“Eu posso conquistar tudo que eu quero”, avisa Anitta, a
poderosa da hora, em ‘Meiga e abusada’ (Anitta/ R. Araújo/ Jefferson Júnior),
um dos hits do seu disco de estreia, lançado com alarde pela gravadora Warner
Music. Reciclando o discurso feminista presente em sucessos de cantoras de
outras gerações, a moça de 20 anos, campeã de visualizações na rede, atualiza o
romance sob a ótica da galera que frequenta seus bailes, sempre lotados. A
jovem loba também encara o desacato e, se não devolver no ato, amanhã pode
esperar: “Se vai ficar não brinca/ sou mais que uma conquista”, diz em ‘Tá na
mira’ (Anitta). Contudo, seu discurso não é tão explícito quanto o de estrelas
do estilo “proibidão” do funk carioca, o que viabiliza sua música nas rádios.
A batida descaradamente pop distancia o álbum, produzido
por Umberto Tavares e Mãozinha, do pancadão característico do funk, servindo de
eficiente embalagem para a voz (pequena) de Anitta, como evidenciam ‘Achei’
(Anitta/ Umberto Tavares/ Jefferson Júnior), ‘Menina má’ (Anitta) e ‘Não para’
(Anitta), naturalmente destinadas às pistas de dança, salvo o preconceito de
algum DJ. A sonoridade oriental de ‘Eu sou assim’ (Anitta/ Umberto Tavares/
Jefferson Júnior) também soa atraente.
Instrumento musical havaiano muito apreciado por cantoras
fofas da mpb, o ukelelê dá o tom em ‘Zen’ (Anitta/ Umberto Tavares/ Jefferson
Júnior), faixa mais suave, que ao lado do quase reggae ‘Som do coração’
(Anitta) cumpre o protocolo de baladas do disco. Prefira a Anitta venenosa (e
divertida) de ‘Cachorro eu tenho em casa’ (Anitta/ Umberto Tavares/ Jefferson
Júnior).
Seguindo a prática recorrente entre as musas do Olimpo
Pop, onde Madonna é soberana, a morena carioca conjuga música dançante e visual
estudado para seduzir. Na efêmera cena midiática, Anitta desempenha bem o seu
papel. Se ela vai conseguir estender seus quinze minutos de fama, só o tempo
dirá. Enquanto isso caia na gandaia sem preconceitos e deixe a menina brilhar
em paz.
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