Personagem principal de ‘Salve São Francisco’, o mítico rio-mar que atravessa cinco estados brasileiros é retratado no projeto de Geraldo Azevedo finalmente lançado em CD e DVD pela gravadora Biscoito Fino. O persistente artista pernambucano assina a direção musical do registro áudio visual feito pela Terra Brasilis Filme, que pretende chamar atenção para o assoreamento que assombra o Velho Chico. A diretora Lara Velho intercala imagens de localidades banhadas pelo São Francisco e cenas de estúdio, criando um clima interiorano que perpassa a produção musical de Robertinho de Recife, alternando momentos de maior fluidez e outros em que o (único) tema navega por águas mais rasas – risco inerente a um projeto tão delimitado.
Geraldo arregimentou artistas de variados estilos para interpretar as canções temáticas, algumas feitas especialmente para o projeto: de Djavan a Roberto Mendes, passando por Fernanda Takai e Maria Bethânia. A cantora que dedicou ao elemento água os discos ‘Pirata’ e ‘Mar de Sofia’, em 2006, participa da bonita toada ‘Carranca que chora’ (Geraldo Azevedo/ Capinan) encerrando o DVD. Não por acaso as faixas ‘Riacho do navio’ (Luiz Gonzaga/ Zé Dantas) e ‘Francisco, Francisco’ (Roberto Mendes/ Capinan) faziam parte de ‘Dentro do mar tem rio’, show apresentando por Bethânia em 2007. Revivendo a dupla formada no início da carreira, Geraldo e Alceu Valença unem suas vozes no clássico baião de Gonzaga, enquanto Roberto Mendes divide os vocais em sua bela parceria com Capinan.
Djavan participa de um dos melhores momentos do disco, na nostálgica ‘Barcarola de São Francisco’ (Geraldo Azedo/ Carlos Fernando) parte da ‘Suíte da correnteza’, do LP Geraldo Azevedo (1977) – o arranjo tão característico na obra de Azevedo integra-se à perfeição com o canto meio árido do alagoano, criando um clima realmente cinematográfico.
Fernanda Takai também acerta ao colocar bem sua (pequena) voz em ‘Opara (Salve São Francisco)’ (Geraldo Azevedo/ Clóvis Nunes), bossa nova do pernambucano de Petrolina, fã declarado do baiano de Juazeiro, João Gilberto, e das harmonias do movimento musical surgido na zona sul carioca. Separadas pelo Rio São Francisco, as cidades inspiraram Geraldo e Moraes Moreira em ‘Petrolina e Juazeiro’, mas o resultado ficou aquém do xote homônimo de Jorge de Altinho, gravado por Geraldo e Elba Ramalho no terceiro disco da série ‘O grande encontro’ (2000).
Elba, aliás, é a grande ausência do projeto. É impossível não pensar na voz da cantora na faixa defendida por Márcia Porto, ‘São Francisco São’ (Geraldo Azevedo/ Clóvis Nunes/ Geraldo Amaral). Talvez a polêmica causada por suas declarações contra a transposição das águas do rio tenha sido o motivo para que Elba ficasse de fora. Pena.
A Juazeiro de João Gilberto também é a cidade de Ivete Sangalo. A cantora da axé music baixa os tons para acompanhar Geraldo na suave versão de ‘O ciúme’ (Caetano Veloso), com arranjo do maestro Edmundo Souto Neto. Já Petrolina inspira os versos de ‘Santo Rio’ (Geraldo Azevedo/ Carlos Fernando), com a participação Dominguinhos.
‘São Francisco help’(Geraldo Azevedo/ Galvão), faixa que mixa gravações individuais dos artistas participantes, exceto Maria Bethânia, remete à ‘Chega de mágoa’, número coletivo tupiniquim espelhado no projeto norte-americano ‘USA for África’, que juntou a nata da música popular brasileira em 1985 em prol das vítimas da seca nordestina. Geraldo procurou convidar cantores naturais dos estados banhados pelo rio, mas é certo que a colaboração de mais intérpretes arejaria o projeto. Bonito registro que poderia ser mais contundente em suas ambições, ‘Salve São Francisco’ tem a suavidade marcante da obra de Geraldo Azevedo, um hábil tecelão de harmonias que já nascem tocando o coração do povo – residindo aí sua força.
Geraldo arregimentou artistas de variados estilos para interpretar as canções temáticas, algumas feitas especialmente para o projeto: de Djavan a Roberto Mendes, passando por Fernanda Takai e Maria Bethânia. A cantora que dedicou ao elemento água os discos ‘Pirata’ e ‘Mar de Sofia’, em 2006, participa da bonita toada ‘Carranca que chora’ (Geraldo Azevedo/ Capinan) encerrando o DVD. Não por acaso as faixas ‘Riacho do navio’ (Luiz Gonzaga/ Zé Dantas) e ‘Francisco, Francisco’ (Roberto Mendes/ Capinan) faziam parte de ‘Dentro do mar tem rio’, show apresentando por Bethânia em 2007. Revivendo a dupla formada no início da carreira, Geraldo e Alceu Valença unem suas vozes no clássico baião de Gonzaga, enquanto Roberto Mendes divide os vocais em sua bela parceria com Capinan.
Djavan participa de um dos melhores momentos do disco, na nostálgica ‘Barcarola de São Francisco’ (Geraldo Azedo/ Carlos Fernando) parte da ‘Suíte da correnteza’, do LP Geraldo Azevedo (1977) – o arranjo tão característico na obra de Azevedo integra-se à perfeição com o canto meio árido do alagoano, criando um clima realmente cinematográfico.
Fernanda Takai também acerta ao colocar bem sua (pequena) voz em ‘Opara (Salve São Francisco)’ (Geraldo Azevedo/ Clóvis Nunes), bossa nova do pernambucano de Petrolina, fã declarado do baiano de Juazeiro, João Gilberto, e das harmonias do movimento musical surgido na zona sul carioca. Separadas pelo Rio São Francisco, as cidades inspiraram Geraldo e Moraes Moreira em ‘Petrolina e Juazeiro’, mas o resultado ficou aquém do xote homônimo de Jorge de Altinho, gravado por Geraldo e Elba Ramalho no terceiro disco da série ‘O grande encontro’ (2000).
Elba, aliás, é a grande ausência do projeto. É impossível não pensar na voz da cantora na faixa defendida por Márcia Porto, ‘São Francisco São’ (Geraldo Azevedo/ Clóvis Nunes/ Geraldo Amaral). Talvez a polêmica causada por suas declarações contra a transposição das águas do rio tenha sido o motivo para que Elba ficasse de fora. Pena.
A Juazeiro de João Gilberto também é a cidade de Ivete Sangalo. A cantora da axé music baixa os tons para acompanhar Geraldo na suave versão de ‘O ciúme’ (Caetano Veloso), com arranjo do maestro Edmundo Souto Neto. Já Petrolina inspira os versos de ‘Santo Rio’ (Geraldo Azevedo/ Carlos Fernando), com a participação Dominguinhos.
‘São Francisco help’(Geraldo Azevedo/ Galvão), faixa que mixa gravações individuais dos artistas participantes, exceto Maria Bethânia, remete à ‘Chega de mágoa’, número coletivo tupiniquim espelhado no projeto norte-americano ‘USA for África’, que juntou a nata da música popular brasileira em 1985 em prol das vítimas da seca nordestina. Geraldo procurou convidar cantores naturais dos estados banhados pelo rio, mas é certo que a colaboração de mais intérpretes arejaria o projeto. Bonito registro que poderia ser mais contundente em suas ambições, ‘Salve São Francisco’ tem a suavidade marcante da obra de Geraldo Azevedo, um hábil tecelão de harmonias que já nascem tocando o coração do povo – residindo aí sua força.
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