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Mostrando postagens de abril, 2012

Mariene de Castro: o canto doce e consciente da "Tabaroinha"

A cantora Mariene de Castro durante entrevista na gravadora Universal Music Desde que surgiram nos anos 1970, Clara Nunes (1942 – 1983), Alcione e Beth Carvalho formaram o insuperável trio de divas sambistas da música popular brasileira. Apesar de inúmeras tentativas, nenhuma outra cantora do gênero conseguiu projeção nacional semelhante à delas. Com a prematura saída de cena da “mineira guerreira”, o nicho das canções de temática afro-brasileira também ficou vago. Muitas intérpretes fogem do título, dizendo ser limitador. Não é o caso de Mariene de Castro. Lançando seu terceiro disco, ‘Tabaroinha’ (Universal Music), a doce baiana filha de Oxum empunha sem medo a bandeira do samba (“É o sentimento negro que mora em mim, é a minha natureza, uma alma que canta samba com uma saudade, com uma dor que não é da minha idade, não é do meu tempo”) e encara com naturalidade as comparações com Clara (“Ela colocou os orixás no horário nobre da televisão. Por causa dela, de Bethânia e das p...

Quintal do Pagodinho: repetindo sucessos

Chamam-se ‘paus de sebo’ os discos que reúnem nomes ainda desconhecidos, apostas de sucesso de alguma gravadora. Um dos mais famosos exemplares, ‘Raça brasileira’ (gravadora RGE), foi lançado em 1985 e apresentou ao público Mauro Diniz, Pedrinho da Flor, Jovelina Pérola Negra e Zeca Pagodinho, entre outros. Em 2001, o já consagrado Zeca difundiu uma coletânea de compositores mais ou menos ignorados mostrando suas composições inéditas.  A primeira edição de ‘Zeca apresenta Quintal do Pagodinho’, gravado ao vivo em Xerém, trouxe quinze dos autores favoritos do sambista, recorrentes em seus discos. Onze anos depois chega às lojas a segunda edição do projeto nas versões CD e DVD sem o frescor da original. O padrão de qualidade – leia-se produção musical de Rildo Hora – permaneceu inalterado. Por sua vez, o bem-vindo ineditismo deu lugar a sucessos pra lá de batidos. Assim, durante as dezesseis faixas do CD (ou as vinte e quatro do DVD), o ouvinte pode ter sua atenção desviada...

Em noites luminosas, Gal Costa apresenta o já antológico show 'Recanto'

Musa, Gal Costa inspira Caetano Veloso há mais de quatro décadas. Juntos criaram inúmeros clássicos da música popular brasileira. ‘Recanto’ , a mais recente parceria dos dois baianos suscitou dúvidas entre os de má fé: seria um disco de compositor ou da cantora? Em noites luminosas, Maria da Graça Costa Penna Burgos respondeu a questão da melhor forma, colocando sua voz tamanha a serviço de 22 canções habilmente costuradas no roteiro do recém- nascido show. Linda, leve e solta, Gal retorna aos palcos rejuvenescida e rejuvenescendo antigos sucessos. Sua sensualíssima interpretação de ‘Folhetim’ (Chico Buarque, 1978) pode não ter o frescor dos tempos de ‘Água Viva’, mas apresenta toda a carga dramática de uma intérprete que traz a vida na voz, com bem explicita ‘Minha voz, minha vida’ (Caetano Veloso, 1981).  A mesma voz, rasgada em ‘Divino maravilhoso’ (Caetano Veloso/ Gilberto Gil, 1968), doce em ‘Baby’ (Caetano Veloso, 1968), precisa em ‘Força estranha’ (Caetano Veloso, 1978...