Esteta da canção brasileira originada na efervescente
década de 1960, Edu Lobo construiu bissexta discografia à qual se junta o CD
‘Edu Lobo & Metropole Orkest’. Gravado em maio de 2011, no Teatro Beurs Van
Berlage, em Amsterdam, na Holanda, o disco por ora lançado pela gravadora
Biscoito Fino eterniza o feliz encontro entre o artista brasileiro e a orquestra
holandesa regida pelo maestro Jules Buckley. Gilson Peranzzetta assina as
impactantes orquestrações e Mauro Senise dá conta das flautas, saxes e flautins
na quase totalidade das faixas. Nem o caráter revisionista do repertório embaça
o brilho singular de números como ‘Vento bravo’ (Edu Lobo/ Paulo César
Pinheiro, 1973) e ‘Dança do corrupião’ (Edu Lobo/ Paulo César Pinheiro, 2010) –
dois grandes momentos do CD.
Entre temas instrumentais como ‘Casa forte’ (Edu Lobo,
1969) e ‘Zanzibar’ (Edu Lobo, 1970), que ganham sotaque jazzístico, Edu relê
clássicas parceiras com Chico Buarque, como ‘A história de Lily Braun’ (Edu
Lobo/ Chico Buarque, 1983) e ‘A bela e a fera’ (Edu Lobo/ Chico Buarque, 1983),
do ballet ‘O grande circo místico’, e ‘Frevo diabo’ (Edu Lobo/ Chico Buarque,
1988), do ballet ‘Dança da meia lua’. Confortável na recriação da própria
lavra, Lobo ameniza, com sua voz bem colocada, a contundente ‘Ode aos ratos’
(Edu Lobo/ Chico Buarque, 2001), do musical ‘Cambaio’, em contraste com as incisivas
versões de Chico Buarque e Ney Matogrosso. Seu apurado refinamento musical
transparece ainda nas belíssimas ‘Choro bandido’ (Edu Lobo/ Chico Buarque,
1985), ‘Canção do amanhecer’ (Edu Lobo/ Vinicius de Moraes, 1965) e ‘Canto
triste’ (Edu Lobo/ Vinicius de Moraes, 1967). No cordão da saideira’ (Edu Lobo,
1967), ‘Ave rara’ (Edu Lobo/ Aldir Blanc, 1993) e ‘Na carreira’ (Edu Lobo/
Chico Buarque, 1983) completam o impecável repertório que repassa grandes
momentos da cinquentenária carreira deste brilhante artista da MPB.
Comentários