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Mostrando postagens de 2013

Ney Matogrosso e Jussara Silveira se destacam em 2013

Em 2013 as paradas de sucesso foram dominadas pela tríade sertanejo-pagode-funk, não por acaso gêneros musicais que passam por notória simbiose. O estilo de interpretação oriundo do gospel norte-americano virou modelo ideal entre os candidatos ao estrelato musical e a indústria fonográfica remanescente repetiu a receita dos manjados projetos caça-níqueis travestidos de homenagem. Em outra ponta foram lançados incontáveis CDs de nomes da chamada cena indie , impulsionados pelas facilidades das tecnologias atuais, principalmente a internet. Dani Black, Toni Ferreira e Tulipa Ruiz, promissores representantes da nova geração notadamente influenciada pela MPB, conquistaram mais visibilidade. Meses antes da realeza da mesma MPB ter seu brilho embaçado por um inacreditável flerte com a velha e temível censura, Ney Matogrosso estreou ‘Atento aos sinais’, impactante espetáculo no qual mirou a produção de alguns dos novos nomes da cena musical brasileira e, de quebra pescou ‘Roendo as unha...

Sergio Britto faz bossa à sua maneira no CD 'Purabossanova'

Lançado pela gravadora Som Livre em outubro de 2013, o quarto disco solo de Sergio Britto, ‘Purabossanova’, traz a famosa batida de violão, nova bossa surgida no final dos anos 1950, em apropriado formato pop. O autor de vários sucessos do (atual) quarteto Titãs, troca, momentaneamente, o peso do rock’n’roll pelo doce balanço do gênero musical nascido no Rio de Janeiro, também sua terra natal. Fazendo bossa à sua maneira, Britto se destaca principalmente como compositor em faixas como ‘Completamente triste’, ‘Como iguais’ e ‘Purabossanova’, realçadas pelas elegantes participações de Alaíde Costa, Luiz Melodia e Rita Lee, respectivamente. Uma das raízes da Bossa Nova, o samba está presente em ‘Maria (l’autre chienne)’, cantada em dueto com Roberta Sá. O álbum produzido por Guilherme Gê e Emerson Villani vai além da ensolarada orla da Zona Sul carioca, trilhando o pop mexicano de Julieta Venegas (‘Lento’) e do argentino Charly García (‘Cancion para mi muerte’). A mítica Evita Perón...

Jussara Silveira lava nossa alma com sua ‘Água lusa’

Voz de muitas águas, Jussara Silveira volta a atravessar o Atlântico em seu novo álbum ‘Água lusa – Jussara Silveira canta Tiago Torres da Silva’ (Dubas Música/Universal Music). Após o belo ‘Flor bailarina – Canções de Angola’, no qual interpreta a música de compositores angolanos, a cantora mergulha nos mares do mais icônico gênero musical português, o fado. Sereia das mais melodiosas da música popular brasileira, Jussara derrama sua voz de aparente calmaria sobre os temas do escritor lisboeta Tiago Torres da Silva, compositor gravado por nomes do chamado ‘Novo fado’ de Portugal, com o habitual requinte, que permeia sua irretocável discografia. Em vibrantes interpretações, de tons elevados em instantes precisos, Jussara imprime a esperada carga dramática característica do fado tradicional, que influencia a música portuguesa contemporânea. A cantora beira a perfeição em ‘O mar fala de ti’ (Ernesto Leite/Tiago Torres da Silva), acompanhada pelo piano e o acordeão de Filipe Raposo....

Chitãozinho & Xororó renovam seu som em 'Do tamanho do nosso amor'

Chega às lojas neste mês de dezembro o CD e DVD ‘Do tamanho do nosso amor - ao vivo’, de Chitãozinho & Xororó. Gravado no dia 22 de agosto de 2012, no Wood’s Bar, em São Paulo (SP), o registro audiovisual lançado pela gravadora Universal Music atualiza a sonoridade da já veterana dupla.  Na estrada há mais de quarenta anos, os irmãos paranaenses ajudaram a formatar a música sertaneja que se tornou sucesso nos anos 1980 e 1990, quando aproximaram a música caipira tradicional do pop extremamente romântico e radiofônico, num movimento semelhante ao feito pelos pagodeiros. A pretendida roupagem contemporânea é obtida graças à eficiência do diretor e produtor musical Fernando Zor, que também assina a maioria dos arranjos com o músico Gabriel Júnior. Ele ainda participa do registro audivisual ao lado do parceiro Sorocaba, autor da faixa-título, com quem forma um das duplas mais conhecidas na nova cena sertaneja: Fernando & Sorocaba.  Guitarras cheias de energia garante...

Dani Black revê canções românticas no EP 'SP Ao Vivo'

O cantor e compositor paulista Dani Black regrava faixas de seu álbum de estreia, lançando pela gravadora Som Livre, em 2011, no EP ‘SP Dani Black ao vivo’, atualmente disponível para download no site do artista. Com vigor e sem firulas, o filho de Tetê Espíndola e Arnaldo Black se reveza entre a guitarra e o violão, acompanhado pelos músicos Serginho Carvalho (baixo), Adriano Magoo (teclados/acordeom) e Sandro Moreno (bateria). O nível de testosterona, aparentemente tão baixo na cena musical contemporânea, é elevado sem que Black abra mão de certa delicadeza. Tudo bem equilibrado para produzir um convincente pop radiofônico. As descoladas interpretações, aliadas a um suingue próprio, distanciam ma non tropo Dani do estereótipo de cantor romântico. O sentimento amoroso, tão especialmente caro à música popular brasileira, é tema de composições como ‘Miragem’, dos derramados versos “Se um dia eu não puder amar/Não puder cantar/Pelo seu melhor/Nesse dia eu não serei mais eu/Só ser...

Em fase especial, Lulu Santos exibe suas joias pop em ótimo espetáculo

Realeza do Pop nacional, Lulu Santos se deu ao luxo de “esnobar” o ótimo repertório de seu mais recente álbum, dedicado à obra de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, no show apresentado nos dias 22 e 23 de novembro de 2013, no Citibank Hall, na Barra da Tijuca (RJ). Nem mesmo ‘As Curvas da Estrada de Santos’, incluída na trilha sonora da novela das nove – garantia de execuções nas rádios e sonho de consumo de dez entre dez artistas e gravadoras – entrou no roteiro. Criado para promover a caixa ‘Toca Lulu’, lançada pela gravadora Sony Music em dezembro de 2012, o espetáculo (com ingressos esgotados nas duas noites) traz Lulu em momento especial de sua carreira, como ele mesmo ressaltou no palco da casa noturna. Momentos antes, o cantor e compositor havia gravado sua participação no especial de fim de ano de Roberto Carlos. Com a popularidade novamente em alta, por causa de sua participação em um programa televisivo, Lulu estava visivelmente feliz no palco da casa noturna. Empunhando p...

Aos 40 anos de carreira, Ney Matogrosso segue 'Atento aos Sinais'

Durante sua irretocável carreira artística, que já conta quatro décadas, Ney Matogrosso sempre soube ser antena, captando e registrando novidades, e raiz, revestindo de contemporaneidade o repertório de renomados nomes da música popular brasileira. ‘Atento aos sinais’, seu novo álbum lançado pela gravadora Som Livre, vem juntar-se a discos arejados como ‘Olhos de farol’ (1999) e ‘Inclassificáveis’ (2008), este, registro em estúdio do vitorioso show de mesmo nome. Em ‘Atento aos sinais’ Ney volta a empregar o recurso. Do roteiro de 19 músicas do excelente show (clique aqui para ler a resenha) que estreou nacionalmente em fevereiro deste ano em Juiz de Fora (MG) 14 integram o repertório gravado em estúdio. A  bela 'Astronauta lírico' (Vítor Ramil) ficou de fora. Os calorosos arranjos do espetáculo são reproduzidos já na primeira e urgente faixa, ‘Rua da passagem’ (Trânsito), contundente parceria de Lenine e Arnaldo Antunes, lançada pelo artista pernambucano no CD ‘Na pres...

Entre acertos e descaminhos, Simone chega ao 41º CD, 'É melhor ser'

Entre rotas confortáveis e (des)caminhos de muitas regravações, Simone chega ao 41º álbum da discografia iniciada em 1973. Com produção musical de Bia Paes Leme e arranjos do pianista Leandro Braga, o repertório de ‘É melhor ser’ (Biscoito Fino) reúne músicas de expoentes femininos do ofício de compor, outrora mais ligado ao universo dos homens. A boa ideia esbarra na má escolha de algumas canções pra lá de batidas, como ‘Mutante’ (Rita Lee/Roberto de Carvalho), ‘Só nos resta viver’ (Ângela Ro Ro) e ‘Acreditar’ (Ivone Lara/Delcio Carvalho). As regravações, aliás, pontuam a produção. Bisando a boa receita do interessante álbum anterior, ‘Na veia’ (2009), a baiana volta acertadamente a se debruçar sobre as obras de Adriana Calcanhotto e Marina Lima. Da (cada vez mais cool) artista gaúcha, Simone aquece e injeta cores em ‘Aquele plano para me esquecer’, faixa do CD ‘Micróbio do samba’ (2011). Sua voz calorosa também reacende o ‘Charme do mundo’ de Marina e Antônio Cícero, em releitur...

Dorina canta 'Sambas de Luiz' Carlos da Vila em ótimo CD

Enquanto as poucas gravadoras remanescentes ainda sonham – em vão – em encontrar a nova Clara Nunes, a cantora Dorina há 17 anos dá voz ao samba feito nos terreiros e fundos de quintais dos subúrbios cariocas. Desde a sua boa estreia no mercado fonográfico em 1996, quando lançou ‘Eu canto samba’, a portelense vem colocando sua voz (cada vez mais) bem colocada a serviço de repertórios sabiamente escolhidos. Como se dá em ‘Sambas de Luiz’, álbum que traz 14 faixas compostas pelo saudoso sambista Luiz Carlos da Vila, com bonito projeto gráfico assinado por Felício Torres. Gravado ao vivo no Centro Municipal de Referência da Música Carioca, no bairro da Muda, Rio de Janeiro, ‘Sambas de Luiz’ ressalta a obra da melhor qualidade assinada pelo autor de sucessos como ‘Doce refúgio’, ‘Nas veias do Brasil’ e ‘Por um dia de graça’ – gravado por uma esfuziante Simone em 1984 o samba de enredo ganha registro menos acelerado no álbum produzido por Claudio Jorge e por Alessandro Cardozo. O can...

Novo CD de Jeneci, 'De graça', conserva as altas doses de doçura

Três anos após estrear no mercado fonográfico com o superestimado ‘Feito para acabar’, Marcelo Jeneci lança seu segundo álbum, ‘De graça’ (Slap/Natura Musical). O semblante mais sério, com olhos delineados e uma indefectível barba ostentada pelo artista paulista sugerem algum amadurecimento, causado pelo fim de um relacionamento amoroso, segundo o próprio Jeneci afirmou em recentes entrevistas. Como outros colegas da cena musical contemporânea, Marcelo quer mostrar sua dor elegante. Nada que afugente os fãs, afinal as altas doses de doçura que caracterizaram ‘Feito para acabar’ foram conservadas. Os vocais açucarados de Laura Lavieri nos duetos à la Leno & Lilian, ou nos solos como ‘Tudo bem, tanto faz’ (Marcelo Jeneci/ Laura Lavieri/Arnaldo Antunes), contribuem para a atmosfera juvenil, sem tanta instabilidade climática. Lágrimas e chuvas molham o vidro da janela, mas o ‘Temporal’ (Marcelo Jeneci/Isabel Lenza) anunciado logo se dissipa: “olha em paz que a nuvem já se desfaz”, ...

O álbum 'Alegria' traz a música sem fronteiras do Barbosa Trio

Ritmos tradicionais da música brasileira como o baião, o xote e o samba ecoam na sonoridade de ‘Alegria | Szczęście’, álbum de estreia do Barbosa Trio, formado pelo paranaense Wagner Barbosa (violão/voz), pelo cearense Rafael Mota Rodrigues (percussão) e pelo polonês Kuba Palys (piano/voz). Os eficazes arranjos assinados por Wagner revelam ainda a influência do rock rural produzido no país nos anos 1970 e 1980. O enxuto repertório bilíngue inclui boas inéditas como ‘Rastapé’ (Wagner Barbosa), ‘Alegria’ (Wagner Barbosa) e, a melhor de todas, ‘Pererê’ (Demetrius Lulo/Wagner Barbosa). O interessante mote de ‘Gaveta’ (Dani Gurgel/Wagner Barbosa), ideias e sentimentos guardados que podem ser esquecidos, parece não ter encontrado a solução mais adequada. A participação do grupo percussionista polonês Ritmodelia ressalta o teor world music contido no maracatu ‘Pata de elefante’ (Wagner Barbosa) e na jazzística ‘Nothing new’ (Wagner Barbosa). O trio recria as clássicas ‘Água de beber’...

A arca de Noé e Vinicius de Moraes navega em mar de almirante

Derradeiro projeto de Vinicius de Moraes (1913 – 1980), ‘A arca de Noé’ ressurge no ano do centenário do poeta e compositor. Misturando canções dos discos de 1980 e 1981, além de poemas musicados para a nova versão, a arca capitaneada por Susana de Moraes navega em mar de almirante. Conduzida pelos timoneiros Dé Palmeira e Adriana Calcanhotto, a lúdica embarcação aposta na segurança das rotas (quase todas) experimentadas pela nau original. Como na arca dos anos 1980, a seleção das espécies cantantes que representam a música popular brasileira, aposta mais em nomes consagrados do que verdadeiramente em novatos, como Tulipa Ruiz e Marcelo Jeneci, por exemplo. A maioria dos artistas naturalmente leva a canção escolhida para o seu habitat e, felizmente, não há pretensiosas “desconstruções” dos clássicos infantis. Contudo, há arrojo nas melhores faixas do CD. A revoada etérea d’As borboletas (Cid Campos/ Vinicius de Moraes) provocada pela interpretação impressionista de Gal Costa, a ...

'Samba dobrado' traz obra de Djavan no canto singular de Rosa Passos

Há tempos Rosa Passos visita a obra de Djavan. Em seu segundo disco, ‘Curare’ (1991), se encontra o registro de ‘Sim ou não’. Dois anos depois a baiana gravou ‘De flor em flor’. Em 1999 foi a vez de ‘Beiral’ ganhar a interpretação cool de Rosa, que em 2002 lançou ‘Azul’, álbum dedicado às composições de Gilberto Gil, João Bosco e... Djavan. Além da faixa-título, entraram no disco ‘Samurai’, ‘Aliás’, ‘Açaí’ e ‘A ilha’. ‘Álibi’ também ganhou sua versão em ‘Romance’, de 2008. Naturalmente todo esse histórico também contribui para a sensação de familiaridade sentida logo à primeira audição de ‘Samba dobrado – As canções de Djavan’, novo CD de Rosa Passos. Distribuído pela gravadora Universal Music, ‘Samba dobrado’ finalmente concretiza o longo namoro musical, com direto a afagos do compositor em texto no encarte, prontamente retribuídos pela cantora na autoral ‘Doce menestrel’, parceria com Fernando de Oliveira, que encerra do disco. Obra que ganha forte acento jazzístico, especialm...

A música sem fronteiras do pianista Pablo Lapidusas

Cosmopolita, o argentino Pablo Lapidusas gravou as faixas de seu segundo disco solo entre as cidades de Lisboa, Rio de Janeiro, Buenos Aires, Maputo, Los Angeles e Londres. Contudo, tais deslocamentos geográficos não interferem na unidade sonora de ‘Estrangeiro’, álbum de som contemporâneo e sofisticado, por ora lançado pelo selo Kalamata Música. Sem negar a influência do jazz, o músico criou belas aberturas para determinadas faixas, que produzem verdadeiro encantamento, caso de ‘Intro’, que precede o tema romântico de ‘Cinema Paradiso’ (Ennio Morricone, 1988) e de ‘Tema para Farida’, que anuncia a bela inédita ‘Baila ballet’ (João Carlos Schwalbach), que encerra o disco. Entre a jazzística ‘Caravan’ (Duke Ellington/ Juan Tizol, 1937) e a pop(ular) ‘Blackbird’ (John Lennon/ Paul McCartney, 1968), Pablo impõe seu elegante dedilhado a clássicos da música popular brasileira. A inquietude original de ‘Sítio do pica-pau amarelo’ (Gilberto Gil, 1977) ganha novas cores. A beleza rítmi...

Carla Visi reaparece com o CD 'Pura claridade', tributo à Clara Nunes

Com passagens pelas bandas Cia. Clic e Cheiro de Amor, nos anos 1990, a baiana Carla Visi põe sua boa e melodiosa voz a serviço de (mais um) tributo à Clara Nunes (1942 – 1983), neste ano que marca as três décadas da morte da Guerreira. ‘Pura Claridade’ (MHP Música/ Sony Music) apresenta repertório composto por regravações de uma faixa de cada álbum lançado por Clara, além dos sambas ‘Mineira’ (João Nogueira/ Paulo César Pinheiro, 1975) e ‘Um ser de luz’ (João Nogueira/ Mauro Duarte/ Paulo César Pinheiro, 1983). Inspiradas em momentos dolorosamente tão distintos, vida e morte da sambista, as composições respectivamente abrem e encerram o CD. Com arranjos assinados por Izaias Marcelo, Pezinho, Didi Pinheiro, Jota Moraes e Rildo Hora, ‘Pura claridade’ aproxima a música (perene) de Clara Nunes do samba contemporâneo com seus tantãs e repiques, além do banjo e do cavaco se revezando como instrumentos-guias. Não por acaso, as faixas assinadas pelo experiente Rildo Hora são destaques:...

Ana Carolina tenta parecer leve em #AC

Lançado em junho de 2013, o sexto CD de inéditas de Ana Carolina tenta aproximar a obra passional da artista mineira das pistas de dança – algo já ensaiado em trabalhos anteriores, embora em menores doses. Produzido a quatro mãos por Ana e por Alê Siqueira, #AC (Armazém/ Sony Music) conserva a intensidade peculiar que provoca reações igualmente arrebatadas de críticos e fãs. A pretensa aura moderna está na sonoridade obtida pela ausência da bateria, substituída pela trinca de programações (a cargo de Mikael Multi, Dj Cia, Alê Siqueira e da própria Ana), percussão e scratches . Em time que está ganhando não se mexe (muito), como bem sabe a artista, que viu o álbum ‘Nove’ (2009) ser mal recebido por seu público, justamente por (tentar) se afastar das canções de apelo populista. Deste modo o amor passional, tema preferido de Ana, se traveste de baladinha pop em ‘Combustível’ (Ana Carolina/ Edu Krieger), em alta rotação nas rádios do seguimento adulto. Ele reaparece mais (in)tenso e...

Ellen Oléria dispensa sutilezas em CD pós 'The voice'

Ganhadora da primeira edição do programa ‘The voice’, da Rede Globo, Ellen Oléria lança pela gravadora Universal Music seu terceiro CD, como parte da premiação conquistada no grito. Com um timbre bacana, acertando vez por outra nas interpretações, Oléria faz parte da crescente turma de admiradores do estilo vocal exagerado de muitas cantoras norte-americanas. Tal predileção fica evidente logo na primeira faixa, ‘Anunciação’ (Alceu Valença, 1983), que começa muito bem, mas termina alguns tons acima. A prática é recorrente ao longo do disco, como se Ellen quisesse provar sua potência vocal. O ecletismo adotado pelo programa televisivo – e pela quase totalidade de cantoras novatas surgidas a cada semana – reverbera em boa parte do repertório, concebido para agradar aos mais variados gostos. Assim, Ellen alinha ‘Aqui é o país do futebol’ (Milton Nascimento/ Fernando Brant, 1970), tema de viés político renovado pelas manifestações deflagradas país a partir de junho deste ano, e o suce...

Na efêmera cena midiática, Anitta desempenha bem o seu papel

“Eu posso conquistar tudo que eu quero”, avisa Anitta, a poderosa da hora, em ‘Meiga e abusada’ (Anitta/ R. Araújo/ Jefferson Júnior), um dos hits do seu disco de estreia, lançado com alarde pela gravadora Warner Music. Reciclando o discurso feminista presente em sucessos de cantoras de outras gerações, a moça de 20 anos, campeã de visualizações na rede, atualiza o romance sob a ótica da galera que frequenta seus bailes, sempre lotados. A jovem loba também encara o desacato e, se não devolver no ato, amanhã pode esperar: “Se vai ficar não brinca/ sou mais que uma conquista”, diz em ‘Tá na mira’ (Anitta). Contudo, seu discurso não é tão explícito quanto o de estrelas do estilo “proibidão” do funk carioca, o que viabiliza sua música nas rádios. A batida descaradamente pop distancia o álbum, produzido por Umberto Tavares e Mãozinha, do pancadão característico do funk, servindo de eficiente embalagem para a voz (pequena) de Anitta, como evidenciam ‘Achei’ (Anitta/ Umberto Tavares/ J...

Rodrigo Santos faz eficiente pop rock em 'Motel maravilha'

O cantor, compositor e baixista Rodrigo Santos aposta na produção autoral em ‘Motel maravilha’, seu quinto disco solo. Bem produzido por Nilo Romero, que assume o baixo na maioria das faixas, o álbum lançado de forma independente apresenta um pop rock cheio de vigor e sinceridade para embalar canções que abordam os relacionamentos amorosos. O disco começa de forma irregular com os clichês listados em ‘Essa canção é nossa’ (Rodrigo Santos), mas logo em seguida ‘Remédios’ (Rodrigo Santos) desfaz a má impressão. Arranjado por Sacha Amback, o ska ‘Me abraço agora ou nunca mais’ (Rodrigo Santos) segue a trilha de “dois pobres corações em frangalhos” com romantismo bem humorado. A intensidade rítmica de ‘O processo’ faz da faixa um dos destaques do CD, ao lado de ‘Motel maravilha’ (Rodrigo Santos/ George Israel/ Mauro Santa Cecília), samba bem sustentado pela percussão eficiente de Marcos Suzano. A sétima arte também serve de mote para ‘Tela de cinema’ (Rodrigo Santos/ Zé Roberto ...

Toni Ferreira apresenta boas credenciais em seu álbum de estreia

Lançado pela gravadora Universal Music, o disco de estreia do cantor e compositor paulista Toni Ferreira traz seu nome como título. Nada mais natural para quem quer mostrar seu trabalho em um país dominado por vozes femininas. Os jovens cantores estão aí, mas curiosamente poucos conseguem se destacar nacionalmente. A julgar pela apresentação, Toni parece ter as credenciais necessárias para alcançar o sucesso. A voz agradável, cujo timbre moderadamente rascante lembra o de Cazuza (1958 – 1990), conquista. Bem produzido por Pélico e Jesus Sanchez, o CD ‘Toni Ferreira’ apresenta uma sonoridade enxuta e elegante. Entre violões de vários tipos, samplers e firmes delicadezas, a voz do cantor está sempre em primeiro plano. O álbum enfileira potenciais hits radiofônicos como ‘Olha só’ (Pélico), ‘Te falo amanhã’ (Maria Gadú), além da bem escolhida primeira faixa de trabalho, ‘Saber de uma alma’ (João Guarizo) – impregnada por uma sensação de nostalgia que transborda em outros momentos, c...

'Sou eu', primeiro CD da cantora Lu Oliveira, deixa boa impressão

‘Sou eu’, álbum de estreia da cantora fluminense Lu Oliveira, traz apenas dez faixas. Pode parecer pouco, principalmente para uma novata que “precisa” dizer a que veio, mas a opção se mostra acertada logo na primeira audição. A moça, de voz agradável e segura, soa sincera nas faixas arranjadas pelos experientes Arthur Verocai, Leandro Braga, Jacques Morelenbaum, João Carlos Coutinho e Cristovão Bastos, recrutados pelo produtor Zé Renato. A começar pela linda faixa-título assinada pelo maestro Moacir Santos (1926 – 2006) e pelo compositor Nei Lopes, é clara a escolha de um repertório que gira em torno do samba, sem que Lu chegue realmente a pisar no terreiro. Essa sensação fica mais evidente em ‘Baticum de samba’ (Roque Ferreira/ Paulo César Pinheiro, 2004), que carece da “cadência de tambor/ malícia de tantã”, enfim, da batucada reverenciada nos versos de Pinheiro. Paulo César também assina a letra de ‘Dia de graça’, samba que comunga a igualdade entre as etnias, lançado pelo pa...

No tempo de Elza Soares

"Todos juntos vamos/ Pra rua Brasil/ Salvem essa nação", pediu Elza Soares, atualizando os versos do famoso tema de Miguel Gustavo para a Copa de 1970 no show em cartaz no Teatro Rival, no Rio de Janeiro (RJ). Afiada, a cantora criticou o "novo" Maracanã em 'Aqui é o país do futebol' (Milton Nascimento/ Fernando Brant) e 'O campeão' (Neguinho da Beija-Flor): "Não tem mais arquibancada". Acompanhada pelo violonista João de Aquino, Elza ainda sacou a obscura, mas não menos apropriada, 'Dona baratinha' (Almeida Rego/ Newton Ramalho) lá dos anos 1960, para comentar o casamento da neta do empresário Jacob Barata. Elza Soares é cronista de seu tempo. E seu tempo é hoje.

Vanessa da Mata leva a música de Tom Jobim para o seu canto

Adequadamente levado para o estúdio, onde a tecnologia maquia imperfeições, o projeto ‘Vanessa da Mata canta Tom Jobim’ (Jabuticaba/ Sony Music) apresenta dezesseis clássicos de Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim (1927 – 1994). Embora não seja a intérprete ideal de músicas como ‘Por causa de você’ (Tom Jobim/ Dolores Duran, 1957), ‘Sabiá’ (Tom Jobim/ Chico Buarque, 1968) e ‘Dindi’ (Tom Jobim/ Aloysio de Oliveira, 1959), Vanessa encara com decência a difícil tarefa de reler canções eternizadas por grandes vozes.  A partir dos arranjos assinados pelo maestro e pianista Eumir Deodato, o requisitado produtor Kassin soube criar uma ambiência contemporânea, próxima à sonoridade característica da discografia da cantora e compositora mato-grossense. Diferentemente da edição anterior do projeto concebido pela Nívea, não se tentou reviver o passado glorioso do homenageado através da extrema reverência. Tudo foi pensando de modo a deixar Vanessa da Mata minimamente confortável....

O samba de Alcione transita por vários quintais no ótimo CD 'Eterna alegria'

Depois do belo projeto ‘Duas faces’ (2011), com o qual comemorou seus 40 anos de carreira, Alcione volta a lançar um disco de inéditas. ‘Eterna alegria’ (Marrom Music/ Biscoito Fino), retoma a opção por um repertório mais alegre, já acenada no bom CD ‘Acesa’ (2009). Não espere por uma mudança radical de estilo no álbum que traz arranjos dos experientes Alexandre Menezes, Ivan Paulo, Jorge Cardoso, Julinho Teixeira, Paula Calasans e Zé Américo. O romantismo tão característico está presente em faixas como ‘Sentença’ (Serginho Meriti/ Claudemir/ Ricardo Moraes) e ‘Pontos finais’ (Ana Carolina/ Chiara Chivelo/ Dudu Falcão), impecavelmente interpretadas. O que difere ‘Eterna alegria’ dos discos lançados pela cantora na primeira década deste século, quando fez parte do elenco da gravadora Indie Records, é a qualidade das composições. A bonita ‘Êh, êh’, feliz parceira inaugural de Djavan e Zeca Pagodinho, conquista o ouvinte logo na primeira audição, graças à perfeita interação entre ...

'Rio Sonata', documentário sobre Nana Caymmi, é lançando em DVD

As grandes interpretações, o humor cortante e a intensidade com que sempre encarou a vida fazem de Nana Caymmi uma personagem especial. O cineasta franco-suíço Georges Gachot captou parte da rica história da filha de Dorival Caymmi em ‘Rio Sonata’ (2010), documentário   (clique aqui para ler a resenha) por ora lançado em DVD pelo selo ‘Quitanda’, de Maria Bethânia. Um belíssimo Rio de Janeiro parcialmente nublado serve de cenário para o sensível sobrevoo do diretor pela carreira da cantora. Gilberto Gil, Erasmo Carlos, Milton Nascimento e a dona da ‘Quitanda’, entre outros, falam da admiração pela colega famosa. ‘Rio Sonata’ tem distribuição da gravadora Biscoito Fino.

Lulu Santos canta e toca Roberto Carlos e Erasmo Carlos com maestria

Astro do pop-rock tupiniquim, Lulu Santos esbanja talento e criatividade em ‘Lulu canta & toca Roberto e Erasmo’, álbum dedicado ao repertório dos icônicos artistas vinculados à Jovem Guarda. Por mais que as treze canções escolhidas possam soar batidas à primeira vista, os inventivos arranjos assinados por Lulu rejuvenescem quase todas elas, sendo ‘É preciso saber viver’ (Erasmo Carlos/ Roberto Carlos) o momento mais fraco do disco lançando pela gravadora Sony Music. Recriada com sucesso pelos Titãs em sua fase mais comercial, no CD ‘Volume dois’ (Warner Music, 1998), a música lançada pelo Rei em 1974 soa deslocada ao apresentar o arranjo menos inspirado de ‘Lulu canta & toca Roberto e Erasmo’. Revestida por sopros e teclados, ‘As curvas da estrada de Santos’ (Erasmo Carlos/ Roberto Carlos, 1969) abre o 24º álbum de Lulu Santos de forma admirável. Imortalizada por Roberto, a belíssima canção também registrada com excelência por Elis Regina em 1970, ressurge atraente na ca...

Wilson das Neves dá aula de estilo e elegância em 'Se me chamar, ô sorte'

“Meu samba tem pedigree”, avisa o veterano Wilson das Neves no belo ‘Samba para João’, assinado com Chico Buarque, que encerra ‘Se me chamar, ô sorte’ (MP,B Discos/ Universal Music), seu novo CD. Baterista requisitado por grandes nomes da música popular brasileira, integrante da Orquestra Imperial e da banda que acompanha Buarque, das Neves destila a costumeira elegância no álbum produzido por ele, Paulo César Pinheiro e Berna Ceppas. Os caprichados arranjos de Cláudio Jorge, Vittor Santos, João Rebouças, Zé Luiz Maia, Jorge Helder, Bia Paes Leme e Luís Claudio Ramos, realçam o estiloso e certeiro fraseado do sambista que, na contramão da preguiçosa opção pelas recorrentes regravações, apresenta 14 faixas originais. Com o parceiro mais constante, Paulo César Pinheiro, Wilson assina ‘Cara de queixa’, ‘Trato’, ‘Jeito errado’, ‘Licor, sereno e mágoas’, ‘Máscara de cera’ e ‘Peão de obra’. Tuninho Gerais (‘O dono da razão’), Luiz Carlos da Vila (‘Ao nosso amor maior’), Nelson Sargent...

Pagodinho festeja três décadas de bons serviços prestados ao samba

Para comemorar os trinta anos de carreira, contados a partir da participação no disco ‘Suor no rosto’, de Beth Carvalho, Zeca Pagodinho deixou de lado a ideia de rever sua obra – como ‘Camarão que dorme a onda leva’, parceria com Arlindo Cruz e Beto Sem Braço, gravada em dueto com a madrinha Beth, em 1983. O sambista resolveu dar voz a antigos clássicos no CD/ DVD ‘ Multishow ao Vivo — 30 anos — Vida que segue’. A impecável produção assinada por Max Pierre (áudio) e Joana Mazzucchelli (vídeo) lançada pela gravadora Universal Music impressiona. O time de convidados especiais e a bonita cenografia assinada por May Martins contribuem para a beleza do projeto que mantém o artista em sua zona de conforto. Embora tenha momentos inspirados, como ‘Gosto que me enrosco’ (Sinhô, 1929), número que conta com a participação especial dos virtuoses Yamandú Costa (violão 7 cordas) e Hamilton de Holanda (bandolim), ‘Mascarada’ (Zé Keti/ Elton Medeiros, 1965) e ‘Só o ôme’ (Edenal Rodrigues, 1968...