Editado em junho deste ano pela gravadora
Biscoito Fino, o álbum ‘Contigo aprendi’ marca a última participação de Magro
Waghabi (1943 – 2012) no MPB-4, grupo vocal cuja história se entrelaça com a do
próprio termo que lhe serve de nome há 48 anos (embora o trio inicial, Ruy,
Aquiles e Miltinho, tenha se reunido em 1962).
Com as luxuosas participações do Quarteto
Maogani, do Duofel, do Trio Madeira Brasil e de Toninho Horta, o MPB-4
harmoniza boleros famosos. Fonte inequívoca do samba-canção nativo nos anos 1950,
a música de raízes espanholas adotada por países latinos ganhou inéditas
versões em português de Abel Silva, Caetano Veloso, Carlos Rennó, Fernando
Brant, J. C. Costa Netto, Hermínio Bello de Carvalho, Paulo César Pinheiro e
Vitor Ramil. Fiéis ao sentido original de cada canção, os letristas realçam o
sentimentalismo inerente ao gênero com certa dose de sobriedade. O resultado é
satisfatório, sendo a versão de Miltinho para ‘Contigo aprendi’ (Armando
Manzanero) menos interessante, conquanto tenha recebido um dos melhores
arranjos do disco.
Sem a grandiloquência frequentemente
associada a projetos semelhantes, os arranjos calcados nos violões
participantes e na discreta e certeira percussão de Guello revestem o disco com
sofisticação. As habituais harmonizações vocais do MPB-4 valorizam faixas como
‘Sabe deus’ (‘Sabrá dios’, de Alvaro Carrilho, versão: Caetano Veloso) e ‘Quiçá,
quiçá, quiçá’ (‘Quizás, quizás, quizás’, de Osvaldo Farres, versão: Hermínio
Bello de Carvalho). Com sua impecável introdução a capella, ‘Contigo na distância’ (‘Contigo em la distancia’, de
Cesar Portillo de la Luz, versão: Vitor Ramil) também se destaca, assim como
‘Noite de ronda’ (‘Noche de ronda’, de Maria Tereza Lara, versão: Paulo César
Pinheiro/ Paulo Frederico).
A tradição romântica de gerações de
brasileiros é preservada sem cair no populismo barato, no disco produzido e
dirigido por Magro Waghabi. ‘Contigo aprendi’ mantém a excelência e a qualidade
que abalizam a longeva carreira artística do MPB-4.
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