‘Cordas,
Gonzaga e afins’, novo show de Elba Ramalho, chegou ao Rio de Janeiro na noite
de 09 de setembro de 2014, no Theatro Net Rio, em Copacabana. Ao revisitar a
obra de Luiz Gonzaga (1912 – 1989) e de compositores influenciados pela música
do Rei do Baião, a cantora paraibana exibe a energia que marcou seus melhores
momentos nos palcos, em 35 anos de carreira. Acompanhada pelo grupo
instrumental SaGRAMA, pelo quarteto de cordas Encore, o baterista Tostão
Queiroga e o sanfoneiro Marcelo Caldi, Elba apresenta um espetáculo impactante.
Patrocinado pelo projeto Natura Musical, ‘Cordas, Gonzaga e afins’ entrelaça
números musicais e textos assinados pelo dramaturgo pernambucano Newton Moreno.
Bem costurado, o roteiro foge da
obviedade ao alinhar canções menos conhecidas de Gonzagão, como o baião ‘Algodão’ (Luiz
Gonzaga/ Zé Dantas) e o maracatu ‘Braia dengosa’ (Luiz Gonzaga/ Guio de Moraes)
a clássicos como ‘Qui nem jiló’ (Luiz Gonzaga/ Humberto Teixeira), ‘Olha pro
céu’ (Luiz Gonzaga/ José Fernandes) e ‘Pagode russo’ (Luiz Gonzaga). As
grandiosas orquestrações assinadas pelo diretor musical Sérgio Campelo emolduram
a voz de tons mais graves de Elba. A jovem cantora de voz estridente, que
chegou ao Rio há 40 anos, é lembrada em ‘Não sonho mais’ (Chico Buarque), ‘A
violeira’ (Chico Buarque/ Tom Jobim) e ‘Béraderô (Chico César). A alta voltagem
dramática de ‘O ciúme’ (Caetano Veloso) parece intencionalmente contida na
interpretação de Elba, que transborda sua emoção na sequência que une ‘Ave
Maria sertaneja’ (Júlio Ricardo/ Osvaldo de Oliveira) e ‘Ave Maria’ (Bach/ Gounoud).
A atriz Elba Ramalho também sustenta a qualidade do espetáculo, quando recita o
texto da cigana do livro ‘Morte e vida severina’, de João Cabral de Melo Neto
(1920 – 1999). Revigorando seu repertório, Elba dá voz a canções de Lenine e
Paulo César Pinheiro (‘Ciranda praieira’), José Miguel Wisnik e Tom Zé (‘Assum
branco’), Alceu Valença e Ruben Valença Filho (‘Tomara’) e Gilberto Gil
(‘Domingo no parque’). O show, que será registrado em DVD brevemente, é
encerrado com ‘A vida do viajante’ (Luiz Gonzaga/ Hervê Cordovil), quando a
cantora deixa o palco, acompanhada pelos músicos, através da plateia, como uma
retirante. Como aquela Elba Maria Nunes Ramalho, que saiu do nordeste para
conquistar o Brasil.
A Universal Music reabre seu baú de preciosidades. Desta vez, a dona do maior acervo musical do país, traz duas joias do cantor, compositor e violonista Gilberto Passos Gil Moreira, recentemente eleito imortal pela Academia Brasileira de Letras. De 1971, o disco londrino, ‘Gilberto Gil’, reaparece em nova edição em vinil, enquanto ‘Refestança’, registro do histórico encontro de Gil e Rita Lee, de 1977, finalmente ganha versão digital. Gravado durante o exílio do artista baiano em Londres, o quarto LP de estúdio de Gilberto Gil foi produzido por Ralph Mace para o selo Famous e editado no Brasil pela Philips, atual Universal Music. O produtor inglês também trabalhava com Caetano Veloso, que havia lançado seu primeiro disco de exílio no mesmo ano. Contrastando com a melancolia expressada por Caetano, Gil fez um álbum mais equilibrado, dosando as saudades do Brasil...
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