Um
hiato de quase onze anos separa ‘Escuta’, o novo álbum do cantor e compositor
Tárcio, de ‘Congraçamento’, CD lançado em 2003. Aposta do selo Marrom Music, de
Alcione, distribuído pela gravadora Biscoito Fino, o disco que traz no título a
composição de Johnny Alf é um convite aos ouvidos mais sensíveis, não embotados
por “the voices” contemporâneas. Sofisticado, ‘Escuta’ também passa à margem
das desconstruções modernosas, tão exaltadas ultimamente.
Muito
bem acompanhado por músicos excepcionais como Jorge Helder, Jurim Moreira, Zé
Canuto, Ricardo Silveira, Armando Marçal e Ernie Watts, Tárcio coloca sua voz elegante
a serviço de clássicos da música brasileira e de composições autorais. A
envolvente ambiência cool, predominante em todas as faixas, expõe o refinamento
musical do artista carioca. O doce balanço perpetuado pela Bossa Nova ressurge
renovado nos belos arranjos assinados por Hélio Delmiro, Luiz Avellar e Durval
Ferreira (1935 – 2007).
O
suingue marcante de ‘A rã’ (Caetano Veloso/ João Donato) e ‘Samba de verão’
(Marcos Valle/ Paulo Sérgio Valle), os graves bem colocados em ‘Velho arvoredo’
(Hélio Delmiro/ Paulo César Pinheiro) e a doçura impressa em ‘Dora’ (Dorival
Caymmi) apontam um cantor acima da média. Entre as faixas autorais, destacam-se
‘Imagens’ (Tárcio/ Tarci/ Gerson Motta) e ‘Jolie’ (Tárcio/ Artur Eliachar/
Zooga Malaga), a mais pop das canções de ‘Escuta’. O único senão é a regravação
de ‘Gatinha manhosa’ (Roberto Carlos/ Erasmo Carlos), que destoa num disco que
traz temas intensos como ‘A noite do meu bem’ (Dolores Duran) e ‘Molambo’
(Jayme Florence/ Augusto Mesquita). Pequeno detalhe que não compromete o
resultado final.
Comentários