Lançado pela gravadora Fina Flor, o quinto CD
do cantor e compositor carioca Augusto Martins é dedicado a João Donato. O
balanço e a bossa perpetrados pelo grande artista acreano dão o tom em ‘Felizes
trópicos’. Muito bem acompanhado pela excelente Orquestra Criôla, conduzida
pelo saxofonista Humberto Araujo, Augusto passeia com habilidade por repertório
predominantemente inédito que enfileira composições autorais medianas e faixas
assinadas por Moacyr Luz (‘Mistura crioula’), Francis Hime e Celso Viáfora (‘Bantu-tupi’),
Fred Martins e Marcelo Diniz (‘Refém’) e Júlio Dain (‘Big bang’). A
participação de Paulinho Moska na faixa ‘Vai por mim’ (Humberto Araújo/ Augusto
Martins) não atenua clichês de versos como “Agora é tudo ou nada” ou “A vida é
um jogo/ A sorte está lançada”. Embora sem brilhantismos, a junção entre o
samba e o cordel, proposta em ‘Sambordel’ (Fred Martins/ Augusto Martins) soa
mais interessante.
Não por acaso, os melhores momentos de
‘Felizes trópicos’ levam a rubrica de João Donato. Martins apresenta ‘Enquanto
a gente namora’ (João Donato/ Thalma de Freitas), com as luxuosas participações
de Robertinho Silva (bateria) e do próprio Donato (piano), e rebobina a
balançante ‘No fundo do mar’, parceria de João e Joyce, lançada no álbum
‘Aquarius’ (2010).
Cantor afinado, de fraseado elegante, Augusto
Martins transita por estes ‘Felizes trópicos’ com propriedade, mantendo sua
discografia distante de fórmulas popularescas – uma corajosa e louvável
escolha.
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