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Mostrando postagens de novembro, 2014

Em novo CD, 'Tudo', Bebel Gilberto tenta voltar no tempo

Alçada ao posto de musa da bossa eletrônica ao lançar o aclamado álbum ‘Tanto tempo’ (2000), Bebel Gilberto chega ao quinto disco de estúdio, ‘Tudo’ (Sony Music), mantendo a aura de pretensa sofisticação que caracteriza seu trabalho. À voz de pequena extensão, apropriada para o estúdio, ela acrescenta a sonoridade contemporânea do produtor Mario Caldato Jr. num repertório poliglota que une composições autorais, Neil Young (‘Harvest moon’), Tom Jobim (‘Vivo Sonhando’) e um sucesso do grupo francês  Âme Strong S.A. (‘Tout Est Bleu’), entre outros. Se a cantora mostra alguma evolução, a compositora continua irregular, como deixam transparecer as pueris ‘Nada não’ (Bebel/ Masa Shimizu) e ‘Lonely in my heart’ (Bebel/ Joey Altruda). As novas parcerias trazem algum frescor ao repertório, como a boa faixa-título, assinada com Adriana Calcanhotto, e o samba ‘Novas ideias’, feito com Seu Jorge e Gabriel Moura, que faz Bebel balançar (um pouco) além da sua new bossa. Outro momento interess...

Menos 'tecno' e mais ecumênica, Rita Benneditto lança 'Encanto'

Em seu novo disco, ‘Encanto’ (Manaxica/ Biscoito Fino), Rita Benneditto volta a mirar a temática religiosa afro-brasileira que vem pautando sua música desde 2003, quando estreou ‘Tecnomacumba’, show que deu origem ao CD com versões de estúdio, em 2006, e ao DVD/CD ao vivo, em 2009. Menos “tecno” desta vez, a maranhense pisa firme no terreiro que reveste de contemporaneidade. Mais ecumênica, apurando sua pesquisa de repertório, interessante desde a estreia fonográfica, em 1997, Rita expande conceitos, alinhando um nada óbvio Djavan (‘Água’), um hit de Roberto e Erasmo Carlos (‘Fé’) – e até mesmo um tema afro-brasileiro captado por Heitor Villa-Lobos (‘Estrela é lua nova’) – e pontos (cânticos) da Umbanda e do Candomblé adaptados por ela e pelo multi-instrumentista Felipe Pinaud, produtor do CD ao lado de Lancaster Lopes (baixo/ programações). Experimentando, criando junções inusitadas e sugerindo novos sentidos às canções, Rita exercita sua liberdade artística, conectando, por exem...

Música é coadjuvante em filme sobre Tim Maia

Baseado no livro ‘Vale tudo - O som e a fúria de Tim Maia’, escrito por Nelson Motta, está em cartaz nos cinemas brasileiros ‘Tim Maia’, a cinebiografia do gigante musical da soul music tupiniquim. Dirigido por Mauro Lima, o filme refaz os passos de Tim desde a infância no bairro carioca da Tijuca até sua morte, em 1998. Robson Nunes e Babu Santana interpretam o ‘Síndico’ na juventude e na fase adulta, respectivamente. Enquanto Nunes tem a liberdade de compor um personagem desconhecido do público, Santana encara o desafio de mimetizar o ídolo nacional. Os dois se saem bem, com ligeira vantagem para o primeiro. Entretanto eles não são os únicos protagonistas do longa-metragem, já que Cauã Raymond (Fábio) e Alinne Moraes (Janaína) acompanham o Tim Maia fictício durante praticamente toda a sua trajetória. Coprodutor do filme, Cauã interpreta o cantor paraguaio Fábio, amigo de Tim, que também narra a história através do texto que, por vezes, não parece adequado – há diferenças fundamen...

'Espelho D'Água': a plenitude artística de Gal

Uma voz tamanha invadiu a cena do Vivo Rio na noite de sábado, dia 01 de novembro de 2014, quando Gal Costa apresentou ‘Espelho D’Água’, o elogiado recital em que revigora antigas canções e aponta um futuro próximo, interpretando a inédita canção de Marcelo e Thiago Camelo, que dá nome ao espetáculo e estará em seu esperado novo disco. Acompanhada pelo músico Guilherme Monteiro (violão/ guitarra), Gal desfia o eficiente roteiro, pensado em conjunto com o jornalista Marcus Preto, e dá continuidade à festa paz iniciada a partir de ‘Recanto’, o disco / show que revigorou seu cantar.  Com o famoso brilho agudo musical, citado na música que significativamente abre a noite, ‘Caras e Bocas’ (Caetano Veloso/ Maria Bethânia), e os precisos graves adquiridos com o tempo, a cantora, que completa 70 anos em 2015, faz a alegria de antigos e novos fãs. Caetano Veloso permanece sendo o compositor preponderante, e novamente a musa faz jus ao seu poeta. As intensas interpretações de ‘...