Em 1966 o cineasta Júlio Bressane dirigiu um documentário sobre Maria Bethânia, então recém-chegada ao Rio de Janeiro, chamado ‘Bethânia bem de perto’. A proximidade entre a câmera e a cantora mais teatral da música popular brasileira parece ser a única forma de se tentar captar (ainda que parcialmente) a magia que se instaura quando Bethânia está em cena. É o que acontece com ‘Amor Festa Devoção’, novo DVD da cantora lançado oficialmente na sexta-feira, dia 05 de novembro, durante coletiva na sede da gravadora ‘Biscoito Fino’, no Humaitá (RJ).
Último espetáculo de Bethânia apresentado no Canecão, em outubro de 2009, ‘Amor Festa Devoção’ teve imagens captadas por André Horta – responsável pelos DVDs ‘Maricotinha ao Vivo’ (2002) e ‘Brasileirinho ao Vivo’ (2004) – durante os dias 12 e 13 de março deste ano no Vivo Rio (RJ). As dimensões da casa de espetáculos do Aterro do Flamengo não provocam a sensação de acolhimento e intimidade a que os fãs da baiana estão acostumados, mas a presença magnética de Bethânia supre qualquer carência.
A cenografia de Bia Lessa (também diretora do show) funciona muito bem na tela, principalmente no primeiro ato: o vermelho intenso do manto suspenso no palco e do chão salpicado de pétalas de rosas cria um fundo perfeito e contrastante para o figurino da cantora.
Desde a insegura estréia ‘Amor Festa e Devoção’ percorreu diversas cidades brasileiras chegando a ser apresentado no exterior (a cantora acaba de chegar da Argentina). Nesse trajeto Bethânia modificou o roteiro, coisa que faz habitualmente, sem mudar a essência do show dedicado à sua mãe, Dona Canô.
Algumas canções que já se destacavam nos discos ‘Tua’ e ‘Encanteria’ (base do espetáculo), também lançados em 2009, ganharam peso e intensidade durante a turnê. ‘Santa Bárbara’ (Roque Ferreira) tem seus versos iniciais modificados pela cantora (“Por misericórdia alumia” em vez de “Esse povo bom da Bahia”). Como era esperado a inquietante ‘Linha de Caboclo’ (Pedro Amorim/ Paulo César Pinheiro) reaparece como um dos pontos altos do repertório. A sofisticação de ‘É o amor outra vez’ (Dori Caymmi/ Paulo César Pinheiro) se contrapõe à pungente ‘Você perdeu’ (Márcio Valverde/ Nélio Rosa) feita sob medida para a interpretação de Bethânia que se equilibra entre a dor e a ironia durante o número musical. Um das novidades do roteiro, ‘Serenata do adeus’ (Vinicius de Moraes), que substitui ‘Drama’ (Caetano Veloso), aparece perfeitamente adequada precedendo a contemporânea ‘Balada de Gisberta’, do compositor português Pedro Abrunhosa, que encerra o primeiro ato de forma grandiosa.
O amor devotado à mãe, ao Brasil interiorano, caboclo, conduz o segundo ato, aberto por interpretação singela e comovente de ‘Não identificado’ (Caetano Veloso) que fez parte do show ‘Rosa dos Ventos’. ‘Serra da Boa Esperança’ (Lamartine Babo) é a senha para as modas de viola e outras canções mais ruralistas, emolduradas por dezenas de quadros que retratam fachadas de casas nordestinas. A popularesca ‘É o amor’ (Zezé Di Camargo/ Luciano) é acompanhada em coro pelo público, que também acompanha a cantora no antigo sucesso de Dalva de Oliveira, ‘Bandeira Branca’ (Max Nunes/ Laércio Alves).
Divididos em ‘Amor’, ‘Festa’ e ‘Devoção’, os extras tem, como destaque, o documentário feito durante uma visita da cantora e de Dona Canô à Aparecida do Norte, em 2004, quando a Bethânia cantou no santuário da Padroeira do Brasil. Mesmo não superando o DVD ‘Maricotinha ao Vivo’, ‘Amor Festa Devoção’ é mais um belo documento do longo período produtivo de Maria Bethânia que, desde a década de 1960, sempre fez das apresentações ao vivo, sua marca registrada.
A dona da Quitanda
Último espetáculo de Bethânia apresentado no Canecão, em outubro de 2009, ‘Amor Festa Devoção’ teve imagens captadas por André Horta – responsável pelos DVDs ‘Maricotinha ao Vivo’ (2002) e ‘Brasileirinho ao Vivo’ (2004) – durante os dias 12 e 13 de março deste ano no Vivo Rio (RJ). As dimensões da casa de espetáculos do Aterro do Flamengo não provocam a sensação de acolhimento e intimidade a que os fãs da baiana estão acostumados, mas a presença magnética de Bethânia supre qualquer carência.
A cenografia de Bia Lessa (também diretora do show) funciona muito bem na tela, principalmente no primeiro ato: o vermelho intenso do manto suspenso no palco e do chão salpicado de pétalas de rosas cria um fundo perfeito e contrastante para o figurino da cantora.
Desde a insegura estréia ‘Amor Festa e Devoção’ percorreu diversas cidades brasileiras chegando a ser apresentado no exterior (a cantora acaba de chegar da Argentina). Nesse trajeto Bethânia modificou o roteiro, coisa que faz habitualmente, sem mudar a essência do show dedicado à sua mãe, Dona Canô.
Algumas canções que já se destacavam nos discos ‘Tua’ e ‘Encanteria’ (base do espetáculo), também lançados em 2009, ganharam peso e intensidade durante a turnê. ‘Santa Bárbara’ (Roque Ferreira) tem seus versos iniciais modificados pela cantora (“Por misericórdia alumia” em vez de “Esse povo bom da Bahia”). Como era esperado a inquietante ‘Linha de Caboclo’ (Pedro Amorim/ Paulo César Pinheiro) reaparece como um dos pontos altos do repertório. A sofisticação de ‘É o amor outra vez’ (Dori Caymmi/ Paulo César Pinheiro) se contrapõe à pungente ‘Você perdeu’ (Márcio Valverde/ Nélio Rosa) feita sob medida para a interpretação de Bethânia que se equilibra entre a dor e a ironia durante o número musical. Um das novidades do roteiro, ‘Serenata do adeus’ (Vinicius de Moraes), que substitui ‘Drama’ (Caetano Veloso), aparece perfeitamente adequada precedendo a contemporânea ‘Balada de Gisberta’, do compositor português Pedro Abrunhosa, que encerra o primeiro ato de forma grandiosa.
O amor devotado à mãe, ao Brasil interiorano, caboclo, conduz o segundo ato, aberto por interpretação singela e comovente de ‘Não identificado’ (Caetano Veloso) que fez parte do show ‘Rosa dos Ventos’. ‘Serra da Boa Esperança’ (Lamartine Babo) é a senha para as modas de viola e outras canções mais ruralistas, emolduradas por dezenas de quadros que retratam fachadas de casas nordestinas. A popularesca ‘É o amor’ (Zezé Di Camargo/ Luciano) é acompanhada em coro pelo público, que também acompanha a cantora no antigo sucesso de Dalva de Oliveira, ‘Bandeira Branca’ (Max Nunes/ Laércio Alves).
Divididos em ‘Amor’, ‘Festa’ e ‘Devoção’, os extras tem, como destaque, o documentário feito durante uma visita da cantora e de Dona Canô à Aparecida do Norte, em 2004, quando a Bethânia cantou no santuário da Padroeira do Brasil. Mesmo não superando o DVD ‘Maricotinha ao Vivo’, ‘Amor Festa Devoção’ é mais um belo documento do longo período produtivo de Maria Bethânia que, desde a década de 1960, sempre fez das apresentações ao vivo, sua marca registrada.
A dona da Quitanda
Inaugurada em 2003 com o primoroso disco ‘Brasileirinho’, viagem amorosa pelas matas de um Brasil repleto de religiosidade e referências indígenas, a Quitanda de Maria Bethânia continua oferecendo o melhor em sua banca. A coletiva de lançamento do DVD também serviu para que Bethânia anunciasse, junto com compositor Paulo César Pinheiro, mais uma preciosidade do selo administrado em parceria com Kati Almeida Braga, sócia da gravadora ‘Biscoito Fino’.
Homenagem do compositor de ‘Lapinha’ (com Baden Powell) ao mítico mestre de capoeira nascido em Santo Amaro (cidade natal dos Veloso), conhecido como Besouro Mangangá, o CD ‘Capoeira de Besouro' traz 14 toques de capoeira criados por Pinheiro para o musical ‘Besouro Cordão de Ouro’, escrito por ele, ainda em cartaz nos palcos brasileiros.
Paulo César Pinheiro e Roque Ferreira são os compositores mais gravados por Bethânia em seus últimos discos. Os próximos lançamentos da Quitanda incluem o CD ‘Santo e Orixá’, gravado em 2007, pela mãe-de-santo Glória Bomfim, cozinheira de Pinheiro, e um disco com o baiano Roque.
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