Generosas
doses de bom humor, nostalgia e emoção marcaram a estreia carioca da série de
shows ‘As Cantrizes’, ontem à noite, no Centro Cultural Carioca. Dhu Moraes e
Sandra Pêra fizeram uma agradável viagem musical “não muito cronológica”, nas
palavras de Sandra, remontando ao encontro das duas no musical ‘Pobre menina
rica’, de Carlos Lyra e Vinicius de Moraes, em 1972, e – é claro – ao
estrondoso sucesso do sexteto ‘As Frenéticas’, na mesma década. Acompanhada
pelos músicos Mimi Lessa (guitarrista/ arranjador), Guto Goffi (baterista),
Pedro Perez (baixista) e Luciano Lopes (tecladista) a (d)escolada dupla driblou
a perceptível falta de ensaios e fez da informalidade o ponto alto da noite,
que começou com o bolero-pop-brega ‘Ainda bem’ (Marisa Monte/ Arnaldo Antunes)
e terminou com a ensolarada ‘Mais ninguém’ (Mallu Magalhães), mostrando que as
artistas permanecem atentas à produção musical contemporânea. Mas até chegarem
ao pop da Banda do Mar, Dhu e Sandra desfiaram um saboroso roteiro que incluiu
‘Dançar pra não dançar’ (Rita Lee), ‘Back in Bahia’ (Gilberto Gil) e ‘Era nova’
(Gilberto Gil), além de ‘Pensando nela’ (Graham Gouldman / Rossini Pinto), hit
dos Golden Boys que Sandra Pêra quis que entrasse, em vão, no repertório d’As Frenéticas:
“As meninas achavam brega demais”, entregou. Os hits ‘Dancin’ days’ (Rubens
Queiroz/ Nelson Motta), ‘Perigosa’ (Roberto de Carvalho/ Rita Lee/ Nelson
Motta) e ‘Vingativa’ (Wagner Ribeiro de Souza) fizeram a alegria dos antigos
fãs presentes na plateia. Um dos momentos mais divertidos foi a sensacional
versão de ‘Não se vá’ (Alain Barrièrre/ Thyna) sucesso da dupla romântica Jane
e Herondi nos anos 1970. Entre histórias engraçadas e muita cumplicidade, o
público ainda ouviu ‘Aquarius’, tema do musical Hair, de cuja histórica
montagem em palcos cariocas Dhu Moraes participou, e uma afetuosa interpretação
de ‘Palavras ao vento’ (Marisa Monte/ Moraes Moreira), sucesso de Cássia Eller (1962 –
2001). Os versos “Ando por aí querendo te encontrar/ Em cada esquina paro em
cada olhar/ Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar” ganharam novo
sentido na interpretação de Sandra Pêra, que dedicou o show à irmã, Marília
Pêra (1943 – 2015).
Projeto
idealizado e produzido por Marcelo Aouila, com direção artística de Sônia de
Paula, ‘As cantrizes’ chega à cidade após o sucesso da temporada paulista. Hoje
é a vez de Zezé Motta subir ao palco do CCC, no show em que homenageará Luiz
Melodia.
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