos últimos 12 meses. Na música, aniversários, comemorações, grandes encontros e atrações internacionais de peso fizeram a trilha sonora de 2008. O pancadão do funk na velocidade cinco do MC Créu, do início do ano, foi substituído pela sutileza do banquinho e violão nas inúmeras homenagens aos 50 anos da Bossa Nova, contados a partir do lançamento do disco ‘Canção do Amor Demais’, de Elizeth Cardoso — com a famosa batida do violão de João Gilberto nas faixas ‘Chega de Saudade’ e ‘Outra vez’. As principais foram o encontro de Roberto Carlos e Caetano Veloso (lançado em CD e DVD) e as apresentações do próprio João Gilberto que voltou a cantar no Rio após 14 anos, em show histórico no Theatro Municipal. Maria Bethânia também pisou no palco do teatro, pela primeira vez, com o show ‘Brasileirinho’. A diva baiana ainda recebeu o prêmio Shell de Música. Pela primeira vez, a premiação...