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foto: http://sescrionoitescariocas.com.br/ |
“Voltei, aqui é meu lugar...”. Após um ano e meio fora de cena por problemas de saúde, Beth Carvalho escolheu o clássico samba de embalo de Oswaldo Nunes (que ela misturou a ‘Bom dia, Portela’, sucesso de Elza Soares) para marcar seu retorno aos palcos. Mas o lugar de Beth certamente não é o Píer Mauá, onde a sambista se apresentou encerrando o evento ‘Noites Cariocas’. O ambiente descolado do Armazém 4 não atraiu o público mais fiel da cantora, que, talvez por isso, tenha optado por um repertório conhecidíssimo, incluindo sucessos de outros artistas como ‘Trem das onze’ (Adoniran Barbosa) e ‘Deixa a vida me levar (Serginho Meriti/ Eri do Cais).
Festejando além do retorno, 45 anos de carreira calcada em ótima discografia, Beth Carvalho poderia ter feito um volta triunfal, mas se limitou a fazer o feijão-com-arroz, jogando para a galera. Reconhecida por sua capacidade de pescar pérolas nos pagodes da vida e por lançar novos sambistas, sendo chamada de ‘madrinha’, Beth não precisa anunciar os compositores de cada música como se isso lhe conferisse maior valor.
Após, apropriadamente, enfileirar os sucessos de carreira ‘O show tem que continuar’ (Arlindo Cruz/ Sombrinha/ Luiz Carlos da Vila), ‘Andança’ (Edmundo Souto/ Danilo Caymmi/ Paulinho Tapajós) e ‘1800 colinas’ (Gracia do Salgueiro), a sambista teve dificuldades em acertar o tom em ‘Ex-amor’, que só a participação afetiva do autor, Martinho da Vila, explica a inclusão no roteiro. Por que Beth não cantou, por exemplo, ‘Enamorada do sambão’ com a qual o compositor a homenageou, em 1975, e ela gravou em seu quarto disco, ‘Pandeiro e viola’?
Do repertório próprio vieram ‘Folhas secas’ (Nelson Cavaquinho), com a sua já tradicional imitação do poeta mangueirense, além da participação de Nicolas Krassik, ‘Camarão que dorme a onda leva’ (Arlindo Cruz, Beto Sem Braço/ Zeca Pagodinho), ‘São José de Madureira’ (Beto Sem Braço/ Zeca Pagodinho), ‘Não quero saber mais dela’ (Almir Guineto/ Sombrinha) e ‘Água de chuva no mar’ (Gerson Gomes/ Wanderley Monteiro/ Carlos Caetano).
Festejando além do retorno, 45 anos de carreira calcada em ótima discografia, Beth Carvalho poderia ter feito um volta triunfal, mas se limitou a fazer o feijão-com-arroz, jogando para a galera. Reconhecida por sua capacidade de pescar pérolas nos pagodes da vida e por lançar novos sambistas, sendo chamada de ‘madrinha’, Beth não precisa anunciar os compositores de cada música como se isso lhe conferisse maior valor.
Após, apropriadamente, enfileirar os sucessos de carreira ‘O show tem que continuar’ (Arlindo Cruz/ Sombrinha/ Luiz Carlos da Vila), ‘Andança’ (Edmundo Souto/ Danilo Caymmi/ Paulinho Tapajós) e ‘1800 colinas’ (Gracia do Salgueiro), a sambista teve dificuldades em acertar o tom em ‘Ex-amor’, que só a participação afetiva do autor, Martinho da Vila, explica a inclusão no roteiro. Por que Beth não cantou, por exemplo, ‘Enamorada do sambão’ com a qual o compositor a homenageou, em 1975, e ela gravou em seu quarto disco, ‘Pandeiro e viola’?
Do repertório próprio vieram ‘Folhas secas’ (Nelson Cavaquinho), com a sua já tradicional imitação do poeta mangueirense, além da participação de Nicolas Krassik, ‘Camarão que dorme a onda leva’ (Arlindo Cruz, Beto Sem Braço/ Zeca Pagodinho), ‘São José de Madureira’ (Beto Sem Braço/ Zeca Pagodinho), ‘Não quero saber mais dela’ (Almir Guineto/ Sombrinha) e ‘Água de chuva no mar’ (Gerson Gomes/ Wanderley Monteiro/ Carlos Caetano).
Dorival Caymmi foi lembrando em ‘Samba da minha terra’ e ‘Maracangalha’, faixas do DVD ‘Beth Carvalho canta o samba da Bahia’. Deste DVD, ela também cantou ‘Ê baiana’ (Miguel Pancrácio/ Ênio Santos Ribeiro/ Baianinho/ Fabrício da Silva) com a participação de Mariene de Castro, que merecia maior generosidade de Beth. Uma canja da interessante baiana que está lançando seu novo trabalho não cairia mal.
Lançada no Carnaval de 1966 por Ari Cordovil, ‘Tristeza’ (Haroldo Lobo/ Niltinho) foi a senha para o momento carnavalesco do show. Um pout pourri de sambas de enredo marcheados, cantados de forma burocrática, incluiu hinos passados de Mangueira, União da Ilha, Portela, Salgueiro, Mocidade Independente, Imperatriz Leopoldinense, Vila Isabel e Império Serrano, numa tentativa de agradar a todos. Beth também reviveu a seleção de marchinhas gravada no disco ‘Coração feliz’ (1984) fazendo a alegria do salão.
A indefectível ‘O que é o que é’ (Gonzaguinha) manteve a galera com os dedinhos para cima numa felicidade ensaiada que aumentou com ‘Coisinha do pai’ (Almir Guineto/ Luiz Carlos/ Jorge Aragão) e ‘Vou festejar’ (Neoci/ Dida/ Jorge Aragão), cuja amarga frase “você pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão” encerrou a volta de Beth Carvalho.
No bis, após colocar o público para cantar ‘As rosas não falam’ (Cartola), num recurso cada vez mais utilizado por nossos intérpretes, Beth novamente levantou o astral com ‘Caciqueando’, samba esperto feito por Noca da Portela em homenagem ao bloco carnavalesco Cacique de Ramos. Grupo projetado pela cantora no disco ‘De pé no chão’ (1978), o Fundo de Quintal encerrou a noite cantando ‘O campeão’ (Neguinho da Beija-Flor) numa alusão ao jogo entre Flamengo e Botafogo (clube de coração da sambista) no dia seguinte, pelas semifinais da Taça Guanabara.
Beth Carvalho tem importância histórica na música popular brasileira e sua volta aos palcos e ao disco – a cantora pretende lançar ainda este ano um novo trabalho – deve ser comemorada. Tomara que a apresentação da noite de sábado, 19 de fevereiro, tenha sido apenas o ‘esquenta’ para o verdadeiro desfile.
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