Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de 2011

'Chico' e 'Recanto' são os discos da MPB em 2011

Lançado em julho de 2011, ‘ Chico ’, o novo álbum de Buarque, suscitou críticas unanimes. Resenhas, as mais variadas, seguiram caminhos semelhantes apontando a falta de “arrebatamento” do disco e a “obra-prima” ‘Sinhá’ (Chico Buarque/ João Bosco). Cinco anos após o CD ‘Carioca’, Chico entregou joias tão valiosas quanto sutis, entre elas a valsa ‘Nina’. Um de nossos melhores compositores segue registrando magnificamente as impressões colhidas ao longo dos seus 67 anos de vida. Tal como na canção-homenagem feita por Caetano Veloso, Chico Buarque “brilha único, indivíduo, maravilha sem igual. Já tem coragem de saber que é imortal”. O baiano de Santo Amaro da Purificação também esteve em alta ao entregar à Gal Costa as onze canções que constituem o arrebatador ‘ Recanto ’, lançado em dezembro, envolto a grande expectativa. Seis anos depois de ‘Hoje’ (Trama), CD recebido friamente pelos críticos, ‘Recanto’ aponta novos rumos e recoloca Gal na dianteira da produção musical contemporân...

Comemorando vitoriosos 40 anos de carreira, Alcione se destaca em 2011

Lançados em outubro de 2011, o CD e o DVD ‘Jam session’ fazem parte do projeto ‘Duas faces’ concebido para comemorar os 40 anos de carreira de Alcione. Primeiro produto do selo da artista, Marrom Music, distribuído pela gravadora Biscoito Fino, ‘Jam session’ reúne companheiros de ofício em belos duetos, canções de sotaques internacionais, lados B da discografia da cantora, além de inéditas em sua voz. Alcione registrou as 18 faixas em sua própria casa em sessões (quase) informais. O resultado é um DVD primoroso, o melhor já feito pela cantora, que não poupa talento, exibindo a potente voz em grande forma, valorizando cada canção.

Joias raras e modernas cintilam em 2011

Em 2011 a indústria fonográfica voltou a revirar seus preciosos baús para seduzir colecionadores e aficionados em CDs. No ano em que o iTunes chegou ao mercado brasileiro, a Universal Music lançou as caixas com a discografia de ícones da MPB como Maria Bethânia e Ney Matogrosso. A Discobertas, do pesquisador Marcelo Fróes encaixotou os primeiros discos do Zimbo Trio e a obra completa de Celly Campello. Um dos destaques da gravadora foi o lançamento do álbum ‘Ademilde Fonseca’, lançando originalmente em 1975. O DJ Zé Pedro também entrou no mercado musical com sua Joia Moderna, reeditando importantes discos nunca antes digitalizados e trazendo de volta grandes cantoras como Célia e Cida Moreira.

Os caminhos nada óbvios de Mariana Aydar e Mônica Salmaso em 2011

Trilhando diferentes caminhos musicais, duas cantoras paulistanas se sobressaíram pela qualidade dos discos lançados em 2011. Ao se distanciar do samba, fio condutor de seus outros álbuns, Mariana Aydar lançou o interessante ‘Cavaleiro selvagem aqui te sigo’. Sob a batuta do maestro Letieres Leite, engenhoso comandante da Orquestra Rumpilezz, Mariana deu novos e preciosos passos na direção oposta a certa obviedade que permeia o cenário musical brasileiro. Mônica Salmaso reafirmou seu posto único no panteão das cantoras nacionais com o belíssimo CD ‘Alma lírica brasileira’. Sua música passa longe do pop-brega feito para tocar no rádio e, diferentemente das colegas surgidas nas últimas décadas, ela não compõe. Sem perseguir o sucesso fácil, valorizando a arte de cantar, Mônica constrói sua refinada discografia graças à habilidade em pescar pérolas do cancioneiro nacional das mais variadas épocas.

Arlindo Cruz e Beth Carvalho se destacam no samba em 2011

Em 2011 o samba permaneceu firme e forte. Reverenciado por vozes estreantes na indústria fonográfica como Thaís Macedo (‘O dengo que a nega tem’), ganhou leitura heterodoxa de Adriana Calcanhotto (‘O micróbio do samba) e viu o grupo Fundo de Quintal se livrar dos recorrentes registros de shows ao lançar o bom ‘Nossa verdade’. A volta de Beth Carvalho ao disco e aos palcos foi saudada pelos amantes do gênero. ‘Nosso samba tá na rua’ figura entre os melhores álbuns da cantora que voltou a trabalhar com o produtor Rildo Hora. Com repertório assinado por bambas consagrados e novos nomes do samba carioca, ‘Nosso samba tá na rua’ ainda rendeu um show vibrante. Seria o disco de samba do ano se um nome recorrente no repertório da própria Beth não tivesse voltado a gravar. Primeiro CD de inéditas desde ‘Sambista perfeito’, lançado em 2007, ‘Batuques e romances’ trouxe o samba da melhor qualidade feito por Arlindo Cruz há quase três décadas, desde que surgiu nas míticas rodas de samba ...

Mario Adnet refaz caminhos históricos em 'Vinicius & os maestros'

Violonista, compositor, arranjador e produtor musical, Mario Adnet lançou importantes trabalhos sobre as obras de Moacir Santos (1926 – 2006), Tom Jobim (1927 – 1994), Baden Powell (1937 – 2000), Villa-Lobos (1887 – 1959) e Luiz Eça (1936 – 1992), entre outros grandes nomes da música popular brasileira. Desta vez, Adnet buscou parcerias (quase) desconhecidas de Vinicius de Moraes (1913 – 1980) com os maestros Claudio Santoro (1919 – 1989), Pixinguinha (1898 – 1973), Moacir Santos e Baden Powell. Tom, que mereceu dois belos CDs no projeto intitulado ‘+ Jobim jazz’, ficou de fora. O álbum ‘Vinicius & os maestros’ traz 15 faixas elegantemente arranjadas por Mario e executadas por uma orquestra de 54 músicos reunidos para o projeto também concebido para o palco. O maestro Claudio Cruz é o regente convidado. Além das participações especiais de um time de músicos excepcionais como Jurim Moreira (bateria) e Armando Marçal (percussão), ‘Vinicius & os maestros’ traz ainda os tarim...

A Elizeth da Rosa

Rosa Passos estreou oficialmente como cantora e compositora em 1979 com o disco ‘Recriação’, no qual assinava todas as faixas com o parceiro Fernando Oliveira. Doze anos depois, o título do álbum de estreia tornou-se uma das principais marcas do estilo da baiana. Rosa não inventa novos mundos, sua maior habilidade é recriar canções, como ficou claro em ‘Curare’ (1991). O repertório de clássicos como ‘ Tim tim por tim tim’ (Geraldo Jaques/ Haroldo Barbosa) e ‘Fotografia’ (Tom Jobim), aliado ao seu canto minimalista e à bossa de seu violão, ajudou a dar à Rosa a alcunha de “João Gilberto de saias”. Desde então a cantora vem usando sua voz pequena, de fraseado rítmico sofisticado, a serviço da reinvenção de músicas quase sempre vinculadas a outras vozes em seus discos de carreira como ‘Rosa canta Caymmi’ (2000) e ‘Amorosa’ (2004), dedicados a Dorival Caymmi e João Gilberto, respectivamente, além dos projetos ‘Letra & Música Ary Barroso - Rosa Passos e Lula Galvão’ (1997) e ‘Rosa...

Macalé valoriza canções em 'Jards'

Concebido a partir do projeto de registrar a produção de um CD em todas as suas fases para a gravação de um DVD ainda a ser lançado, ‘Jards’ é o terceiro álbum lançado por Jards Macalé pela gravadora Biscoito Fino. O pianista Cristóvão Bastos, com quem Macalé já havia trabalhado nos discos ‘ O q faço é música’ (1998), ‘ Real Grandeza’ (2005) e ‘Macao’ (2008), assina a direção musical e os belos arranjos de ‘Jards’. O ótimo time de músicos recrutados, que engloba nomes como Jorge Helder (baixo), Jurim Moreira (bateria), Kassin (baixo), Pedro Sá (guitarra) e Domenico Lancellotti (bateria) reveste cada faixa de apurada contemporaneidade. Além dos clássicos de sua própria lavra, há espaço para o profético samba ‘Juízo final’ (Nelson Cavaquinho/ Élcio Soares), conduzido pela sincopada batida na caixa de fósforos de Elton Medeiros (voz) e pelo violão de Macalé, e para ‘Black and blue’ (Andy Razaf, Fatz Walter e George Brooks), número onde Jards evoca Louis Armstrong (1901 - 1971) e...

A grande beleza de Gal e Caetano

“Coisas sagradas permanecem/ Nem o demo as pode abalar”. Os versos de ‘Recanto escuro’, canção de onde foi retirado o título do aguardado disco de Gal Costa resume a longeva parceria da cantora com Caetano Veloso. Dando voz às palavras do compositor desde 1965, quando gravou ‘Sol negro’ ainda como Maria da Graça, em dueto com Maria Bethânia, e, dois anos depois, dividiu com ele o disco de estreia, ‘Domingo’, Gal construiu sua carreira alicerçada por grandes interpretações de canções caetânicas. De ‘Coração vagabundo’ a ‘Divino maravilhoso’, de ‘Tigresa’ a ‘Força estranha’, de ’Mãe’ a ‘Meu bem, meu mal’, de ‘Minha voz’ a ‘Vaca profana’, de ‘Aquele frevo axé’ a ‘Luto’, entre outras tantas que formam verdadeira biografia musical. Recanto pode ser um lugar aconchegante, um canto cantado novamente, um canto não inaugural, com história, reflexivo. Recanto é ‘Relance’ entre Gal e Caetano que assina todas as composições (em estilo próximo ao de seu disco ‘Cê’) e a produção (em parceria com...

Virgínia Rodrigues, uma voz que o Brasil desconhece

Presença bissexta nos palcos cariocas, Virgínia Rodrigues faz hoje a segunda e última apresentação do show que estreou nesta quinta-feira, dia 24 de novembro de 2011, no Teatro Rival, na Cinelândia (RJ). A intérprete baiana exibe seu canto grandioso alinhando canções de sua discografia e testando um ou outro número para um próximo disco. Acompanhada pelo virtuoso violonista Alex Mesquita, com a participação do performático percussionista Marco Lobo, Virgínia encantou o pequeno público presente. Desde a sua impactante estreia fonográfica com o álbum ‘Sol negro’ (1997), a cantora vem construindo uma delicada obra musical que inclui, entre outros, os sambas-reggae dos blocos afros de Salvador (BA), no CD ‘Nós’ (2000), e os afro-sambas de Baden Powell (1937 – 2000) e Vinicius de Moraes (1913 – 1980) – esplendidamente gravados no álbum ‘Mares profundos’ (2003). O tom solene da voz de meio-soprano confere às interpretações de Virgínia profundidade e nuances insuspeitadas mesmo em um...

Vinicius Cantuária faz samba carioca e cosmopolita

“Alô Brasil, o tempo até passou/ mas não o meu amor”, declara um saudoso Vinicius Cantuária em ‘Praia Grande’, faixa que abre o disco ‘Samba carioca’, lançado no exterior em 2009 pelo selo francês Naïve, que chega ao mercado nacional via gravadora Biscoito Fino neste mês de novembro. O sotaque jazzístico da parceria com Marcos Valle indica a ‘Orla’ (Vinicius/ Marcos Valle/ Liminha/ Dadi) musical percorrida por Cantuária nas demais canções do álbum. Entre faixas autorais como ‘Berlim’ e ‘Conversa fiada’ e os clássicos bossanovísticos ‘Vagamente’ (Roberto Menescal/ Ronaldo Bôscoli, 1963) e ‘Inútil paisagem’ (Tom Jobim/ Aluísio de Oliveira, 1964), o samba de Vinicius vai além do litoral do Rio de Janeiro ao arregimentar músicos como Marcos Valle (piano), João Donato (piano), Brad Mehldau (piano), Bill Frisell (guitarra), Paulo Braga (bateria), Liminha (baixo elétrico), Dadi (guitarra), Sidinho (percussão) e Jesse Sadoc (flugelhorn). A elegante mistura de sotaques instrumentais resu...

Novamente na rua, o samba de Beth Carvalho rende ótimo show

A estreia nacional do show ‘Nosso samba tá na rua’, de Beth Carvalho, na noite de 19 de novembro de 2011, na casa Vivo Rio, no Rio de Janeiro (RJ) foi marcada pela inclusão no roteiro das 15 faixas do CD homônimo lançado este mês pelo selo da artista, ‘Andança’, distribuído pela gravadora EMI Music. Fato incomum no show business contemporâneo, onde muitos cantores recorrem ao passado de glórias para conquistar um preguiçoso público, a corajosa – e sábia – opção de Beth deve ser louvada. Após dois anos afastada dos palcos por problemas de saúde, a “madrinha” poderia simplesmente cair na tentação de enfileirar antigos sucessos em sua volta ao disco, mas felizmente mostrou que continua a ser antena do ritmo celebrado como raiz. O repertório apresentado confirmou a expertise de cantora em valorizar novos nomes do samba, como Leandro Fregonesi e Rafael dos Santos (‘Chega’), sem esquecer os bambas consagrados como Nelson Cavaquinho (1911 – 1986) e Guilherme de Brito (1922 – 2006) (‘Pa...

'Jam session', o melhor DVD de Alcione

Lançados em outubro deste ano, o CD e o DVD ‘Jam session’ fazem parte do projeto ‘Duas faces’ concebido para comemorar os 40 anos de carreira de Alcione que inclui ainda o CD e o DVD ‘Ao vivo na Mangueira’, com lançamento previsto para janeiro de 2012. Primeiro produto do selo da artista, Marrom Music, distribuído pela gravadora Biscoito Fino, ‘Jam session’ reúne companheiros de ofício em belos duetos, canções de sotaques internacionais, lados B da discografia da cantora, além de inéditas em sua voz. Acompanhada por Alexandre Menezes (teclados), Alvinho Santos (violão), Ricardo Cordeiro (baixo), Paulo Bogato (bateria), Luizão Ramos (sax/ flauta), Edmílson Nazareth (percussão) e Edson Santana (cavaquinho/ bandolim) – a Banda do Sol – Alcione registrou as 18 faixas em sua própria residência em sessões (quase) informais. O resultado é um DVD primoroso, o melhor já feito pela cantora, que não poupa talento, exibindo a potente voz em grande forma, valorizando cada canção. Gravada or...

A estranha beleza de Ava

Quatro cabeças decapitadas, aninhadas em suas cabeleiras numa praia deserta compõem a cinematográfica capa de ‘Diurno’, primeiro disco da banda Ava. Impactante, o instantâneo assinado pelo artista plástico Tunga aponta para a principal caraterística das experimentações musicais feitas por Ava Rocha (voz), Daniel Castanheira (bateria, percussões, efeitos eletrônicos), Emiliano 7 (violão e efeitos) e Nana Carneiro da Cunha (violoncelo e vocais): a interação entre som e imagem. Os versos assinados por Ava e seus parceiros contribuem para a bela estranheza que atravessa o álbum lançado pela gravadora Warner Music na noite de quarta-feira, dia 09 de novembro de 2011, no Galpão das Artes, no Jardim Botânico. Na contramão do almejado espírito cool que paira sobre boa parte da produção musical tupiniquim, a banda Ava soa inquietante: o que poderia surpreender, não fosse a vocalista filha do cineasta Glauber Rocha (1939 – 1981). Os belos graves exibidos pela voz de contralto de Ava casa...

Klébi Nori festeja 15 anos de carreira em seu primeiro DVD

Cantora e compositora paulistana, Klébi Nori comemorou 15 anos de carreira em show na Casa das Caldeiras, em São Paulo, no dia 18 de maio de 2010. A gravação gerou CD/DVD ‘Klébi Nori ao vivo’, lançado em outubro pela gravadora Biscoito. O primeiro registro audiovisual da artista perfila canções dos cinco álbuns lançados por ela a partir de 1995, além da inédita ‘Área irrestrita’ (Klébi). Guilherme Arantes toca piano e divide os vocais com Klébi em ‘Mania de possuir’, canção lançada por ele no disco ‘Calor’ (1986) e revisitada por ela no álbum ‘Escolhas’ (1999). A nova versão acústica da dupla carece da pegada pop que marcou a carreira de Arantes na década de 1980. Amigo de infância da cantora, Roger Moreira participa da faixa ‘Amor’, bolero mexicano de Ricardo Lopez Méndez e Gabriel Ruiz Galindo que ganhou versão do próprio vocalista da banda Ultraje a Rigor. ‘Salve linda canção sem esperança’ (Luiz Melodia, 1974), gravada por Klébi no disco que levou seu nome em 1995, também ...

A jovem Thais Macedo seduz no show 'O dengo que a nega tem'

foto: Cezar Fernandes Na noite de segunda-feira, 07 de novembro de 2011, Thais Macedo pisou o palco do Teatro Rival para apresentar as canções do CD ‘O dengo que a nega tem’, lançado de forma independente em agosto passado. Muito bem acompanhada por Carlinhos Sete Cordas (violão), Marcio Hulk (cavaquinho), Fernando Merlin (teclado), Dirceu Leite (sopros), Esguleba e Jaguara (percussão), Jorge Gomes (bateria) e Jamil Joanes (baixo), a moça confirmou a boa impressão causada no disco de estreia. Apesar do som da casa estar alto demais, nivelando, em alguns números, as melodias e criando uma “massa sonora” sem muitas nuances, o show transcorreu adequadamente. O aparente e compreensível nervosismo da jovem cantora não embaçou sua apresentação, ainda que tenha deixado perceptível sua inexperiência, principalmente nos intervalos entre as canções. Nada que não possa ser burilado. Em momento harmonioso, Thais homenageou o centenário Nelson Cavaquinho, escoltada por Gabriel de Aquino (v...

O romantismo pop de Marisa Monte

Aos 44 anos de idade e 22 de carreira, após cinco anos de silêncio, quebrado apenas em raras aparições públicas, Marisa Monte está lançando seu oitavo disco. Parece pouco para quem surgiu seduzindo o público – e os chamados formadores de opinião – no LP ‘MM’, em 1989. Mas não é, pois desde o seu surgimento ela ocupa um lugar único na música brasileira. Ao misturar os irmãos Gershwin, Tim Maia, Luiz Gonzaga, compositores de sambas de enredo e resgatar acertadamente canções da MPB, Marisa revigorou o disco com repertório “eclético”, que passou a ser seguido por nove entre dez cantoras brasileiras desde então. A compositora, apresentada na faixa ‘Beija eu’, no segundo disco, ‘Mais’ (1991), também virou modelo entre as novatas, tornando-se indissociável da intérprete nos álbuns seguintes. Confortável em sua condição de musa da contemporaneidade, Marisa reaparece com ‘O que você quer saber de verdade’, álbum sucessor dos gêmeos ‘Infinito particular’ e ‘Universo ao meu redor’, de 2006....

A praia morna de Mona Gadelha

Nascida no Ceará e radicada em São Paulo há 26 anos, Mona Gadelha está lançando o álbum ‘Praia lírica, um tributo à canção cearense dos anos 70 ’ , pela gravadora Brasilbizz Music. Como o título entrega, a cantora visita repertório de conterrâneos que fizeram sucesso naquela década, quando eram chamados de “pessoal do Ceará”. Acompanhada pelo pianista Fernando Moura, que também assina os arranjos, Mona empresta sua voz afinada para canções marcantes como ‘Noturno’ (Caio Silvio/ Graco), eternizada por Fagner, ‘Paralelas’ (Belchior) e ‘Terral’, do mesmo Ednardo que a convidou, ainda menina, para participar do disco e show ‘Massafeira’, em 1979. O resultado nem sempre é satisfatório, o canto suave e correto, porém sem força interpretativa, de Mona não se mostra adequado em composições que exigem acentuada carga dramática como o tango ‘Retrato marrom’ (Rodger Rogério/ Fausto Nilo) e a balada ‘Sensual’ (Belchior), vinculadas ao repertório de Ney Matogrosso. Os suculentos versos ...

Grupo Caraivana celebra a vida no segundo CD, 'Ser feliz'

Em 2009, um grupo de músicos praticamente desconhecidos chegou à Copenhague (Dinamarca) para representar a música brasileira junto ao Comitê Organizador das Olimpíadas de 2016. Nada mal para os rapazes oriundos de várias regiões do Brasil que se conheceram durante as férias na paradisíaca cidade baiana de Caraíva. Durante as apresentações nas noites dinamarquesas, Alex Souza (violão/ voz), Alexandre Lora (pandeiro/ percussão/ vocal), Douglas Lora (violão 7 cordas), Duda Maia (bandolim), Fábio Luna (cavaco/ voz/ flauta/ percussão) e Juninho Billy Joe (tantã/ voz/ percussão) desfiaram o repertório do então recém-lançado CD batizado com o nome da banda, ‘Caraivana’: ‘Noites cariocas’ (Jacob do Bandolim), ‘Tico-tico no fubá’ (Zequinha de Abreu), ‘Naquele tempo’ (Pixinguinha e Benedito Lacerda), ‘Conversa de botequim’ (Noel Rosa) e ‘Isto aqui o que é (Ary Barroso), entre outros clássicos. Dois anos depois, o Caraivana lança ‘Ser feliz’ (Maracaja/ Microservice) apostando em composiçõ...

Primeiro disco solo de Zé Paulo Becker ganha nova edição

Zé Paulo Becker já integrava o conceituado Trio Madeira Brasil quando lançou ‘Lendas brasileiras’, seu primeiro disco solo, em 2001. Dez anos depois, a gravadora Biscoito Fino reedita o apurado trabalho no qual o músico põe seu notável violão a serviço de clássicos da música popular brasileira. Becker também assina os inventivos arranjos que realçam (ainda mais) a beleza do repertório. Entre a valsa ‘Gotas de ouro’ (Ernesto Nazareth), de 1916, e 'Todo o sentimento' (Cristóvão Bastos/ Chico Buarque) do ‘Choro bandido’ (Edu Lobo e Chico Buarque), Zé Paulo passeia por temas de Egberto Gismonti (‘Infância’ e ‘Palhaço’), recria o ‘Feitiço da Vila’ (Vadico/ Noel Rosa) e valoriza a joia de Sivuca e Glória Gadelha, ‘Feira de mangaio’, em número de impressionante enredamento rítmico. Sem exibições desnecessárias de virtuosismo, Becker alça voos inspirados, mas não perde de vista as linhas melódicas originais da composição. Com seu dedilhado sincopado, o músico de formação erudita...

As duas faces de Alcione

Foto: Phillipe Lima/AgNews Nem a forte chuva que caiu sobre o Rio de Janeiro na noite deste sábado, 15 de outubro de 2011, afastou o público que lotou a casa de espetáculos Vivo Rio para ver a estreia nacional da turnê ‘Duas faces’, com a qual Alcione comemora 40 anos de carreira. Acompanhada pela fiel Banda do Sol, a cantora desfiou repertório que mescla sucessos, músicas menos conhecidas, clássicos internacionais e canções inéditas gravadas para o projeto homônimo que inclui os CDs/DVDs ‘Ao vivo na Mangueira’ e ‘Jam session’ (Marrom Music/ Biscoito Fino). Com a potente voz em excelente condição, amplificada pelo ótimo som da casa, Alcione relembra ‘Tem dendê’ (1973) e ‘Figa de Guiné’ (1972), de Reginaldo Bessa e Nei Lopes, que marcaram sua estreia fonográfica. Recorrente na discografia da cantora, Nei também é o autor de ‘Mulher-bombeiro’, esperto samba de breque feito sob medida para a madrinha da corporação. A aparente indiferença do público desapareceu logo aos primeiro...

Estilosa, Mariana Aydar, se distancia do samba em "Cavaleiro selvagem aqui te sigo"

As fotos da capa e do encarte de ‘Cavaleiro selvagem aqui te sigo’, terceiro disco de Mariana Aydar, dão pistas sobre o conteúdo musical do álbum recém-lançado pela gravadora Universal Music. Travestida de heroína, Joanna D’Arc contemporânea, Mariana aparece em poses que indicam audácia, valentia – talvez inspiradas no tal cavaleiro do título. Escoltada por seu fiel escudeiro Duani Martins e pelo maestro Letieres Leite, produtores do disco, a moça encara com ânimo o repertório basicamente constituído por regravações, ainda que apresente faixas autorais como a vinheta de abertura ‘A saga do cavaleiro’ (Guilherme Held/ Gustavo Di Dalva/ Letieres Leite/ Duani/ Aydar), que lembra nos primeiros segundos a versão de Fernanda Abreu para outro cavaleiro, ‘Jorge da Capadócia’ (Jorge Ben Jor). Jazz, tango, xote, carimbó e outros ritmos processados no liquidificador de Letieres, hábil engenheiro da orquestra baiana Rumpilezz, distanciam a cantora do samba, fio condutor de seus outros trab...

Nobre encontro de Leny e César é reeditado

Lançado originalmente em 2006, o DVD 'Leny Andrade e César Camargo Mariano - Ao vivo', gravado durante apresentação no Teatro Guaíra, em Curitiba (PR) ganha reedição pela gravadora Biscoito Fino. Para comemorar (pouco mais de) 40 anos de suas respectivas carreiras os artistas fizeram, naquele ano, vitoriosa turnê por diversos estados brasileiros chegando a se apresentar no México, país onde Leny morou. O encontro rendeu à dupla um Grammy de “Melhor álbum de Música Popular Brasileira”, em 2007. Boa parte do repertório foi retirada do disco ‘Nós’, lançando por eles em 1994, e é cíclica nos roteiros dos shows de Leny – o que não diminui o prazer de vê-la em cena. Famosa internacionalmente pela emissão perfeita e pelos improvisos jazzísticos, Leny exibe o suingue costumeiro em canções mais balançadas como ‘Seu Chopin, desculpe’ (Choro do minuto) (Johnny Alf) e ‘Alvoroço’ (Ivor Lancelloti/ João de Aquino). Cheia de bossa, ela passeia por ‘Redentor’ (Nelson Wellington/ Luizã...

Em seu quarto disco, Maria Rita reafirma "elo" com a MPB

Quatro anos após ‘Samba meu’, disco calcado na batucada carioca que originou show providencialmente rejuvenescedor, Maria Rita retoma em ‘Elo’, seu recém-lançado CD, certo ar senhoril que caracterizou seu primeiro e ótimo álbum de estreia. Sem planos de gravar este ano, a cantora lançou mão de canções que vinha apresentando em show intimista na casa paulista Tom Jazz para contentar sua gravadora, Warner Music, e os fãs, que esperavam por um novo trabalho. O samba alegre e jovial deu lugar a interpretações mais densas, intrínsecas ao canto de Maria Rita. Sua notória herança genética está explícita nas divisões rítmicas e até mesmo nos maneirismos, como as notas prolongadas e a respiração sempre no limite. Escolada pelas inevitáveis comparações com a mãe famosa sofridas no começo da carreira, Maria Rita encara com segurança o desafio de cantar as conhecidíssimas ‘Menino do Rio’ (Caetano Veloso), ‘A história de Lilly Braun’ (Edu Lobo/ Chico Buarque), ‘Só de você’ (Rita Lee/ Roberto ...