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foto: Cezar Fernandes |
Na noite de segunda-feira, 07 de novembro de 2011, Thais Macedo pisou o palco do Teatro Rival para apresentar as canções do CD ‘O dengo que a nega tem’, lançado de forma independente em agosto passado. Muito bem acompanhada por Carlinhos Sete Cordas (violão), Marcio Hulk (cavaquinho), Fernando Merlin (teclado), Dirceu Leite (sopros), Esguleba e Jaguara (percussão), Jorge Gomes (bateria) e Jamil Joanes (baixo), a moça confirmou a boa impressão causada no disco de estreia.
Apesar do som da casa estar alto demais, nivelando, em alguns números, as melodias e criando uma “massa sonora” sem muitas nuances, o show transcorreu adequadamente. O aparente e compreensível nervosismo da jovem cantora não embaçou sua apresentação, ainda que tenha deixado perceptível sua inexperiência, principalmente nos intervalos entre as canções. Nada que não possa ser burilado.
Em momento harmonioso, Thais homenageou o centenário Nelson Cavaquinho, escoltada por Gabriel de Aquino (violão) e Gabriel Grossi (gaita). ‘Luz negra’ (Amâncio Cardoso/ Nelson Cavaquinho), ‘Palhaço’ (Oswaldo Martins/ Washington/ Nelson Cavaquinho) e ‘Folhas secas’ (Guilherme de Brito/ Nelson Cavaquinho) soaram bonitas na voz potente de Thais.
Ela pôs o público para dançar com a irresistível ‘Candeeiro da saudade’ (Dunga/ Roque Ferreira), comprovando que as composições do baiano Roque soam ainda melhores quando levadas por uma boa cozinha percussiva. Além do samba que dá nome ao disco e ao show, outra canção de Dorival Caymmi, ‘Morena do mar’, mereceu belo registro a capella da morena Thais. O repertório ainda apresentou releitura convincente de ‘De amor é bom’ (Edil Pacheco/ João Nogueira), afoxé que nomeou o disco lançado por João Nogueira (1941 – 2000) em 1985.
Sem os tiques da turma da Lapa, distante do romantismo popularesco, Thais Macedo surge como promessa de se tornar estrela do samba. Com emissão vigorosa, graves interessantes e bela figura – além do sedutor gingado –, ela resgata canções de épocas tão distintas como ‘Filosofia’ (Noel Rosa, 1933) e ‘Ainda é tempo de ser feliz’ (Sombra/ Arlindo Cruz/ Sombrinha, 1998) sem ostentação, com a leveza dos seus 22 anos. Que as divindades do samba reconheçam e abençoem essa dengosa nega.
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