Lançado originalmente no Japão, em 2009, com
edições posteriores na Europa e nos Estados Unidos, finalmente chega ao Brasil
o disco ‘Aquarius’, que reúne Joyce Moreno e João Donato. Expoentes da música
brasileira mais suingada, cheia de bossa, a carioca e o acreano bisam o feliz
encontro que tiveram em 2000, quando lançaram ‘Tudo bonito’ (Sony Music).
‘Aquarius’ sai pela gravadora Biscoito Fino, sem alterações no repertório e com
novo e mais bonito projeto gráfico assinado por Philippe Leon.
A inédita ‘No fundo do mar’ (João Donato/
Joyce Moreno), faixa que abre o disco, entrega a envolvente e arejada
sonoridade latina, de alto refinamento harmônico, rítmico e melódico, que
caracteriza a música de Donato. Atributos muitas vezes presentes na obra de
Joyce, cantora e compositora cuja bela forma vocal valoriza faixas como
‘Guarulhos cha cha cha’ (Joyce Moreno), ‘E passa o carrossel’ (João Donato/
Joyce Moreno) e a jazzística ‘Aquarius’.
Além de ‘Tardes cariocas’ (Joyce Moreno) e
‘Feminina’ (Joyce Moreno), a dupla também atualiza ‘Xangô é de Baê’ (João
Donato/ Rubem Confete/ Sidney da Conceição), ijexá gravado por Donato no disco
‘Lugar comum’ (1975). Com letra de Arnaldo Antunes e Péricles Cavalcanti,
‘Amazonas’ (João Donato, 1965) reaparece como ‘Amazonas 2’.
Resultado da união entre a sofisticada trama
melódica de Donato e a bela (e característica) letra de Joyce, o samba-canção
‘Luz da canção’ se impõe como um dos melhores momentos de ‘Aquarius’. É irresistível
como a bossa de ‘E muito mais’ e o balanço sincopado de ‘Amor nas estrelas’,
assinadas por João Donato e seu irmão, Lysias Ênio.
Joyce presta homenagem aos mestres Dorival
Caymmi (1914 – 2008) e Tom Jobim (1927 – 1994) em ‘Caymmi visita Tom’, e ao
próprio parceiro neste disco, também referência musical na juventude, em
‘Procura o Donato’ (Jorge Helder/ Joyce Moreno). Além do violão bossanovístico
da cantora e do piano sempre inventivo de Donato, ‘Aquarius’ tem as
participações dos excelentes músicos Jorge Helder (baixo), Tutty Moreno
(bateria), Jessé Sadoc (flugelhorn, trompete), Ricardo Pontes (flauta), Sidinho
Moreira (percussão) e Mattis Cederberg (trombone).
Gravado em um estúdio do bairro carioca de
Santa Teresa, o álbum reitera as afinidades musicais de Joyce Moreno e João
Donato, artistas de diferentes gerações, unidos por certos acordes dissonantes
que mudaram os rumos da canção brasileira.
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