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Mostrando postagens de setembro, 2012

'Rua dos amores' evidencia a sofisticação de Djavan

Após dar voz a outros autores em ‘Ária’ (2010), Djavan volta a interpretar sua própria obra em ‘Rua dos amores’, álbum lançado pela Luanda Records, com distribuição da Universal Music. Primeiro disco de inéditas desde ‘Matizes’ (2007), ‘Rua dos amores’ é o resultado de um intenso momento autoral do artista alagoano: além das treze músicas, Djavan também assina a produção e os arranjos do disco. Evidenciando a sofisticação melódica e o senso rítmico que fazem o compositor dispor das palavras de um jeito peculiar, o vigésimo-primeiro CD de Djavan traz (re)conhecidas características de sua obra, como os elementos jazzísticos, realçados por excelentes músicos como Carlos Bala (baterista), Marcelo Mariano (baixo), Torquato Mariano (guitarra/ violão) e Paulo Calasans (teclado). O romantismo que inspirou sucessos como ‘Pétala’ (1982) e ‘Oceano’ (1989) dá o tom da trilha sonora desta “Rua”, por onde também passa a crítica política (‘Pode esquecer’). Mas são os diversos estágios do amo...

'Tropicália' segue a busca por novas narrativas

“Qual é a cola que juntou essas pessoas todas?”, pergunta, a certa altura, o Mutante Sérgio Dias Baptista, em ‘Tropicália’, documentário dirigido por Marcelo Machado, em cartaz nos cinemas brasileiros. Ao focalizar o movimento multicultural encabeçado por Caetano Veloso e Gilberto Gil no final dos anos 1960, o longa-metragem se apropria da dinâmica tropicalista, liquidificando imagens, música e personalidades, numa narrativa peculiar, distante do didatismo comum às produções do gênero. O trabalho do pesquisador Antônio Venâncio foi essencial. É impactante a sucessão das preciosas imagens que constituem registros de uma época de efervescência cultural que logo seria sabotada pela ditadura militar. Mais ainda o efeito causado pela explosão de cores que toma a tela durante a exibição das raríssimas cenas de Caetano e Gil cantando para uma multidão de pessoas na Ilha de Wight (Inglaterra, 1970). Já exilados, os baianos são apresentados pelo mestre de cerimônias como grandes artistas pr...

Mariene de Castro canta e samba pra valer

Após o consagrador show de lançamento do CD ‘Tabaroinha’, realizado em março de 2012, Mariene de Castro voltou a pisar no palco do Teatro Rival (RJ) na noite de sexta-feira, 14 de setembro (com outro show hoje, sábado), “pra cantar, pra sambar pra valer”. Único momento em que a baiana baixou os tons altos que permearam sua apresentação, a clássica ‘Eu vim da Bahia’ (Gilberto Gil) foi bela novidade do roteiro. Surpresa da primeira noite do show, o sambista Zeca Pagodinho encarou problemas técnicos no som de seu microfone e a potência vocal de Mariene durante o sucesso ‘Ogum’ (Claudemir/ Marquinhos PQD). Não é fácil acompanhar a vibrante artista. ‘Guerreira’ (João Nogueira/ Paulo César Pinheiro) foi cantada após Mariene anunciar a gravação do seu segundo DVD, dedicado à obra de Clara Nunes. O magnetismo e a autenticidade da cantora abalizam o projeto, embora as mesmas qualidades também reafirmem a beleza de seu canto, que não precisa de filtros e facilitadores para chegar ao gran...

Chico César mantém veemência em 'Aos vivos agora'

Em 1994 Chico César gravou seu primeiro CD, ‘Aos vivos’, no econômico formato voz-e-violão, durante três apresentações na Funarte de São Paulo (SP). Lançando um ano depois pela gravadora Velas, o disco se tornou um bem sucedido cartão de visitas do cantor e compositor paraibano. Com as participações especiais de Lenine e do mítico guitarrista Lanny Gordin, ‘Aos vivos’ apresentou ao país um artista inquieto que liquidificava referências e trazia novos sons para a música popular brasileira em músicas como ‘Mama África’ e ‘Á primeira vista’.  A partir daí, Chico viu suas composições serem disputadas por cantoras como Daniela Mercury, que voltou às paradas de sucesso com sua versão de ‘À primeira vista’, Maria Bethânia, que lançou a inédita ‘Onde estará o meu amor’, Elba Ramalho e Zizi Possi, que gravaram simultaneamente o aboio ‘Béradêro’. Quase duas décadas depois, Chico César refaz aquele repertório em ‘Aos vivos agora’, registro audiovisual das três apresentações que aconte...

Tulipa, livre, leve e solta

Dois anos após o promissor álbum de estreia, ‘Efêmera’, Tulipa Ruiz lança seu esperado segundo disco. Disponível para downloads no site oficial da artista, ‘Tudo tanto’ traz 11 composições inéditas assinadas por ela. Ainda que os temas explorados nas canções sejam por vezes intensos, há em ‘Tudo tanto’ uma leveza contagiante. Tulipa exala um frescor inexistente em muitas novatas que já nascem meras cópias de alguma cintilante estrela do vasto céu da MPB. No caso de Tulipa, não há apenas uma influência, há multiplicidade de referências sem que nenhuma delas se sobressaia a ponto de interferir inadequadamente em sua música. Destaque da cena indie , tão característica das novas gerações de músicos, sobretudo de São Paulo, Tulipa faz Música Pop Brasileira contemporânea, verdadeira lufada de ar fresco que poderia arejar as programações musicais das rádios, viciadas nas dores de amores de Anas, Marisas e congêneres. Tulipa imprime outros tons na batida discussão do relacionamento am...

Festejado show de Chico Buarque ganha excelente registro

Sexto registro ao vivo na discografia de Chico Buarque, o CD duplo ‘Na carreira’, lançado pela gravadora Biscoito Fino, perpetua o impecável repertório apresentado na turnê de divulgação do ótimo álbum ‘Chico’ (2011). Gravado durante a festejada temporada do artista na casa de espetáculos Vivo Rio (RJ), em fevereiro de 2012, ‘Na carreira’ enfileira antigas e novas composições do cantor e compositor carioca, cuja presença nos palcos é cada vez mais rara. Buarque reuniu preciosidades espalhadas por seus 45 anos de carreira e, felizmente, as dez belas músicas de ‘Chico’. Há espaço ainda para ‘Tereza da praia’, do mestre e parceiro Tom Jobim (e Billy Blanco), revivida com Wilson das Neves. Além do som excelente, a cargo de Luiz Leme, Fernando Ferrari e Fernando Prado, o refinado projeto gráfico assinado por Fabio Arruda e Rodrigo Bleque também merece destaque.