Toda essa discussão sobre
o lançamento de ‘Ilusão à toa’, versão que estará na trilha sonora de ‘Babilônia’
me parece exagerada. Em vários momentos de sua carreira, Gal Costa gravou músicas
para trilhas de novela. ‘Desafinado’ (‘Bambolê’), ‘Solidão’ (‘O Dono do Mundo’),
‘Modinha para Gabriela’ (‘Gabriela’), ‘Ruas de outono’ (‘Paraíso Tropical’), ‘Brasil’
(‘Vale Tudo’), ‘Jovens tardes de domingo’ (‘Zazá’), ‘Pra você’ (‘Torre de Babel’),
‘Caminhos do mar’ (‘Porto dos Milagres’) saíram independentemente do discos de carreira da cantora, algumas sequer
entraram em sua discografia oficial. Se a gravadora quis pegar carona na novela
da TV Globo para promover ou não o novo álbum, ‘Estratosférica’ (a seleção de
repertório ainda não foi divulgada oficialmente) é porque o folhetim das 21
horas ainda é uma vitrine nacional - até os “alternativos” sabem e sonham com a
inclusão de uma música lá. Os tempos mudaram, as rádios e grande parte do
público andam mais acomodados do que nunca. Ninguém quer sair da sua zona de
conforto. ‘Neguinho’ foi a primeira faixa de divulgação do estratosférico ‘Recanto’
e, aqui no Rio de Janeiro, apenas uma rádio tocou uma versão editada. Enfim,
prefiro comemorar a atual fase da cantora, que festeja 50 anos de carreira e 70
de idade em plena atividade, com dois shows maravilhosos em cartaz, um disco de
inéditas pronto e outro com as canções de Lupicínio Rodrigues a ser gravado.
Ah, e a nova gravação de 'Ilusão à toa' é uma beleza.
A Universal Music reabre seu baú de preciosidades. Desta vez, a dona do maior acervo musical do país, traz duas joias do cantor, compositor e violonista Gilberto Passos Gil Moreira, recentemente eleito imortal pela Academia Brasileira de Letras. De 1971, o disco londrino, ‘Gilberto Gil’, reaparece em nova edição em vinil, enquanto ‘Refestança’, registro do histórico encontro de Gil e Rita Lee, de 1977, finalmente ganha versão digital. Gravado durante o exílio do artista baiano em Londres, o quarto LP de estúdio de Gilberto Gil foi produzido por Ralph Mace para o selo Famous e editado no Brasil pela Philips, atual Universal Music. O produtor inglês também trabalhava com Caetano Veloso, que havia lançado seu primeiro disco de exílio no mesmo ano. Contrastando com a melancolia expressada por Caetano, Gil fez um álbum mais equilibrado, dosando as saudades do Brasil...
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