Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de julho, 2015

Duas ótimas faixas que ficaram de fora de 'Estratosférica' são postas à venda

Lançadas oficialmente hoje pela gravadora Sony Music, apenas no formato digital, na chamada edição “deluxe” de ‘ Estratosférica ’, ‘Vou buscar você pra mim’ (Guilherme Arantes) e ‘Átimo de som’ (Arnaldo Antunes/ José Miguel Wisnik), as duas inéditas que ficaram de fora do recente disco de Gal Costa, já rodam entre os fãs há dias. Primeira composição de Guilherme gravada por Gal, a bossa nova ‘Vou buscar você pra mim’ é, ao lado de ‘Quando você olha pra ela’, a mais palatável das faixas. O autor de ‘Coisas do Brasil’ ratifica sua via pop-mpbística na canção que renderia melhor com um arranjo mais clássico. Já a etérea e conceitual ‘Átimo de som’ se revela uma belíssima canção, ao falar do sentimento que o som pode causar, feita na medida para a voz de Gal e encerraria ‘Estratosférica’ com precisão. Depois de ouvi-las e aprecia-las, vem a inevitável pergunta: Por que as duas ficaram de fora se são melhores do que muitas faixas irregulares, que diluem a beleza de ‘Estratosférica’?

Longe da música para as massas, Maria Gadú soa interessante em 'Guelã'

Terceiro álbum de estúdio de Maria Gadú, ‘Guelã’ (Slap/ Som Livre) vem provocando frisson entre os apreciadores das estranhezas sonoras, presentes em muitos lançamentos musicais contemporâneos. Produzido pela artista e pelo músico Federico Puppi, o novo CD da cantora e compositora paulistana aposta numa ambiência diferente, intensa, menos pop e muito mais interessante do que as dos seus discos anteriores. Minimalista e “orgânico” – para usar um termo da moda –, ‘Guelã’ foi gravado com uma banda base formada por Lancaster Pinto (baixo), Federico Puppi (cello e baixo), Tomaz Lenz (bateria) e Doga (percussão), além da própria Maria Gadú (violão/ guitarra/ teclado). Como um diário de bordo, o disco registra uma viagem personalíssima que, em alguns momentos, parece fazer sentido apenas para sua narradora, graças a versos, muitas vezes, enigmáticos – o que, neste caso, não tem nada de estranho, afinal estamos falando da mesma autora das incompreensíveis ‘Shimbalaiê’ e ‘Linda rosa’. Co...

A mineira Valsa Binária lança o disco '10'

Segundo disco da banda mineira Valsa Binária, ‘10’ apresenta dez faixas inéditas. A sonoridade, que se alterna entre o pop e o rock, embala as questões existencialistas, que pautam a maioria das composições coletivas. Há espaço para a crítica e bem-humorada ‘Receita’, o tema infantil ‘Nuno nu’ e a boa cantada, ‘Desinventar’. As melhores faixas são a melancólica ‘Melhor que sou’, a urgente (e mais interessante melodicamente) ‘A esquina’ e a trágica (e bem sacada) ‘O palhaço’. O disco pode ser baixado gratuitamente no site  ( valsabinaria.com.br )   do quarteto  formado por Leo Moraes (voz e guitarra), Danilo Derick (voz, guitarra, pianos e sintetizadores), Salomão Terra (baixo) e Rodrigo Valente (bateria).

Entre standars e inéditas, Quarteto Bruno Lara lança fluente DVD

Bruno Lara (guitarra), Renato Catharino (teclado), Alexandre Adão (contrabaixo) e Maurício Antunes (bateria) formam o competente Quarteto Bruno Lara, que lança o DVD ‘Blue lounge’ (Independente/ Fuga). Gravado ao vivo em estúdio, o correto registro audiovisual assinado por Nelson Faria (filho) tem arranjos e direção musical de Nelson Faria. O bom repertório mescla os standards ‘Stella by Starlight’ (Victor Young/ Ned Washington), ‘Insensatez’ (Tom Jobim/ Vinicius de Moraes) e ‘All blues’ (Miles Davis) e as composições originais do guitarrista, ‘Samba azul’ (Bruno Lara), ‘July’ (Bruno Lara), ‘Azul turquesa’ (Bruno Lara/ Antônio Portugal), ‘Zabot XYZ’ (Bruno Lara) e ‘A guitarra de Ogum’ (Bruno Lara), um acalorado frevo.   Os sopros de Marcelo Martins (sax tenor, flautas), Sérgio Galvão (clarinete, sax soprano), Jessé Sadoc (trompete, flugelhorn) e Aldivas Ayres (trombone) contribuem para a fluência da agradável apresentação.

Inspirado, Jau leva seu som para além da Axé music

  Um dos mais interessantes artistas da cena musical soteropolitana, Jau lança seu novo álbum, ‘Lázaro’ via gravadora Friends Music. Produzido pela cantora e compositora Vânia Abreu e por Rodrigo Petreca, ‘Lázaro’ mistura a crueza do violão tocado por Jau, com grooves e alguma programação eletrônica. O resultado é uma sonoridade envolvente, que celebra o jeito baiano de ser, em ‘Mancha de dendê’ (Jau/ Marcelo Quintanilha) e questiona preconceitos, em ‘Planetário descendente’ (Jau/ Tenison Del Rey) e ‘Carne crua’ (Jau/ Tenison Del Rey/ Gerson Guimarães). Celebrando a existência em versos como “Tudo em seu tempo e do seu jeito/ Nada pra fazer, sorri”, do reggae ‘Tranquilidade na cabeça’ (Jau/ Dom Chicla), Jau é inspirado compositor que leva sua música para além da Axé music , que o consagrou.

Sons impressionistas embalam a poesia de Lira, em 'O labirinto e o desmantelo'

  Segundo disco solo de José Paes Lira, o Lirinha do extinto Cordel do Fogo Encantado, ‘O labirinto e o desmantelo’ mistura poesia armorial, literatura de cordel, guitarras, sintetizadores, órgãos e cravos para criar cenários psicodélicos e sons impressionistas. O romantismo de sotaque regional do artista pernambucano encontra a universalidade (quase) pop na produção musical do baterista Pupillo, coautor de seis das onze faixas do álbum, que chega à edição física via Eletrônica Viva. Distante (mas nem tanto) das viscerais interpretações dos tempos do Cordel, Lira segue pautando sua música na palavra quase declamada. Certa ambiência kitsch transpassa algumas faixas de ‘O labirinto e o desmantelo’, caso de ‘Filtre-me’ (Céu/ Lira/ Pupillo), que tem a participação especial da cantora e compositora paulista Céu. Bolero tecnopop, ‘Filtre-me’ parece ter saído de uma antiga jukebox de um poeirento bar de beira de estrada – sonoridade que parece ser perseguida por muitos artistas novato...

Zé Manoel se mostra hábil timoneiro em 'Canção e silêncio'

Com suas faixas banhadas por águas doces e salgadas, de chuvas, rios, mares e lágrimas, o segundo disco do artista pernambucano Zé Manoel impressiona. Viabilizado pelo projeto Natura Musical, produzido por Carlos Eduardo Miranda e por Kassin, ‘Canção e silêncio’ apresenta músicas aparentemente antiquadas para os nossos ruidosos dias – “A maior ambição da canção é ser silêncio”, dizem os versos de ‘A maior ambição’ (Zé Manoel/ Juliano Holanda). São composições cheias de melancolia interiorana, embora não reneguem o lado urbano, como se unissem Petrolina e Recife, as cidades de Zé Manoel. Versos geralmente curtos e intensos, revestidos por melodias marcantes, são o passaporte para uma viagem atemporal por paisagens muitas vezes cinematográficas. Caso da épica ‘Sereno mar’, cujo arranjo de Letieres Leite, maestro da Orkestra Rumpillez, realça as influências do mestre baiano, Dorival Caymmi (1914 – 2008). Águas que levam o pescador, mas que depositam na areia líricos “cachos de estrelas...