Vanessa
da Mata finalmente lança o disco adiado por causa de sua incursão no
cancioneiro de Tom Jobim (1927 – 1994) em 2013. Em ‘Segue o som’ (Jabuticaba/
Sony Music) a mato-grossense refaz sua já conhecida receita de bolo sem, no
entanto, adicionar sabores novos e/ou surpreendentes. Novamente pilotando a
produção estão Liminha e Kassin, que também se alternam em instrumentos como
baixo, guitarra e teclados. Mistura de reggae, pop, carimbó e barulhinhos
contemporâneos, a sonoridade é adequada à música de Vanessa, sempre cosmopolita
ao observar sua aldeia.
A contagiante
‘Toda humanidade veio de uma mulher’, abre o CD com boa pegada que se repete na
faixa-título, ambas com a participação de Lincoln Olivetti (piano rhodes). A
guitarra tocada por Kassin imprime personalidade à romântica ‘Não sei dizer
adeus’. A balada ‘Ninguém é igual a ninguém (desilusão)’ critica a mundo de
aparências superficiais (“A contramão do amor puro/ O fast-fode, o jato do
alívio”) e prepara o ouvinte para a contundente ‘Homem invisível no mundo
invisível’, faixa em que Vanessa recrimina o consumismo em versos que roçam a
literatura rala dos livros de autoajuda. Contudo, a faixa é muito bem embalada,
com destaque para os teclados de Alex Meireles.
A
partir daí o disco vacila em faixas menos interessantes como ‘Homem preto’, ‘Desejos
e medos’, ‘Se o presente não tem você’ e ‘Um sorriso entre nós dois’ (Vanessa
da Mata/ Kassin/ Liminha). ‘Rebola nêga’ preenche a habitual cota de música
buliçosa, sempre presente nos discos de Vanessa, sem realmente empolgar.
Igualmente animada, mas com o perfil mais roqueiro, ‘Por onde ando tenho você’
é ligeiramente melhor.
Vanessa
ainda se aventura na língua inglesa nas faixas ‘My grandmother told me (tchu
bee doo bee doo)’, de sua própria lavra, e ‘Sunshine on my sholders’, açucarada
composição de John Denver (c/ Dick Kniss/ Mike Taylor). Tema do melodrama
norte-americano homônimo, de 1973, ‘Sunshine on my sholders’ tem chance de se
tornar um hit em um mercado de rádios FMs que se recusam a apostar no novo e
permanecem atreladas aos sucessos de 30, 40 anos atrás.
Encerrando
o disco, o remix de ‘Segue o som’ realça o sabor requentado. É sabido que os
discos de Vanessa costumam render mais quando alguma faixa vai para as pistas,
então Vanessa se antecipa e apresenta o quitute. Sétimo álbum de carreira,
‘Segue o som’, assinala um ligeiro desgaste da receita de Vanessa da Mata, que já
rendeu melhores degustações.
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