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Mostrando postagens de dezembro, 2011

'Chico' e 'Recanto' são os discos da MPB em 2011

Lançado em julho de 2011, ‘ Chico ’, o novo álbum de Buarque, suscitou críticas unanimes. Resenhas, as mais variadas, seguiram caminhos semelhantes apontando a falta de “arrebatamento” do disco e a “obra-prima” ‘Sinhá’ (Chico Buarque/ João Bosco). Cinco anos após o CD ‘Carioca’, Chico entregou joias tão valiosas quanto sutis, entre elas a valsa ‘Nina’. Um de nossos melhores compositores segue registrando magnificamente as impressões colhidas ao longo dos seus 67 anos de vida. Tal como na canção-homenagem feita por Caetano Veloso, Chico Buarque “brilha único, indivíduo, maravilha sem igual. Já tem coragem de saber que é imortal”. O baiano de Santo Amaro da Purificação também esteve em alta ao entregar à Gal Costa as onze canções que constituem o arrebatador ‘ Recanto ’, lançado em dezembro, envolto a grande expectativa. Seis anos depois de ‘Hoje’ (Trama), CD recebido friamente pelos críticos, ‘Recanto’ aponta novos rumos e recoloca Gal na dianteira da produção musical contemporân...

Comemorando vitoriosos 40 anos de carreira, Alcione se destaca em 2011

Lançados em outubro de 2011, o CD e o DVD ‘Jam session’ fazem parte do projeto ‘Duas faces’ concebido para comemorar os 40 anos de carreira de Alcione. Primeiro produto do selo da artista, Marrom Music, distribuído pela gravadora Biscoito Fino, ‘Jam session’ reúne companheiros de ofício em belos duetos, canções de sotaques internacionais, lados B da discografia da cantora, além de inéditas em sua voz. Alcione registrou as 18 faixas em sua própria casa em sessões (quase) informais. O resultado é um DVD primoroso, o melhor já feito pela cantora, que não poupa talento, exibindo a potente voz em grande forma, valorizando cada canção.

Joias raras e modernas cintilam em 2011

Em 2011 a indústria fonográfica voltou a revirar seus preciosos baús para seduzir colecionadores e aficionados em CDs. No ano em que o iTunes chegou ao mercado brasileiro, a Universal Music lançou as caixas com a discografia de ícones da MPB como Maria Bethânia e Ney Matogrosso. A Discobertas, do pesquisador Marcelo Fróes encaixotou os primeiros discos do Zimbo Trio e a obra completa de Celly Campello. Um dos destaques da gravadora foi o lançamento do álbum ‘Ademilde Fonseca’, lançando originalmente em 1975. O DJ Zé Pedro também entrou no mercado musical com sua Joia Moderna, reeditando importantes discos nunca antes digitalizados e trazendo de volta grandes cantoras como Célia e Cida Moreira.

Os caminhos nada óbvios de Mariana Aydar e Mônica Salmaso em 2011

Trilhando diferentes caminhos musicais, duas cantoras paulistanas se sobressaíram pela qualidade dos discos lançados em 2011. Ao se distanciar do samba, fio condutor de seus outros álbuns, Mariana Aydar lançou o interessante ‘Cavaleiro selvagem aqui te sigo’. Sob a batuta do maestro Letieres Leite, engenhoso comandante da Orquestra Rumpilezz, Mariana deu novos e preciosos passos na direção oposta a certa obviedade que permeia o cenário musical brasileiro. Mônica Salmaso reafirmou seu posto único no panteão das cantoras nacionais com o belíssimo CD ‘Alma lírica brasileira’. Sua música passa longe do pop-brega feito para tocar no rádio e, diferentemente das colegas surgidas nas últimas décadas, ela não compõe. Sem perseguir o sucesso fácil, valorizando a arte de cantar, Mônica constrói sua refinada discografia graças à habilidade em pescar pérolas do cancioneiro nacional das mais variadas épocas.

Arlindo Cruz e Beth Carvalho se destacam no samba em 2011

Em 2011 o samba permaneceu firme e forte. Reverenciado por vozes estreantes na indústria fonográfica como Thaís Macedo (‘O dengo que a nega tem’), ganhou leitura heterodoxa de Adriana Calcanhotto (‘O micróbio do samba) e viu o grupo Fundo de Quintal se livrar dos recorrentes registros de shows ao lançar o bom ‘Nossa verdade’. A volta de Beth Carvalho ao disco e aos palcos foi saudada pelos amantes do gênero. ‘Nosso samba tá na rua’ figura entre os melhores álbuns da cantora que voltou a trabalhar com o produtor Rildo Hora. Com repertório assinado por bambas consagrados e novos nomes do samba carioca, ‘Nosso samba tá na rua’ ainda rendeu um show vibrante. Seria o disco de samba do ano se um nome recorrente no repertório da própria Beth não tivesse voltado a gravar. Primeiro CD de inéditas desde ‘Sambista perfeito’, lançado em 2007, ‘Batuques e romances’ trouxe o samba da melhor qualidade feito por Arlindo Cruz há quase três décadas, desde que surgiu nas míticas rodas de samba ...

Mario Adnet refaz caminhos históricos em 'Vinicius & os maestros'

Violonista, compositor, arranjador e produtor musical, Mario Adnet lançou importantes trabalhos sobre as obras de Moacir Santos (1926 – 2006), Tom Jobim (1927 – 1994), Baden Powell (1937 – 2000), Villa-Lobos (1887 – 1959) e Luiz Eça (1936 – 1992), entre outros grandes nomes da música popular brasileira. Desta vez, Adnet buscou parcerias (quase) desconhecidas de Vinicius de Moraes (1913 – 1980) com os maestros Claudio Santoro (1919 – 1989), Pixinguinha (1898 – 1973), Moacir Santos e Baden Powell. Tom, que mereceu dois belos CDs no projeto intitulado ‘+ Jobim jazz’, ficou de fora. O álbum ‘Vinicius & os maestros’ traz 15 faixas elegantemente arranjadas por Mario e executadas por uma orquestra de 54 músicos reunidos para o projeto também concebido para o palco. O maestro Claudio Cruz é o regente convidado. Além das participações especiais de um time de músicos excepcionais como Jurim Moreira (bateria) e Armando Marçal (percussão), ‘Vinicius & os maestros’ traz ainda os tarim...

A Elizeth da Rosa

Rosa Passos estreou oficialmente como cantora e compositora em 1979 com o disco ‘Recriação’, no qual assinava todas as faixas com o parceiro Fernando Oliveira. Doze anos depois, o título do álbum de estreia tornou-se uma das principais marcas do estilo da baiana. Rosa não inventa novos mundos, sua maior habilidade é recriar canções, como ficou claro em ‘Curare’ (1991). O repertório de clássicos como ‘ Tim tim por tim tim’ (Geraldo Jaques/ Haroldo Barbosa) e ‘Fotografia’ (Tom Jobim), aliado ao seu canto minimalista e à bossa de seu violão, ajudou a dar à Rosa a alcunha de “João Gilberto de saias”. Desde então a cantora vem usando sua voz pequena, de fraseado rítmico sofisticado, a serviço da reinvenção de músicas quase sempre vinculadas a outras vozes em seus discos de carreira como ‘Rosa canta Caymmi’ (2000) e ‘Amorosa’ (2004), dedicados a Dorival Caymmi e João Gilberto, respectivamente, além dos projetos ‘Letra & Música Ary Barroso - Rosa Passos e Lula Galvão’ (1997) e ‘Rosa...

Macalé valoriza canções em 'Jards'

Concebido a partir do projeto de registrar a produção de um CD em todas as suas fases para a gravação de um DVD ainda a ser lançado, ‘Jards’ é o terceiro álbum lançado por Jards Macalé pela gravadora Biscoito Fino. O pianista Cristóvão Bastos, com quem Macalé já havia trabalhado nos discos ‘ O q faço é música’ (1998), ‘ Real Grandeza’ (2005) e ‘Macao’ (2008), assina a direção musical e os belos arranjos de ‘Jards’. O ótimo time de músicos recrutados, que engloba nomes como Jorge Helder (baixo), Jurim Moreira (bateria), Kassin (baixo), Pedro Sá (guitarra) e Domenico Lancellotti (bateria) reveste cada faixa de apurada contemporaneidade. Além dos clássicos de sua própria lavra, há espaço para o profético samba ‘Juízo final’ (Nelson Cavaquinho/ Élcio Soares), conduzido pela sincopada batida na caixa de fósforos de Elton Medeiros (voz) e pelo violão de Macalé, e para ‘Black and blue’ (Andy Razaf, Fatz Walter e George Brooks), número onde Jards evoca Louis Armstrong (1901 - 1971) e...