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Mostrando postagens de setembro, 2015

Joias de Beto Guedes e Ronaldo Bastos reluzem na voz de Jussara Silveira

Jussara Silveira reuniu dez composições assinadas por Beto Guedes e Ronaldo Bastos em ‘Pedras que rolam, objetos luminosos’, disco lançado pelo selo Dubas Música, via gravadora Universal Music. Produzido por Marcelo Costa (bateria e percussão) e Sacha Amback (piano, teclados e programação), ‘Pedras que rolam, objetos luminosos’ reafirma a perenidade e a contemporaneidade dos temas escritos sob a ótica agregadora, existencialista e libertária do lendário Clube da Esquina, do qual Guedes e Bastos foram sócio-fundadores. Uma de nossas cantoras mais interessantes, cuja voz toca o timbre de um jovem Beto Guedes em alguns momentos, Jussara espana qualquer possível poeira acumulada na longa estrada do tempo que separa as canções lançadas pelo artista mineiro nos discos ‘A página do relâmpago elétrico’ (1977), ‘Amor de índio’ (1978), ‘Sol de primavera’ (1979), ‘Contos da lua vaga’ (1981) e ‘Viagem das mãos’ (1984). Os belos arranjos de Sacha Amback atualiza...

Musa de qualquer geração, Gal chega aos 70

Nascida no dia 26 de setembro de 1945, no bairro da Graça, na cidade de Salvador, no estado da Bahia, Maria da Graça Costa Pena Burgos surgiu na cena musical soteropolitana na década de 1960. Ainda era Gracinha quando conheceu o futuro parceiro artístico, Caetano Veloso, e o ídolo João Gilberto que, embevecidos pelo frescor e afinação de seu canto moderno, afirmaram que ela era a maior cantora do Brasil. Em 1967, já com o nome artístico de Gal Costa lançou seu primeiro long play , dividido com Caetano. ‘Domingo’ rendeu à dupla o primeiro clássico, ‘Coração vagabundo’. Pouco depois a suavidade bossanovista deu lugar ao canto gutural e roqueiro. Era preciso estar atento e forte. Musa do movimento Tropicalista, Gal viu seus companheiros, Gilberto Gil e Caetano Veloso, partirem para o exílio londrino. Em plena ditadura militar, ela lotava o Teatro Tereza Rachel durante as históricas apresentações do show ‘Fa-Tal, Gal a todo vapor’. “Quero ver de novo a luz do sol!”, cantava naqueles te...

Tributo 'Gonzaguinha presente' peca pela ausência de emoção

Luiz Gonzaga Jr. (1945 – 1991) faria 70 anos no dia 22 de setembro de 2015. Para lembrar a data a Universal Music lança ‘Gonzaguinha presente – Duetos’, disco em que a voz do cantor e compositor carioca foi retirada das gravações originais e colocada em novos registros, com novos arranjos e com as participações especiais de artistas vinculados a vários de gêneros musicais. O projeto dirigido por Miguel Plopschi passa ao largo das canções de protesto, como ‘Comportamento geral’ e ‘Um sorriso nos lábios’, que caracterizaram o começo da carreira de Gonzaguinha.   O repertório segue a trilha dos sucessos românticos e dos sambas mais ensolarados. ‘Não dá mais pra segurar (Explode coração)’ ressurge na voz surpreendentemente contida de Ana Carolina. Quem também deixa de lado os exageros interpretativos – e a gaiatice – é Ivete Sangalo, que se sai bem em ‘Sangrando’, música-tentação para cantoras chegadas ao exibicionismo vocal e ao drama. Única faixa que mantém o arranjo original, ‘Gr...

Dona Ivone Lara tem sua bela trajetória contada em bom livro

Parte integrante do ‘Sambabook’ dedicado à artista, o livro ‘ Dona Ivone Lara - A Primeira-dama do samba’, escrito pelo jornalista Lucas Nóbile, segue na cadência bonita das composições da grande sambista carioca. Lucas esmiúça a criação de cada um dos doze discos lançados por Dona Ivone, ao longo de 41 anos de carreira, contados a partir da gravação de ‘Tiê’ no disco coletivo ‘Quem samba, fica? Fica’, em 1974. Foi a partir da gravação do LP produzido por Oswaldo Sargentelli, que Yvonne Lara da Costa, aos 48 anos de idade, viu seu nome ser encurtado e precedido (contra a sua vontade) pelo substantivo de cunho senhorial. O livro também refaz sua trajetória de vida, que começou no dia 13 de abril de 1922, e não um ano antes, como consta na maioria das publicações sobre a artista, inclusive em seu site oficial. O acréscimo de um ano, feito por sua mãe, possibilitou-lhe o ingresso no colégio interno. Foi no Colégio Municipal Orsina da Fonseca, no bairro da Tijuca, que a jovem estudou ...

'Como a música ficou grátis' desvenda o início da pirataria digital

Lançado no primeiro semestre deste ano, o livro ‘Como a música ficou grátis – O fim de uma indústria, a virada do século e o paciente zero da pirataria’ (Editora Intrínseca), do jornalista norte-americano Stephen Witt, compila histórias e personagens fundamentais na revolução causada pela internet na indústria fonográfica e nos modos de consumo de música no mundo. Em relato contundente, Witt faz conexões entre engenheiros de áudio alemães, responsáveis pela criação do MP3, funcionários de gravadoras de diferentes setores – de alto-executivos a operários, igualmente inconsequentes em suas ambições. Uma das histórias mais impressionantes é de Dell Glover, o tal “paciente zero da pirataria” do subtítulo, empregado da fábrica da gravadora PolyGram (atual Universal Music), em Kings Mountain, na Carolina do Norte. Empacotador de CDs, Glover teve em suas mãos os principais lançamentos musicais daquela empresa e foi o responsável pelo vazamento de dois mil títulos na internet, ao longo de...

Cida Moreira brilha no afetivo e agridoce álbum 'Soledade'

“Havia manhãs, havia quintais naquele tempo”, recorda Cida Moreira aos primeiros acordes de ‘Viola quebrada (Maroca)’, modinha que abre ‘Soledade’, décimo disco de carreira da cantora, pianista e atriz paulista, lançado pela gravadora Joia Moderna. Impregnado de agridoce melancolia, o repertório, escolhido por Cida e pelo jornalista Eduardo Magossi, de início ecoa o passado rural já distante desta terra cabocla, tão bem retratado por Maria Bethânia no emocionante e fundamental disco/show ‘Brasileirinho’ (2003). Não por acaso, a modinha assinada pelo poeta Mário de Andrade (1893 – 1945), em 1928, lembra ‘Sussuarana’ (Hekel Tavares/ Luiz Peixoto), outro pequeno brilhante da mesma época, que voltou a luzir no referido disco/show. ‘Soledade’ é roteiro afetivo desta artista ligada à vanguarda paulistana, que compreende desde a música de viola ouvida na infância à produção assinada por jovens nomes da cena atual. Seu canto, (já) curtido e (sempre) carregado de intensões, recria com pr...

Extrema reverência marca o Sambabook Dona Ivone Lara

Grande nome do samba, Dona Ivone Lara ganha tributo na quarta edição da série Sambabook, do selo Musickeria, distribuída pela gravadora Universal Music. Entre os arranjos demasiadamente reverentes de Alceu Maia e intérpretes nem sempre bem escolhidos, os registros musicais apresentados em CDs e DVD soam apenas corretos, com poucos destaques e nenhum momento verdadeiramente brilhante. A aparente assepsia (apatia?) prejudica principalmente o DVD, gravado na Cidade da Música, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, sem a presença do público – e sem inventividade – por Joana Mazzucchelli. Usando sempre os mesmos enquadramentos de palco, onde os músicos estão perfilados de um lado e de outro, com o cantor no centro, o registro audiovisual carece de charme para prender o espectador em frente à tela. O cenário nem um pouco criativo contribui para a perda de interesse durante a apresentação Entre os convidados, Maria Bethânia inicia os trabalhos com ‘Sonho meu’ (Dona Ivone Lara/ Délcio Carva...

Sem ais nem uis, o belo 'Paralelos & Infinitos' celebra o amor pleno e feliz

“Músculo absurdo, que compreende o gozo e a atração”, o coração pulsa amorosamente em ‘Paralelos & Infinitos’, segundo álbum de César Lacerda, lançado pela gravadora Joia Moderna. O cantor, compositor e multi-instrumentista mineiro, que toca a maioria dos instrumentos nas oito faixas do disco, aposta na plenitude do relacionamento amoroso – no caso, o seu namoro com a atriz Victoria Vasconcelos. A musa de Lacerda estampa a capa de ‘Paralelos & Infinitos’ e participa da faixa ‘Guarajuba’ (César Lacerda). Iluminados e felizes (mas não esfuziantes), seus versos são embalados por melodias de acento pop e harmonias quase etéreas, que revestem ‘Paralelos & Infinitos’ de jovial elegância. Nada dos corriqueiros ciúmes, queixas e ais que assolam a maioria das ditas canções de amor. O clima de romance contagia o ouvinte logo em ‘Algo a dois’ (César Lacerda), música acertadamente escolhida para divulgar ‘Paralelos & Infinitos’, e se intensifica na bela ‘Touro indomável’ (César ...