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Mostrando postagens de maio, 2011

Olivia e Francis Hime dividem belo álbum

Casados há 46 anos, Olivia e Francis Hime somente agora assinam um disco conjuntamente. ‘AlmaMúsica’ (Biscoito Fino) refaz caminhos musicais percorridos pelo casal durante quase cinco décadas de cúmplice parceria. O elegante piano de Francis atravessa todo o álbum dividido em suítes ou, como prefere o artista, em “quadros”, que reúnem clássicos da música popular brasileira de diversas épocas. As inéditas ‘Balada de um café triste’ (Francis Hime/ Geraldo Carneiro) e ‘AlmaMúsica’ (Francis Hime/ Olivia Hime) completam o repertório requintado. Além de remontar ao fino da chamada MPB, a memória musical da dupla também resgata pérolas aparentemente esquecidas como ‘Minas Geraes’ (Novelli/ Ronaldo Bastos), gravada por Milton Nascimento no disco ‘Geraes’ (1976) com arranjo de Francis. A romântica canção abre o disco (primeiro quadro) e reaparece como vinheta ao longo de ‘AlmaMúsica’: “Com o coração aberto em vento/ Por toda a eternidade/ Com o coração doendo/ De tanta felicidade...”. Do ba...

A delicada alma lírica de Mônica Salmaso

Em seu novo álbum, ‘Alma lírica brasileira’ (Biscoito Fino), Mônica Salmaso reafirma seu posto único no panteão das cantoras nacionais. A paulistana passa longe do pop feito para tocar no rádio e, diferentemente das colegas surgidas nas últimas décadas, não compõe. Sem perseguir o sucesso fácil, Mônica constrói sua refinada discografia graças à habilidade em pescar pérolas do cancioneiro nacional das mais variadas épocas. Mas de nada (ou muito pouco) serviria tal qualidade sem a voz grave e melodiosa que não presta tributos à Marisa Monte, ainda hoje farol para novatas – e outras nem tanto. Mônica reveste canções tão díspares quanto ‘Carnavalzinho (Meu carnaval)’ (Lisa Ono/ Mário Adnet) e ‘Derradeira primavera’ (Tom Jobim/ Vinicius de Moraes, 1963) com afinação e equilíbrio que distanciam seu canto elegante das banalidades contemporâneas. Acompanhada por Teco Cardoso (sopros) e Nelson Ayres (piano), a cantora – responsável por discreta percussão – cria ambiência camerística e...

O samba enviesado de Adriana Calcanhotto

Lançado em março deste ano, ‘O micróbio do samba’ (Sony Music) reúne doze composições (dez inéditas) da gaúcha Adriana Calcanhotto sobre o gênero musical que deu régua e compasso à música popular brasileira, sobretudo a cariocas e baianos. Mesmo carregando o tal micróbio citado pelo conterrâneo Lupicínio Rodrigues (1914 – 1974), a música de Adriana não animará rodas, nem será batucada nos quintais e esquinas da cidade. Auxiliada por Alberto Continentino (baixo) e Domenico Lancelotti (bateria e percussão), Adriana (voz, violão, piano, guitarra, cuíca, caixa de fósforos e bandeja) altera o samba um tanto assim, filtrando seu universo característico através da ambiência pretensamente descolada e elegante que permeia a produção musical contemporânea. As participações de músicos como Davi Moraes, Moreno Veloso e Rodrigo Amarante evidenciam esta opção que, certamente desagradará conservadores, podendo reacender antigas discussões. Mesmo estando na base da maioria dos gêneros musicais brasil...

Mart'nália tem a cara do samba contemporâneo

Legítima representante do clã dos Ferreira, Mart’nália cresceu em casa de bamba, onde todo mundo bebe, todo mundo samba. Contudo, a intensa convivência com o ritmo que consagrou Martinho da Vila não limitou seus horizontes. Mart’nália transita com desenvoltura por várias latitudes da música popular – seja o soul, o charm ou o pop – mantendo indelével sua assinatura musical. Seu sotaque carioca cheio de malemolência vem ocupando lugar de destaque na cena musical contemporânea. Pensando no futuro sem esquecer o passado, Mart’nália não está diretamente ligada ao reverente movimento que reduziu a Lapa ao limitado rótulo de “reduto do samba”. A cantora e compositora traz para a sua roda a Vila de Noel e Martinho (e dela também), a Portela de Candeia e Paulinho, o Império de Arlindo e Dona Ivone. Gingam, ainda, a MPB de Caetano e Djavan, os clássicos Vinicius e Baden e o pop dos parceiros Zélia e Moska. A popularidade veio através dos álbuns ‘Pé do meu samba’ (2002) e ‘Menino do Rio’ (2005)...