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Mostrando postagens de agosto, 2011

Centenário Pedro Caetano ganha bela homenagem

Para comemorar o centenário do pai, o compositor Pedro Caetano (1911 – 1992), Cristina Caetano imaginou um projeto que incluía blog, site, documentário, show, DVD, enfim, tudo aquilo que um grande artista – e sua obra – merece em uma data tão expressiva. Ela foi atrás do sonhado patrocínio, mas, surpreendentemente, não obteve a resposta esperada. O  relato em primeira pessoa faz parte do vídeo que antecedeu o show ‘Pedro Caetano 100 anos’, apresentado por Cristina Buarque, Mariana Baltar e Marcos Sacramento nas noites de 25 e 26 de agosto de 2011, no Teatro Rival Petrobrás. Para a alegria do público que lotou o tradicional reduto cultural da Cinelândia – e dela própria – Cristina encontrou outros entusiastas da música popular brasileira, dispostos a não deixar passar em branco a efeméride. Cronista musical, Pedro Caetano retratou através de sambas, choros, valsas e marchinhas carnavalescas inspiradas, cenas cotidianas do Rio de Janeiro, capital da República – como atesta o privile...

Repertório recorrente inibe voos mais altos de Glória Bomfim

Originalmente lançado em 2007, o CD ‘Santo e orixá’ (Acari records) trazia 14 afro-sambas inéditos compostos por Paulo César Pinheiro na voz da estreante cantora Glória Bomfim. Repaginado visualmente, com outro título e repertório reduzido para 12 faixas, o disco reaparece agora através da Quitanda de Maria Bethânia, via gravadora Biscoito Fino. ‘Anel de aço’, nome da faixa que passa a abrir o álbum em sua nova versão, nomeia o relançamento que deixou de fora ‘Bambueiro’ e ‘A palma da palmeira’. Perpetuando a tradição musical brasileira, onde são cíclicas as histórias de intérpretes oriundas das camadas menos favorecidas da população, a mãe-de-santo Glória Bomfim viu seu talento ser observado e reconhecido enquanto trabalhava como doméstica na cada do casal Luciana Rabello e Paulo César Pinheiro. Seu histórico assemelha-se ao de duas personalíssimas estrelas, verdadeiros ícones da cultura afro-brasileira, reveladas tardiamente. Possuidora de insuspeitada destreza no fraseado rítmico e...

O delicado canto de Gabi Buarque

Integrante do grupo ‘Mulheres que cantam Chico’, cantora, compositora e instrumentista formada pela Escola de Música Villa-Lobos, Gabi Buarque coloca sua doce voz a serviço de variados ritmos em seu disco de estreia. ‘Deixo-me acontecer’ (título retirado do livro ‘Água viva’, de Clarice Lispector) apresenta econômicas nove faixas, oito delas assinadas pela artista carioca (algumas em parceiras), com arranjos e direção musical de Miguel Martins Apresentada pelos renomados poetas/ letristas da música popular brasileira, Hermínio Bello de Carvalho e Sérgio Natureza, Gabi Buarque trafega com segurança pelas quebradas do samba, coco e maracatu, e aporta com serenidade nas canções. O lirismo do choro ‘Prosa em lá’ (Kalu Coelho/ Gabi), faixa que abre o disco, roça o universo musical do famoso primo distante, Chico Buarque. Do alto de tenros 28 anos, contrariando os famosos versos de ‘Esses moços’, do gaúcho Lupicínio Rodrigues, Gabi entrega: “Eu, de amores, já sofri/ falo com propriedade”, n...

Silvia Maria: o retorno de uma rara cantora

Ave rara, Silvia Maria lança pela gravadora Joia Moderna seu terceiro disco. Antes a cantora paulistana só tinha registrado os álbuns ‘Porte de rainha’ (1973) e, sete anos mais tarde, ‘Coragem’. O novo trabalho impressiona pelo repertório peculiar e pela voz apurada que remete à escola musical que deu ao país Elis Regina (1945 – 1982), embora em alguns momentos Silvia se aproxime da afinação mais leve e bossa-novista de Joyce sem, contudo, chegar-se plenamente ao famoso balanço da zona sul carioca. O canto de Silvia Maria é veemente. Na seleção musical de ‘Ave rara’ não há concessão à programação mesmerizada das FMs como atestam canções como ‘Rio vermelho’ (Milton Nascimento/ Danilo Caymmi/ Ronaldo Bastos), lançada por Milton no LP ‘Courage’ (1968), e ‘Ave rara’ (Edu Lobo/ Aldir Blanc), faixa do disco ‘Corrupião’, gravado por Edu em 1993. Ao canto intenso de Silvia adequam-se com perfeição os arranjos do violonista Conrado Paulino. Da esplêndida produção autoral do centenário Assis ...

Claudia canta joias de Caetano

Após hiato de 13 anos, Claudia está de volta ao disco. ‘Senhor do tempo – Canções raras de Caetano Veloso’, lançamento da recém-criada gravadora Joia Moderna, traz de volta à cena a cantora injustamente esquecida pelo (muitas vezes cruel) mercado fonográfico (a despeito das escolhas nem sempre acertadas da intérprete ao longo de sua carreira). Dono da Joia, o DJ Zé Pedro escolheu o repertório junto com o produtor Thiago Marques Luiz. Os arranjos de Rovilson Pascoal, Daniel Bondaczuk e Alex Vianna dão a ‘Senhor do tempo’ sonoridade elaborada – e solene – ajustada ao canto rigoroso de Claudia, distinguida por apurada técnica e extensão vocal. Reunindo composições pouco conhecidas do baiano de Santo Amaro da Purificação como ‘Duas manhãs’ (gravada por Vanusa, em 1977) e ‘Amo-te (mesmo?) muito’ (lançada pela cantora mineira Aline, em 1979), o disco traz ainda releituras das mais famosas ‘Naquela estação’ (Caetano Veloso/ João Donato/ Ronaldo Bastos) e ‘Menino deus’. A densa ‘Maria, Mari...

O dengo de Thais Macedo

O país das cantoras continua gerando dezenas de aves canoras das mais diversas espécies. Em alta há uma década, o samba tornou-se porta de entrada para a carreira artística de muitas delas, principalmente a partir da “redescoberta” da Lapa. Muitas vezes oriundas das rodas de samba de fundos de quintais dos subúrbios cariocas, elas perpetuam a tradição de cantoras identificadas com o ritmo brasileiro reconhecido internacionalmente: Carmen Miranda (1909 – 1955), Aracy de Almeida (1914 – 1988), Elza Soares, Elizeth Cardoso (1920 – 1990) e a imbatível trindade formada por Clara Nunes (1942 – 1983), Alcione e Beth Carvalho nos anos 1970. Com a (bela) cara e a coragem inerentes à juventude – ela tem apenas 21 anos – Thais Macedo junta-se à linhagem matriarcal do samba. Seu abre alas é o CD ‘O dengo que a nega tem’ (independente), que reúne oito inéditas e quatro regravações, produzidas por Carlinhos Sete Cordas, com arranjos deste e de Rildo Hora, Ivan Paulo e Fernando Merlino. Natural...