Pular para o conteúdo principal

Ro Ro promove encontro inédito


Elza Soares e Elba Ramalho foram as convidadas especiais da terceira edição do projeto quinzenal ‘Nas ondas da Ro Ro’ comandado por Ângela Ro Ro na noite de terça-feira, dia 7 de novembro, no Espaço Acústica – misto de bar, boate e casa de shows recém-inaugurada na Praça Tiradentes, Centro do Rio de Janeiro.
Acompanhada pelo tecladista Ricardo Mac Cord, Ângela reaquece o repertório que vem apresentando em seus últimos shows. ‘Acertei no milênio’ e ‘Fila de ex-mulher’, músicas da safra mais ou menos recente, aparecem ao lado das imbatíveis ‘Só nos resta viver’, ‘Tola foi você’ e ‘Came e case’. Dona de um humor por vezes desconcertante Ro Ro deleita a platéia com seus comentários, principalmente quando fala dos colegas da MPB (“Ele ainda vai mudar os gostos dessa menina”, cutucou Caetano Veloso e Maria Gadú).
Os famosos graves ainda estão todos lá e proporcionam belos momentos em ‘Meu benzinho’, ‘Fogueira’ e ‘Ne me quitte pas’. Pena que, a certa altura, a cantora troque o microfone pelas máquinas fotográficas digitais com as quais registrou as performances de suas convidadas.
Primeira a entrar em cena, Elza Soares provocou raro momento de delicadeza quando Ângela relembrou ‘Prova de amor’, música de 1988 feita em homenagem à colega que havia perdido um filho na época. A emoção tomou conta de Elza (“Sempre curei todo mal com a música”, sentenciou).
O alto astral voltou com a “mulata assanhada” dividindo a clássica ‘Se acaso você chegasse’ (Lupicínio Rodrigues/ Felisberto Martins) com Ro Ro. A dobradinha rendeu, ainda, uma boa versão (apesar da aparente falta de ensaio) de ‘Escândalo’, feita por Caetano Veloso para Ângela. O baiano voltou a ser lembrado em ‘Dor de cotovelo’, faixa do aclamado CD ‘Do cóccix até o pescoço’, lançado por Elza em 2002.
Com jogo de cintura adequado à informalidade da noite, Elba Ramalho comandou seu set, literalmente. Depois de repetirem três vezes ‘O meu amor’ (Chico Buarque) por erros de Ro Ro, a paraibana enfileirou os sucessos ‘Chão de giz’ (Zé Ramalho), ‘Bate coração’ (Ceceu) e ‘Banho de cheiro’ (Carlos Fernando) enquanto a anfitriã se divertia filmando tudo.
No bis, Ângela passou a ser coadjuvante de um encontro especial: Pela primeira vez Elba Ramalho e Elza Soares (foto de Jean Souza) uniram suas vozes tão marcantes em um palco, na canção ‘Espumas ao vento’ (Accioly Neto), comum ao repertório de ambas. “Estou realizando um sonho, sempre quis cantar com Elza”, disse a musa nordestina.
Entre música, improvisos e escrachos, o animado público que esteve no Espaço Acústica presenciou um inusitado episódio da Música Popular Brasileira.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Joias musicais de Gilberto Gil são reeditadas

               A Universal Music reabre seu baú de preciosidades. Desta vez, a dona do maior acervo musical do país, traz duas joias do cantor, compositor e violonista Gilberto Passos Gil Moreira, recentemente eleito imortal pela Academia Brasileira de Letras. De 1971, o disco londrino, ‘Gilberto Gil’, reaparece em nova edição em vinil, enquanto ‘Refestança’, registro do histórico encontro de Gil e Rita Lee, de 1977, finalmente ganha versão digital.             Gravado durante o exílio do artista baiano em Londres, o quarto LP de estúdio de Gilberto Gil foi produzido por Ralph Mace para o selo Famous e editado no Brasil pela Philips, atual Universal Music. O produtor inglês também trabalhava com Caetano Veloso, que havia lançado seu primeiro disco de exílio no mesmo ano. Contrastando com a melancolia expressada por Caetano, Gil fez um álbum mais equilibrado, dosando as saudades do Brasil...

50 anos de Claridade

Clara Nunes (1942 – 1983) viu sua carreira deslanchar na década de 1970, quando trocou os boleros e um romantismo acentuado pela cadência bonita do samba, uma mudança idealizada pelo radialista e produtor musical Adelzon Alves. Depois do sucesso do LP ‘Alvorecer’, de 1974, impulsionado pelas faixas ‘Menino deus’ (Mauro Duarte/ Paulo César Pinheiro), ‘Alvorecer’ (Délcio Carvalho/ Ivone Lara) e ‘Conto de areia’ (Romildo/ Toninho Nascimento), a cantora mineira reafirmou sua consagração popular com o álbum ‘Claridade’. Lançado em 1975, este disco vendeu 600 mil cópias, um feito excepcional para um disco de samba, para uma cantora e, sobretudo, para um disco de samba de uma cantora. Traço marcante na trajetória artística e na vida de Clara Nunes, o sincretismo religioso está presente nas faixas ‘O mar serenou’ (Candeia) e ‘A deusa dos orixás’, do pernambucano Romildo e do paraense Toninho Nascimento, os mesmos autores de ‘Conto de areia’. Eles frequentavam o célebre programa no qual Adelzon...

Atrás do Trio Elétrico*

A menos de dois meses do Carnaval, os ensaios técnicos na Marquês de Sapucaí e nas quadras das escolas de samba bombam e os blocos de rua se preparam. Mas existe uma turma de foliões que foge da batucada carioca, preferindo o agito baiano, embalados pelos trios elétricos. “Se você for sozinho vai encontrar muito carioca por lá”, diz o comerciante Roberto Alves, 32 anos, apaixonado pelo Carnaval da Bahia. Para ele, falta a organização na folia do Rio. “Fiquei aqui em 2008 e detestei”, conta o moço que participou de sua primeira micareta (Carnaval fora de época) em 1996, em Belo Horizonte. “Tenho uns cem abadás”, gaba-se Roberto, que já garantiu mais alguns para este ano. Outro carioca, Rodrigo Carvalho, 28 anos, começou a pagar pelos abadás em março do ano passado. “Vou para Salvador há quatro anos seguidos. O clima é ótimo, não é pesado como nas raves”, compara ele, que dividirá um apartamento com 14 amigos durante a folia dos trios. “O mais requisitado é o Me Abraça, o abadá cu...