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Mostrando postagens de abril, 2014

Diogo Poças faz boa música brasileira em 'Imune'

Segundo CD do cantor e compositor Diogo Poças, ‘Imune’ (Favelinha Redords/ A musicoteca) apresenta ambiência cool, que combina perfeitamente com a voz miúda do moço paulistano. A delicada sonoridade álbum produzido por Leonardo Mendes é elegante, com seu samba cheio de bossa, como ‘Senhora rainha’ (Diogo Poças/ Edgard Poças), distante dos fundos dos quintais cariocas. Basicamente autoral, o coerente repertório (de apenas nove canções) contribui para que ‘Imune’ soe agradável à primeira audição. Filho do maestro Edgard Poças e irmão da cantora e compositora Céu, Diogo divide as boas ‘Feitiço da Vila Madalena’ (Diogo Poças/ Edgard Poças) e ‘Imune’ (Diogo Poças/ Jesses Santos/ Marcos Tanaka) com o pai e a irmã, respectivamente. O suave clima familiar se completa com ‘Nina’ (Edgard Poças), acalanto dedicado à filha. Única regravação, ‘O perdão’ (Roberto Mendes/ J. Velloso, 1994) se revela excelente abre-alas do CD, cujo nível se mantém elevado em faixas como ‘Mais um lamento’ (Cé...

DVD 'Rua dos amores' traz Djavan em excelente forma

Quarto DVD da carreira de Djavan, ‘Rua dos amores ao vivo’ (Luanda Records/ Sony Music) foi gravado nos dias 8 e 9 de novembro de 2013, no HSBC Brasil, em São Paulo (SP). Acompanhado pelos ótimos músicos Carlos Bala (bateria), Glauton Campello (piano e teclados), Jessé Sadoc (trompete e flugelhorn), Marcelo Mariano (contrabaixo), Marcelo Martins (saxofone e flauta), Paulo Calasans (piano e teclados) e Torcuato Mariano (guitarras), o cantor e compositor alagoano apresenta músicas do CD ‘Rua dos amores’ (2012), como a faixa-título, ‘Pecado’, ‘Ares sutis’ e ‘Já não somos dois’, além de sucessos como ‘Oceano’ (‘Djavan’, 1989), ‘Samurai’ (‘Luz’, 1982) e ‘Flor de lis’ (‘A voz, o violão, a música de Djavan’, 1976), no roteiro que enfileira 24 números. Gravada em estúdio, a inédita ‘Maledeto’, incluída apenas no CD, já está em rotação nas rádios do segmento adulto contemporâneo. As belas imagens do DVD dirigido por Hugo Prata se alinham ao costumeiro requinte das apresentações de Djavan, ...

Segue o som, a receita pop de Vanessa da Mata

Vanessa da Mata finalmente lança o disco adiado por causa de sua incursão no cancioneiro de Tom Jobim (1927 – 1994) em 2013. Em ‘Segue o som’ (Jabuticaba/ Sony Music) a mato-grossense refaz sua já conhecida receita de bolo sem, no entanto, adicionar sabores novos e/ou surpreendentes. Novamente pilotando a produção estão Liminha e Kassin, que também se alternam em instrumentos como baixo, guitarra e teclados. Mistura de reggae, pop, carimbó e barulhinhos contemporâneos, a sonoridade é adequada à música de Vanessa, sempre cosmopolita ao observar sua aldeia.   A contagiante ‘Toda humanidade veio de uma mulher’, abre o CD com boa pegada que se repete na faixa-título, ambas com a participação de Lincoln Olivetti (piano rhodes). A guitarra tocada por Kassin imprime personalidade à romântica ‘Não sei dizer adeus’. A balada ‘Ninguém é igual a ninguém (desilusão)’ critica a mundo de aparências superficiais (“A contramão do amor puro/ O fast-fode, o jato do alívio”) e prepara o ouvinte ...

Maestria de Gil salva 'Gilbertos samba'

Gilberto Gil pôs os pés na estrada para a turnê de lançamento do CD ‘Gilbertos samba’ (Sony Music), iniciada no dia 5 de abril no Theatro Net, no Rio de Janeiro. O tão esperado disco de sambas do cantor e compositor baiano é também uma homenagem ao conterrâneo João Gilberto. Aos 71 anos, o mais pop dos Doces Bárbaros parece desacelerar a máquina de hits de outrora no show em que dá voz aos 12 sucessos do “bruxo de Juazeiro” incluídos no CD, além de outras nove canções. Aos clássicos como ‘As pés da cruz’ (Marino Pinto/ Zé da Zilda, 1942) e ‘Você e eu’ (Vinicius de Moraes/ Carlos Lyra, 1961), juntam-se outros como ‘Rosa morena’ (Dorival Caymmi, 1942) e ‘Chiclete com banana’ (Gordurinha/ Almira Castilho, 1959). Se o violão, instrumento adotado a partir da audição de João no rádio, continua impecável, a voz apresenta falhas, principalmente nas regiões mais graves em que Gil vem cantando há algum tempo. Ao tentar emular o minimalismo zen do mestre João, Gilberto soa correto sem, contu...

Maria Rita - Esse samba tá diferente

Após o projeto de covers de sucessos de Elis Regina (1945 – 1982), Maria Rita está de volta ao samba. Sete anos separam ‘Coração a batucar’ de ‘Samba meu’, primeira incursão da cantora paulista ao gênero musical que se confunde com a própria identidade musical brasileira. Ela bisa a parceria com Arlindo Cruz, que desta vez divide com Xande de Pilares o posto de compositor mais presente no álbum lançado pela gravadora Universal Music. Mas a assistência dos bambas cariocas não é garantia de faixas animadas, expectativa comum quando se trata de um CD de samba. A estranheza provocada pela capa do disco, um tanto soturna, em aparente dicotomia com o estilo musical, se dissipa logo na primeira audição. Produzido por Maria Rita, ‘Coração a batucar’ se distancia da jovialidade de ‘Samba meu’, do produtor Leandro Sapucahy. O CD de 2007 tinha uma descontração até então pouco usual no trabalho da artista e a aproximou de um público mais jovem. Menos espontâneo, o samba de Maria agora batuca...

Dori Caymmi: alguém cantando por nós

O filho mais velho do mestre baiano Dorival Caymmi (1914 – 2008) comemora sete décadas de vida. Carioca nascido no bairro do Andaraí, Dorival Tostes Caymmi, dono de um estilo inconfundível, tornou-se uma das mais importantes referências da música brasileira feita a partir dos anos 1960, a chamada MPB. Para celebrar a efeméride, Dori presenteia seu público com 13 canções feitas a quatro mãos com seu principal parceiro, o poeta Paulo César Pinheiro. Todas inéditas, nada de manjadas regravações adornadas pela sonoridade da moda. Apenas o violão, seu cúmplice musical há 55 anos, acompanha Dori no álbum ’70 anos’, lançado pela gravadora Acari Records. Canções praieiras, tão caras ao patriarca dos Caymmi, surgem sedutoras em faixas como ‘Manto real’, ‘Pesca na rede’ e ‘Espuma’. Embaladas pela voz grave do cantor, ‘Beira-rio, beira-estrada, beira-mar’ e ‘Toada do carro-de-boi’ compõem a paisagem interiorana de um país sonhado, que não se realizou plenamente. O verde das matas e mares, o ...