O
cantor e compositor paulista Dani Black regrava faixas de seu álbum de estreia,
lançando pela gravadora Som Livre, em 2011, no EP ‘SP Dani Black ao vivo’, atualmente
disponível para download no site do artista. Com vigor e sem firulas, o filho
de Tetê Espíndola e Arnaldo Black se reveza entre a guitarra e o violão, acompanhado
pelos músicos Serginho Carvalho (baixo), Adriano Magoo (teclados/acordeom) e
Sandro Moreno (bateria). O nível de testosterona, aparentemente tão baixo na cena
musical contemporânea, é elevado sem que Black abra mão de
certa delicadeza. Tudo bem equilibrado para produzir um convincente pop
radiofônico.
As
descoladas interpretações, aliadas a um suingue próprio, distanciam ma non tropo Dani do estereótipo de
cantor romântico. O sentimento amoroso, tão especialmente caro à música popular
brasileira, é tema de composições como ‘Miragem’, dos derramados versos “Se um
dia eu não puder amar/Não puder cantar/Pelo seu melhor/Nesse dia eu não serei
mais eu/Só serei um ser triste ao meu redor”.
Cantadas
deslavadas, como ‘Me pega de jeito’ e ‘Encontros carnais’, lembram o jovem
Fábio Jr. de ‘Eu me rendo’ (Sérgio Sá) e fazem o público feminino presente na
gravação soltar gritinhos. Contudo, o timbre sinuoso de Dani Black se aproxima
mais do canto de Chico César, artista que o convidou para participar do DVD
‘Aos vivos agora’ (2012). O autor de ‘Mama África’ rubrica ‘Comer na mão’, uma
das duas faixas não assinadas somente por Dani – a outra é ‘Deixa o barco Ir’,
parceria com Arnaldo Black.
No
arranjo acidentado de ‘Juntos outra vez’, a influência do pernambucano Lenine
transparece. O ar hippongo que contagia ‘Só Sorriso’, incluída nos extras do
DVD ‘Multishow Ao Vivo’ (2010) da amiga Maria Gadú, se dissipa logo em seguida na
sacana ‘Devagarinho’. Contrariando a balada mais conhecida do mineiro Vander
Lee, Dani Black mostra que românticos estão longe de ser uma espécie em
extinção.
Comentários