A coletânea ‘Estação Lapa’, lançada pelo selo Da Lapa, uma divisão da
gravadora Biscoito Fino, alinha gravações de artistas quase sempre ligados à
dinâmica cultural responsável pelo ressurgimento da Lapa. Nomes como Casuarina
(‘Vaso ruim’, Diego Zangado/ Gabriel Moura), Nilze Carvalho (‘Banho de
manjericão’, João Nogueira/ Paulo César Pinheiro), Ana Costa (‘As coisas que
mamãe me ensinou’, Leci Brandão/ Zé Maurício) e Empolga às 9 (‘Tinindo
trincando’, Moraes Moreira/ Galvão) estão neste bonde musical. Contudo, os
consagrados Wilson das Neves (‘Brasão de Orfeu’, Paulo César Pinheiro/ Wilson
das Neves), Luiz Melodia (‘Tive sim’, Cartola), Elza Soares (‘Pra que discutir
com madame’, Janet de Almeida/ Haroldo Barbosa) e Moacyr Luz & Martinho da
Vila (‘Samba dos passarinhos’, Moacyr Luz/ Sereno) também embarcaram na viagem.
Até mesmo a mineira Jussara Silveira (‘Dama do cassino’, Caetano Veloso),
cantora sem ligações com a música feita na Lapa, surge como passageira. Orquestra
Imperial (‘Sem compromisso’, Geraldo Pereira/ Nelson Trigueiro), Moyseis
Marques & Leila Pinheiro (‘Bicho do mato’, Edu Krieger/ Moyseis Marques), Farofa
Carioca & Seu Jorge (‘São Gonça’, Seu Jorge), Mart’nália (‘Entretanto’, Mart’nália/
Mombaça), Maíra Freitas (‘Recado’, Gonzaguinha), e Marcos Sacramento (‘A volta
do malandro’, Chico Buarque/ ‘Largo da Lapa, Wilson Batista/ Marino Pinto)
completam a simpática compilação. Embora tenha registros na Biscoito Fino,
Teresa Cristina, nome comumente ligado o samba feito na Lapa, ficou de fora. O
bom equilíbrio entre artistas de diferentes gerações, músicas recentes e
antigos sucessos da coletânea mantém o interesse do ouvinte. Até mesmo daqueles
que pouco ou nunca se embalaram na noite do boêmio bairro carioca.
A Universal Music reabre seu baú de preciosidades. Desta vez, a dona do maior acervo musical do país, traz duas joias do cantor, compositor e violonista Gilberto Passos Gil Moreira, recentemente eleito imortal pela Academia Brasileira de Letras. De 1971, o disco londrino, ‘Gilberto Gil’, reaparece em nova edição em vinil, enquanto ‘Refestança’, registro do histórico encontro de Gil e Rita Lee, de 1977, finalmente ganha versão digital. Gravado durante o exílio do artista baiano em Londres, o quarto LP de estúdio de Gilberto Gil foi produzido por Ralph Mace para o selo Famous e editado no Brasil pela Philips, atual Universal Music. O produtor inglês também trabalhava com Caetano Veloso, que havia lançado seu primeiro disco de exílio no mesmo ano. Contrastando com a melancolia expressada por Caetano, Gil fez um álbum mais equilibrado, dosando as saudades do Brasil...
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