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Mostrando postagens de junho, 2014

Luiz Melodia volta ao samba e outras bossas no CD 'Zerima'

Autor de clássicos do repertório de Gal Costa (‘Pérola Negra’, 1971) e Maria Bethânia (‘Estácio Holly Estácio’, 1972), Luiz Melodia surgiu na década de 1970 como um novo sambista vindo do berço de Ismael Silva (1905 – 1978). Mas o cantor do Morro de São Carlos, bairro do Estácio, logo se mostrou arredio à categorização limitadora, afinal, sua voz, cujo timbre se equilibra entre o cortante e o aveludado, se prestava a voos para além dos terreiros e fundos de quintais cariocas. Como consequência, Melodia dividiu com outros artistas igualmente refratários aos esquemas preconcebidos pelas gravadoras, o título de “maldito” – o que de certa forma pode ter prejudicado sua discografia. A partir da estreia impecável, com o álbum ‘Pérola negra’ (1973), Luiz viu sua carreira fonográfica, volta e meia ser pontuada por regravações e novas tentativas de enquadramentos. Seu primeiro e único disco de ouro veio apenas em 1999, com o CD ‘Acústico ao vivo’ (Índie Records), quando, não por acaso, revis...

A radicalidade dos quintais de Maria Bethânia

“O arco da velha índia/ É corda vocal insubmissa/ Rabeca de uma corda/ Que em desacordo atiça/ A aldeia contra o futuro/ Duro de dar dó/ E preguiça”. Os versos de ‘Arco da velha índia’, uma das duas canções de Chico César presentes em ‘Meus quintais’ (Biscoito Fino), novo CD de Maria Bethânia, resumem o sentimento que vem pautando a produção artística da cantora há mais de uma década. Desde o festejado ‘Brasileirinho’ (2003), a baiana de Santo Amaro da Purificação voltou-se de maneira cada vez mais radical para um Brasil interiorano, caboclo, indígena, afro-brasileiro, folclórico, religioso – e idealizado –, marcando diferenças diante da modernidade futurista, dura de dar dó e preguiça. A mais autoral de nossas intérpretes entrelaça, urde, com paciência e precisão de artesã, discos que imprimem seu pensamento, sua postura artística – e política, mesmo – perante o Brasil e o mundo. Um tempo-espaço cheio de emoções que parecem inalcançáveis para as novas gerações. ‘Folias de reis’ (Ro...