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Mostrando postagens de setembro, 2011

Dori Caymmi celebra parceria em disco impregnado de brasilidade

Na apresentação do novo CD de Dori Caymmi, ‘Poesia musicada’ (gravadora Acari Records), Paulo César Pinheiro relembra seu encontro musical com o primogênito dos Caymmi. Iniciada em 1969 com ‘Evangelho’, a parceria rendeu pouco menos de 100 canções (nas contas de Pinheiro) e acaba de ganhar mais um belo capítulo com o lançamento do álbum de 13 faixas assinadas a quatro mãos. Produzido e arranjado por Dori, ‘Poesia musicada’ proporciona ao ouvinte uma viagem pelo Brasil distante dos grandes centros urbanos, banhado pelo mar, onde o vento balança as redes – de pesca e de esteira. Onde a noite estrelada é convite para o aconchego junto ao bem-querer. Uma viagem sem riscos pelo cancioneiro característico do século XX, distinto de boa parte da música produzida atualmente. Herança do pai, Dorival Caymmi (1914 – 2008), tão evidente quanto o refinado gosto musical, a voz grave e profunda de Dori é veículo apropriado para a poesia impregnada de brasilidade de Paulo César Pinheiro. “Poesi...

Há 36 anos, a feiticeira Marília Pera apostava em futuros talentos da MPB

Além de Carmen Miranda, Dalva de Oliveira, Maria Callas, Marília Pera já transformou em muitas outras estrelas da música brasileira e internacional ao longo de sua longeva e gloriosa carreira. Ela estreou nos palcos em 1948 interpretando a filha da atriz francesa Henriette Morineau na peça ‘Medéia’, de Eurípedes.  Para as gerações que a conhecem apenas por seus personagens tragicômicos em novelas globais, ou ainda pela histriônica interpretação de ‘120... 150... 200 km por hora’ (Erasmo Carlos/ Roberto Carlos) no show ‘Elas cantam Roberto’ (2009), durante os festejos pelos 50 anos de carreira do Rei, a reedição do álbum ‘Feiticeira’ recupera/apresenta outros encantos de Marília. Lançada originalmente no distante ano de 1975, a trilha sonora do espetáculo de mesmo nome, estrelado pela atriz, ganha versão em CD produzida por Thiago Marques Luiz para a gravadora Joia Moderna. Concebido pela Marília e por Nelson Motta (na época, seu marido), com roteiro de Fauzi Arap e do própri...

Novas sereias (en)cantam Marina Lima em 'Literalmente loucas'

Doze novas sereias da música popular brasileira foram reunidas pelo DJ Zé Pedro em ‘Literalmente loucas – As canções de Marina Lima’ (gravadora Joia Moderna), álbum no qual as composições (mais ou) menos conhecidas da cantora e compositora carioca ganharam releituras contemporâneas. Sintomaticamente, o projeto conduzido pela jornalista Patrícia Palumbo, apresenta coesão sonora que sublinha a cena musical atual que, apesar da notória procura por sons e texturas inusitados, é pontuada por guitarras de sotaque originário nas décadas de 1970/1980. Dona de certa marra historicamente atribuída aos conterrâneos de Marina, a paulista Tulipa Ruiz reacende a sensualidade esperta de ‘Memória fora de hora’ (Marina Lima/ Antônio Cícero), de ‘Simples como fogo’ (1979). Com seu canto algo etéreo, Tulipa transforma a faixa de abertura em um dos melhores momentos de ‘Literalmente loucas’, confirmando os merecidos elogios que vem recebendo da crítica especializada. O ótimo arranjo de Gustavo Ruiz (...

Entre batuques e romances, Arlindo faz ótimo show

Muita gente se retirava do Citibank Hall quando os inconfundíveis acordes de ‘Andança’ anunciaram a presença de Beth Carvalho no palco da casa de espetáculos da Barra da Tijuca, já na madrugada de domingo, 11 de setembro de 2011. A anunciada participação da madrinha do samba no show ‘Batuques e romances’, de Arlindo Cruz, só aconteceu após o tempo regulamentar, nos acréscimos da partida. Ao entrar em campo às 22h45, acompanhado das crianças do Jongo da Serrinha, citando versos de Noel Rosa e Vadico (‘Feitio de oração’) e convidando o público, ‘Seja sambista também’ (Arlindo Cruz/ Sombrinha), Arlindo enfileirou sambas inspirados nos costumes das religiões afro-brasileiras. Lançado em 1988 pelo grupo Fundo de Quintal, ‘Banho de fé’ (Arlindo Cruz/ Sereno/ Sombrinha) precedeu ‘Pelo litoral’ (Arlindo Cruz/ Acyr Marques/ Rogê), buliçosa faixa do novo álbum. De outro imperiano de fé, Beto Sem Braço (1940 – 1993), vieram ‘Ô Irene’ e ‘Deixa a fumaça entrar’. Primeira faixa do CD ‘Batuq...

Cida Moreira: uma dama longe da obviedade

“Antes de Deus criar terra e mar/ Ele segurava as estrelas na mão/ Que giravam em seus dedos/ Como areia em grão/ Até que um dia uma caiu...”, diz a versão do ator e diretor teatral Antônio Carlos Brunet para ‘Lost in the stars’ (Maxwell Anderson/ Kurt Weill), faixa que encerra ‘A dama indigna’, álbum de Cida Moreira lançado recentemente pela gravadora Joia Moderna. De seu quarto no ‘Hotel das estrelas’ (Jards Macalé/ Duda), nossa solitária dama coloca seu canto dramático a serviço de canções interligadas por uma linha teatral que envolve o ouvinte logo na primeira audição. Acompanhada apenas por seu vigoroso – e sensível – piano, Cida irmana compositores tão distantes quanto Gonzaguinha (‘Palavras’) e David Bowie (‘Soul love’). Apesar da indisfarçável solitude que atravessa as 14 faixas do disco, é o amor em suas mais diversas formas que dá o tom em ‘A dama indigna’, mesmo que em certo momento ela o renegue: “Quem chora por amor é um imbecil/ Quem vive de ilusão é muito mais”, d...