“Alô Brasil, o tempo até passou/ mas não o meu amor”, declara um saudoso Vinicius Cantuária em ‘Praia Grande’, faixa que abre o disco ‘Samba carioca’, lançado no exterior em 2009 pelo selo francês Naïve, que chega ao mercado nacional via gravadora Biscoito Fino neste mês de novembro. O sotaque jazzístico da parceria com Marcos Valle indica a ‘Orla’ (Vinicius/ Marcos Valle/ Liminha/ Dadi) musical percorrida por Cantuária nas demais canções do álbum.
Entre faixas autorais como ‘Berlim’ e ‘Conversa fiada’ e os clássicos bossanovísticos ‘Vagamente’ (Roberto Menescal/ Ronaldo Bôscoli, 1963) e ‘Inútil paisagem’ (Tom Jobim/ Aluísio de Oliveira, 1964), o samba de Vinicius vai além do litoral do Rio de Janeiro ao arregimentar músicos como Marcos Valle (piano), João Donato (piano), Brad Mehldau (piano), Bill Frisell (guitarra), Paulo Braga (bateria), Liminha (baixo elétrico), Dadi (guitarra), Sidinho (percussão) e Jesse Sadoc (flugelhorn). A elegante mistura de sotaques instrumentais resulta em um disco cosmopolita, atemporal.
O canto suave do multi-instrumentista radicado há 17 anos em Nova Iorque (EUA) remete, em alguns momentos, às interpretações mais suaves de Caetano Veloso, em cuja banda Vinicius tocou entre as décadas de 1970 e 1980. O baiano de Santo Amaro da Purificação apresentou o compositor Vinicius Cantuária ao sucesso quando gravou a suave ‘Lua e estrela’ no disco ‘Outras palavras’ (1981).
Essa suavidade está presente nas parcerias com Paulo Sérgio Valle (‘Só ficou saudade’) e com o guitarrista norte-americano Arto Lindsay (‘Fugiu’) – que também assina a produção musical de ‘Samba carioca’. Ao preservar a raiz tupiniquim, a bossa de Vinicius Cantuária se mostra afinadamente globalizada.
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