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Arranjos elegantes revestem 'Nas estâncias de Dzyan'


Cantor, compositor e instrumentista, Juliano Gauche lança ‘Nas estâncias de Dzyan’ pelo selo EAEO. Radicado em São Paulo desde 2010, o artista capixaba parece bem ambientado na cena musical contemporânea paulistana, como indicam os arranjos elegantemente vintages assinados por Junior Boca e Tatá Aeroplano, com destaque para a faixa-título, ‘Nas estâncias de Dyzan’, inspirada nos conceitos de teosofia de Helena Petrovna Blavatsky  (1831 - 1891), escritora russa cuja obra também influenciou o cantor e compositor carioca Jorge Vercillo no disco ‘Como diria Blavatsky’ (2011).  ‘Clarão’ e ‘Muito esquisito’ são outros bons momentos, realçados pelos arranjos, pontuados por belos timbres. Juliano (voz e violão), que assina a produção e oito das nove faixas, é acompanhado Junior Boca (guitarra e violão), João Leão (teclados), Daniel Lima (baixo) e Gustavo Souza (bateria).  Gauche explicita sua inadequação existencial em letras diretas, sem floreios. “Sim, tudo isso vai desmanchar assim que um vento mais forte chegar”, entrega ‘Canção do mundo maior’, que encerra o álbum. O resultado nem sempre seduz, o tom aflitivo que perpassa quase todas as músicas – ‘Alegre-se’, como sugere o título, é único respiro otimista – nem sempre encontra na voz do artista seu melhor veículo. Contudo, ‘Nas estâncias de Dzyan’ é interessante e melodicamente atual.    

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