Alçada ao posto de musa da bossa eletrônica ao lançar o aclamado álbum
‘Tanto tempo’ (2000), Bebel Gilberto chega ao quinto disco de estúdio, ‘Tudo’
(Sony Music), mantendo a aura de pretensa sofisticação que caracteriza seu
trabalho. À voz de pequena extensão, apropriada para o estúdio, ela acrescenta
a sonoridade contemporânea do produtor Mario Caldato Jr. num repertório poliglota
que une composições autorais, Neil Young (‘Harvest moon’), Tom Jobim (‘Vivo
Sonhando’) e um sucesso do grupo francês Âme Strong S.A. (‘Tout Est Bleu’), entre outros. Se a cantora mostra
alguma evolução, a compositora continua irregular, como deixam transparecer as
pueris ‘Nada não’ (Bebel/ Masa Shimizu) e ‘Lonely in my heart’ (Bebel/ Joey
Altruda). As novas parcerias trazem algum frescor ao repertório, como a boa
faixa-título, assinada com Adriana Calcanhotto, e o samba ‘Novas ideias’, feito
com Seu Jorge e Gabriel Moura, que faz Bebel balançar (um pouco) além da sua new
bossa. Outro momento interessante é ‘Tom de voz’, dos baianos Quito Ribeiro e
César Mendes. A filha de João Gilberto e Miúcha volta à matriz bossa-novista em
‘Vivo Sonhando’ (Tom Jobim) em versão que nada acrescenta ao clássico. Boa
sacada é a elegante versão de ‘Harvest moon’, do compositor canadense Neil
Young. Tentando recriar a atmosfera de seu disco mais festejado, Bebel Gilberto
não avança, parecendo esquecer que, entre tantas bossas musicais surgidas desde
o (já) longínquo ano 2000, tanto tempo já passou.
A Universal Music reabre seu baú de preciosidades. Desta vez, a dona do maior acervo musical do país, traz duas joias do cantor, compositor e violonista Gilberto Passos Gil Moreira, recentemente eleito imortal pela Academia Brasileira de Letras. De 1971, o disco londrino, ‘Gilberto Gil’, reaparece em nova edição em vinil, enquanto ‘Refestança’, registro do histórico encontro de Gil e Rita Lee, de 1977, finalmente ganha versão digital. Gravado durante o exílio do artista baiano em Londres, o quarto LP de estúdio de Gilberto Gil foi produzido por Ralph Mace para o selo Famous e editado no Brasil pela Philips, atual Universal Music. O produtor inglês também trabalhava com Caetano Veloso, que havia lançado seu primeiro disco de exílio no mesmo ano. Contrastando com a melancolia expressada por Caetano, Gil fez um álbum mais equilibrado, dosando as saudades do Brasil...
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