Legítima representante do clã dos Ferreira, Mart’nália cresceu em casa de bamba, onde todo mundo bebe, todo mundo samba. Contudo, a intensa convivência com o ritmo que consagrou Martinho da Vila não limitou seus horizontes. Mart’nália transita com desenvoltura por várias latitudes da música popular – seja o soul, o charm ou o pop – mantendo indelével sua assinatura musical.
Seu sotaque carioca cheio de malemolência vem ocupando lugar de destaque na cena musical contemporânea. Pensando no futuro sem esquecer o passado, Mart’nália não está diretamente ligada ao reverente movimento que reduziu a Lapa ao limitado rótulo de “reduto do samba”. A cantora e compositora traz para a sua roda a Vila de Noel e Martinho (e dela também), a Portela de Candeia e Paulinho, o Império de Arlindo e Dona Ivone. Gingam, ainda, a MPB de Caetano e Djavan, os clássicos Vinicius e Baden e o pop dos parceiros Zélia e Moska.
A popularidade veio através dos álbuns ‘Pé do meu samba’ (2002) e ‘Menino do Rio’ (2005), produzidos respectivamente por Caetano Veloso e Maria Bethânia, porém a carreira solo da filha percussionista de Martinho começou em 1987, quando foi lançado o LP ‘Mart’nália’, pelo selo 3M. Devagar, devagarinho, o segundo disco, ‘Minha cara’ (ZFM Records), saiu dez anos mais tarde.
Mart’nália reuniu os músicos que participaram da gravação de ‘Minha cara’ no concorrido show que teve sua temporada encerrada sexta-feira, dia 29 de abril de 2011. Dirigida pelo pai, Mart’nália cresceu em cena, executando marcações, deixando (ainda que por breves instantes) seu lado de músico ser eclipsado pela cantora. Sim, a dicção que já mereceu críticas está mais burilada e a voz grave, mais encorpada.
Acompanhada por Cláudio Jorge (violão, voz e guitarra), Itamar Assiére (teclados), Jorjão Barreto (teclado/ voz), Paulinho Black (bateria), Ivan Machado (contrabaixo/ direção musical) e Menino Brito (percussão), a cantora reviveu o repertório do álbum relançado pela gravadora Biscoito Fino, com preciosas inserções: ‘Pé do meu samba’ (Caetano Veloso), ‘Cabide’ (Ana Carolina), ‘Para um amor no Recife’ (Paulinho da Viola) e ‘Preciso me encontrar’ (Candeia), com percussão miúda, mereciam maior atenção do público cada vez mais viciado em reconhecer apenas a “música da novela”, como acontece com ‘Ela é a minha cara’ (Celso Fonseca/ Ronaldo Bastos), incluída na trilha sonora de ‘Insensato coração’.
Músicas sabiamente pescadas por Emílio Santiago para o excelente CD ‘De um jeito diferente’ (2007), ‘Calma’ (Mart’nália/ Arthur Maia), ‘Contradição’ (Mart’nália/ Viviane Mosé) e ‘Não me balança mais’ (Mart’nália/ Viviane Mosé) ganham sedutoras versões da artista que ainda acentua a influência da soul music nos clássicos ‘Pra que vou recordar o que chorei’ (Carlos Dafé) e ‘Coleção’ (Cassiano).
‘Nas águas de Amaralina’ (Martinho da Vila/ Nelson Rufino), faixa de ‘Menino do Rio’, reaparece mais cadenciado, antecedendo outros sambas de boa lavra como ‘Um velho malandro de corpo fechado’ (Arlindo Cruz/ Franco), ‘O samba é a minha escola’ (Cláudio Jorge/ Mart’nália/ Agrião/ Paulinho da Aba), ‘Grande amor’ (Martinho da Vila) e ‘Conto de areia’ (Toninho/ Romildo) que enchem de contagiante vitalidade o show dedicado ao saudoso percussionista Ovídio Brito (1945 – 2010).
A despeito do biscoito fino oferecido por Mart’nália no bis – a singela ‘Deixa cantar’ (Dudu Falcão), gravada por Nana Caymmi no álbum ‘Nana’ (1988) –, o público foi mesmo ao delírio com a participação não programada de Seu Jorge em ‘Pra tudo se acabar na quarta-feira’ (Martinho da Vila).
Aparentemente despojada, Mart’nália possui a grande lucidez de não atrelar sua arte tão verdadeira a correntes puritanas e, muito menos a algum movimento de vanguarda moderninha. Mart’nália faz samba contemporâneo, sem saudosismo, sem grandes elucubrações, tocando o público na cabeça e no pé.
A popularidade veio através dos álbuns ‘Pé do meu samba’ (2002) e ‘Menino do Rio’ (2005), produzidos respectivamente por Caetano Veloso e Maria Bethânia, porém a carreira solo da filha percussionista de Martinho começou em 1987, quando foi lançado o LP ‘Mart’nália’, pelo selo 3M. Devagar, devagarinho, o segundo disco, ‘Minha cara’ (ZFM Records), saiu dez anos mais tarde.
Mart’nália reuniu os músicos que participaram da gravação de ‘Minha cara’ no concorrido show que teve sua temporada encerrada sexta-feira, dia 29 de abril de 2011. Dirigida pelo pai, Mart’nália cresceu em cena, executando marcações, deixando (ainda que por breves instantes) seu lado de músico ser eclipsado pela cantora. Sim, a dicção que já mereceu críticas está mais burilada e a voz grave, mais encorpada.
Acompanhada por Cláudio Jorge (violão, voz e guitarra), Itamar Assiére (teclados), Jorjão Barreto (teclado/ voz), Paulinho Black (bateria), Ivan Machado (contrabaixo/ direção musical) e Menino Brito (percussão), a cantora reviveu o repertório do álbum relançado pela gravadora Biscoito Fino, com preciosas inserções: ‘Pé do meu samba’ (Caetano Veloso), ‘Cabide’ (Ana Carolina), ‘Para um amor no Recife’ (Paulinho da Viola) e ‘Preciso me encontrar’ (Candeia), com percussão miúda, mereciam maior atenção do público cada vez mais viciado em reconhecer apenas a “música da novela”, como acontece com ‘Ela é a minha cara’ (Celso Fonseca/ Ronaldo Bastos), incluída na trilha sonora de ‘Insensato coração’.
Músicas sabiamente pescadas por Emílio Santiago para o excelente CD ‘De um jeito diferente’ (2007), ‘Calma’ (Mart’nália/ Arthur Maia), ‘Contradição’ (Mart’nália/ Viviane Mosé) e ‘Não me balança mais’ (Mart’nália/ Viviane Mosé) ganham sedutoras versões da artista que ainda acentua a influência da soul music nos clássicos ‘Pra que vou recordar o que chorei’ (Carlos Dafé) e ‘Coleção’ (Cassiano).
‘Nas águas de Amaralina’ (Martinho da Vila/ Nelson Rufino), faixa de ‘Menino do Rio’, reaparece mais cadenciado, antecedendo outros sambas de boa lavra como ‘Um velho malandro de corpo fechado’ (Arlindo Cruz/ Franco), ‘O samba é a minha escola’ (Cláudio Jorge/ Mart’nália/ Agrião/ Paulinho da Aba), ‘Grande amor’ (Martinho da Vila) e ‘Conto de areia’ (Toninho/ Romildo) que enchem de contagiante vitalidade o show dedicado ao saudoso percussionista Ovídio Brito (1945 – 2010).
A despeito do biscoito fino oferecido por Mart’nália no bis – a singela ‘Deixa cantar’ (Dudu Falcão), gravada por Nana Caymmi no álbum ‘Nana’ (1988) –, o público foi mesmo ao delírio com a participação não programada de Seu Jorge em ‘Pra tudo se acabar na quarta-feira’ (Martinho da Vila).
Aparentemente despojada, Mart’nália possui a grande lucidez de não atrelar sua arte tão verdadeira a correntes puritanas e, muito menos a algum movimento de vanguarda moderninha. Mart’nália faz samba contemporâneo, sem saudosismo, sem grandes elucubrações, tocando o público na cabeça e no pé.
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