Lançado de
forma independente, ‘Viamundo’ é o terceiro disco do violonista, compositor e
arranjador mineiro Thiago Delegado. Transitando entre variantes do samba na
maioria das faixas, o álbum predominantemente instrumental – e autoral – apresenta
belos temas, como ‘Cansei de ser enganado’, ‘Viamundo’ e ‘Sarau pro Sr. Mozart’ –
este, um agradável chorinho, que homenageia o tradicional violonista e chorão
mineiro Mozart Secundino. O acriano João Donato está presente na elegante ‘A
camisa do Donato’. Com seu virtuoso dedilhado no violão de 7 cordas, Thiago também
presta tributo ao famoso clube musical fundado nas ruas de Belo Horizonte na
década de 1970 em ‘Clube do pagode da esquina’ (Thiago Delegado/ Aloizio
Horta). Quatro canções recebem as vozes
de artistas convidados. O buliçoso ‘Malandrote’ (Thiago Delegado/ Edu Krieger)
traz Aline Calixto, cantora mineira que Delegado dirige há cinco anos, em bom
momento. Outro conterrâneo, Fernando Bento canta com correção o samba exaltação
‘Terreiro do Brasil’ (Thiago Delegado/ Murilo Antunes). Canção mais próxima da MPB, ‘Se
acontecer’ (Thiago Delegado/ Aloizio Horta/ Edu Krieger) ganha a voz de Leila Pinheiro e a guitarra de
Roberto Menescal. Finalmente, ‘Quanto mais’ (Thiago Delegado/ Ricardo
Nazar), samba de sotaque bossa-novístico, se destaca na voz quente da
paulistana Fabiana Cozza. Produzido por Thiago Delegado e pelo pianista
Christiano Caldas, ‘Viamundo’ é novo registro da
criatividade e da técnica de um ótimo músico.
A Universal Music reabre seu baú de preciosidades. Desta vez, a dona do maior acervo musical do país, traz duas joias do cantor, compositor e violonista Gilberto Passos Gil Moreira, recentemente eleito imortal pela Academia Brasileira de Letras. De 1971, o disco londrino, ‘Gilberto Gil’, reaparece em nova edição em vinil, enquanto ‘Refestança’, registro do histórico encontro de Gil e Rita Lee, de 1977, finalmente ganha versão digital. Gravado durante o exílio do artista baiano em Londres, o quarto LP de estúdio de Gilberto Gil foi produzido por Ralph Mace para o selo Famous e editado no Brasil pela Philips, atual Universal Music. O produtor inglês também trabalhava com Caetano Veloso, que havia lançado seu primeiro disco de exílio no mesmo ano. Contrastando com a melancolia expressada por Caetano, Gil fez um álbum mais equilibrado, dosando as saudades do Brasil...
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