Marcos Sacramento encerrou na segunda-feira (29) a temporada de shows que ocupou o palco do Centro Cultural Carioca no mês de novembro, onde recebeu os convidados especiais Soraya Ravenle, Alfredo Del Penho, Pedro Paulo Malta, Makley Matos e Clara Sandroni. Acompanhado nesta noite pelos músicos Alessandro Cardoso (cavaquinho), Netinho Albuquerque (percussão) e Leandro Saramago (violão), Sacramento mostrou para o privilegiado público que compareceu ao simpático sobrado da Rua do Teatro porque é um dos melhores cantores da atualidade.
Ostentando vasta cabeleira, pulseiras de couro e camisa do Santo Guerreiro – que ninguém é de ferro –, conjugando atitude roqueira de um Cazuza com humor esperto de Carmen Miranda, Marcos liquidifica referências e produz música contemporânea. Um surpreendente samba enviesado, sem ranço.
Ele não quer rótulos: “Não sou sambista e muito menos freqüento ambientes de samba genuínos”, já disse. Esse distanciamento consciente do celebrado ritmo carioca é bastante salutar para a carreira do cantor e compositor: Não há reverência exacerbada à antiguidade, comum aos novos sambistas – sobretudo à geração surgida na Lapa a partir da segunda metade dos anos 90.
Se os discos ‘A modernidade da tradição’ (1984) e ‘Memorável samba’ (2003) perfilam de forma criativa, canções de compositores contemporâneos como Chico Buarque e Caetano Veloso e clássicos das primeiras décadas do século XX, assinados por Assis Valente, Ataulfo Alves e Noel Rosa, entre outros notáveis, o mais recente álbum, ‘Na cabeça’, prioriza sua criação autoral.
“Não vou dormir com esse samba todo na cabeça” (parceria com Luiz Flávio Alcofra), explica Marcos na faixa que dá título ao CD lançado em 2009 pela gravadora Biscoito Fino. A produção continua a todo vapor, a ponto de o artista mostrar no show uma nova canção ainda sem nome.
A força criativa de Sacramento não é limitada às composições, ela está na teatralidade das interpretações – sem desmerecer seus dotes vocais –, na ginga e malícia não usuais em cantores, com raras exceções como Ney Matogrosso. Mas há dramaticidade sempre que a canção exige, como na belíssima interpretação de ‘Triste cuíca’, beleza menos óbvia de Noel Rosa, imortalizada pela Dama do Encantado, Aracy de Almeida.
As cantoras, aliás, parecem povoar o universo musical de Marcos. Além das já citadas, o cantor sublinha a influência de Elis Regina ao reviver com suingue e divisões impecáveis ‘Cai dentro’ (Baden Powell/ Paulo César Pinheiro). Do repertório de outra pequena notável, Sacramento saca a embolada ‘Bambo de bambu’ (Almirante/ Valdo Abreu) e imprime uma incrível velocidade que remete ao registro de Baby do Brasil em ‘O que vier eu traço’ (Alvaiade). Impecável.
Marcos Sacramento também brilha no musical ‘É com esse que eu vou’. Atualmente, com 16 anos de carreira, foi convidado para participar, pela primeira vez, de uma trilha sonora global, da série ‘As cariocas’. Pode parecer pouco para um artista como ele, e é. Acostumado a rótulos, o mainstream não sabe como lidar com a liberdade estética e tamanha independência. Está na hora de se prestar mais atenção neste canário.
Ostentando vasta cabeleira, pulseiras de couro e camisa do Santo Guerreiro – que ninguém é de ferro –, conjugando atitude roqueira de um Cazuza com humor esperto de Carmen Miranda, Marcos liquidifica referências e produz música contemporânea. Um surpreendente samba enviesado, sem ranço.
Ele não quer rótulos: “Não sou sambista e muito menos freqüento ambientes de samba genuínos”, já disse. Esse distanciamento consciente do celebrado ritmo carioca é bastante salutar para a carreira do cantor e compositor: Não há reverência exacerbada à antiguidade, comum aos novos sambistas – sobretudo à geração surgida na Lapa a partir da segunda metade dos anos 90.
Se os discos ‘A modernidade da tradição’ (1984) e ‘Memorável samba’ (2003) perfilam de forma criativa, canções de compositores contemporâneos como Chico Buarque e Caetano Veloso e clássicos das primeiras décadas do século XX, assinados por Assis Valente, Ataulfo Alves e Noel Rosa, entre outros notáveis, o mais recente álbum, ‘Na cabeça’, prioriza sua criação autoral.
“Não vou dormir com esse samba todo na cabeça” (parceria com Luiz Flávio Alcofra), explica Marcos na faixa que dá título ao CD lançado em 2009 pela gravadora Biscoito Fino. A produção continua a todo vapor, a ponto de o artista mostrar no show uma nova canção ainda sem nome.
A força criativa de Sacramento não é limitada às composições, ela está na teatralidade das interpretações – sem desmerecer seus dotes vocais –, na ginga e malícia não usuais em cantores, com raras exceções como Ney Matogrosso. Mas há dramaticidade sempre que a canção exige, como na belíssima interpretação de ‘Triste cuíca’, beleza menos óbvia de Noel Rosa, imortalizada pela Dama do Encantado, Aracy de Almeida.
As cantoras, aliás, parecem povoar o universo musical de Marcos. Além das já citadas, o cantor sublinha a influência de Elis Regina ao reviver com suingue e divisões impecáveis ‘Cai dentro’ (Baden Powell/ Paulo César Pinheiro). Do repertório de outra pequena notável, Sacramento saca a embolada ‘Bambo de bambu’ (Almirante/ Valdo Abreu) e imprime uma incrível velocidade que remete ao registro de Baby do Brasil em ‘O que vier eu traço’ (Alvaiade). Impecável.
Marcos Sacramento também brilha no musical ‘É com esse que eu vou’. Atualmente, com 16 anos de carreira, foi convidado para participar, pela primeira vez, de uma trilha sonora global, da série ‘As cariocas’. Pode parecer pouco para um artista como ele, e é. Acostumado a rótulos, o mainstream não sabe como lidar com a liberdade estética e tamanha independência. Está na hora de se prestar mais atenção neste canário.
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