
Em meados do século passado, período em que o rádio era o principal veículo de comunicação, as cantoras se destacavam nos programas de auditório e habitavam a imaginação de milhares de ouvintes que idealizavam suas musas em volta do aparelho radiofônico – coisa que as novas gerações, nascidas na era digital, não podem compreender.
Momentos desse passado riquíssimo fazem parte do livro ‘As divas do Rádio Nacional – As vozes eternas da era de ouro’ de Ronaldo Conde Aguiar (editora Casa da Palavra). Histórias sobre a vida e a obra de 14 cantoras brasileiras são contadas de forma leve e, claro, apaixonada – o autor assume publicamente seu amor por Emilinha Borba, relembrando a folclórica rixa entre a “rainha da Marinha” e Marlene. Nada que prejudique a narrativa, ao contrário, afinal estamos falando de uma paixão nacional: as cantoras.
É com prazer que acompanhamos a transformação de Ângela Maria em mito do cancioneiro popular após iniciar a carreira imitando Dalva de Oliveira. Como se precisasse: a voz da Sapoti, preferida do Presidente Getúlio Vargas, também encantou grandes compositores como Tom Jobim, Dorival Caymmi, além de Ary Barroso e Vinicius de Moraes que deram à cantora a belíssima ‘Já era tempo’, composição bissexta da dupla. Apesar disso a crítica foi implacável com Ângela por causa do seu repertório antecipando a eterna discussão entre o que é brega ou não.
Num Rio de Janeiro idílico, porém provinciano, o público acompanhava de perto a vida dos ídolos nacionais. Qualquer deslize cometido por um deles era motivo para reportagens escandalosas nas revistas especializadas em fofocas. Como a suposta tentativa de homicídio da novata Nora Ney – nada muito diferente do que acontece atualmente.
Os porres de Maysa, a deliciosa disputa musical protagonizada por Dalva de Oliveira e Herivelto Martins quando da separação, ficaram mais conhecidos depois das minisséries televisivas, mas Ronaldo ainda fornece episódios apimentados da dupla. Sedutor incorrigível, Herivelto provocou a briga de Dalva com outra estrela retratada no livro: a paulistana Isaurinha Garcia, então hospedada na residência do casal, não resistiu aos encantos do autor de ‘Cabelos brancos’: “Dei mesmo, e daí?”, disparou a intérprete do clássico ‘Mensagem’.
Nada é mais dramático do que a decadência das irmãs Batista. Cantoras de sucesso, que chegaram a ter 14 automóveis na garagem, além de inúmeros imóveis, Linda e Dircinha terminaram a vida num manicômio, miseráveis. A vida das cantoras mudou completamente com o fechamento dos cassinos. Nem todas conseguiram se adaptar.
O conservadorismo de Emilinha, a atitude extremada de Marlene, a modernidade de Elizeth Cardoso e a breve carreira de uma alegre (!) Dolores Duran são alguns dos relatos divididos em 14 capítulos. Um CD com gravações originais de sucessos das biografadas vem encartado na obra. Impressiona a qualidade das canções, quase todas regravadas pelas gerações seguintes.
Divindades femininas dotadas de grande beleza e/ou talento, as divas estão muito bem representadas neste livro que, indiretamente, provoca a inevitável comparação entre as estrelas de ontem e de hoje, quando o consumismo embaça o brilho de muitas delas.
As músicas do CD:
01 – Dolores Duran – A noite do meu bem (Dolores Duran)
02 – Maysa – Ouça (Maysa)
03 – Zezé Gonzaga – Sou apenas uma senhora que ainda canta (Radamés Gnatalli/ Hermínio Bello de Carvalho
04 – Ademilde Fonseca – Pedacinhos do céu (Waldyr Azevedo/ Miguel Lima)
05 – Ângela Maria – Vida de bailarina (Américo Seixas/ Chocolate)
06 – Emilinha Borba – Se queres saber (Peter Pan)
07 – Marlene – Lata d’água (Luiz Antonio/ Jota Junior)
08 – Dalva de Oliveira – Neste mesmo lugar (Armando Cavalcanti/ Klécius Caldas)
09 – Elizeth Cardoso – Cansei de ilusões (Tito Madi)
10 – Nora Ney – Conselho (Denis Brean/ Oswaldo Guilherme)
11 – Linda Batista – Chico Viola (Wilson Batista/ Nássara)
12 – Dircinha Batista – Conceição (Dunga/ Jair Amorim)
13 – Isaurinha Garcia – Mensagem (Cícero Nunes/ Aldo Cabral)14 – Inetiza Barroso & Roberto Corrêa – Cuitelinho (Xando/ Paulo Vanzolini)
Momentos desse passado riquíssimo fazem parte do livro ‘As divas do Rádio Nacional – As vozes eternas da era de ouro’ de Ronaldo Conde Aguiar (editora Casa da Palavra). Histórias sobre a vida e a obra de 14 cantoras brasileiras são contadas de forma leve e, claro, apaixonada – o autor assume publicamente seu amor por Emilinha Borba, relembrando a folclórica rixa entre a “rainha da Marinha” e Marlene. Nada que prejudique a narrativa, ao contrário, afinal estamos falando de uma paixão nacional: as cantoras.
É com prazer que acompanhamos a transformação de Ângela Maria em mito do cancioneiro popular após iniciar a carreira imitando Dalva de Oliveira. Como se precisasse: a voz da Sapoti, preferida do Presidente Getúlio Vargas, também encantou grandes compositores como Tom Jobim, Dorival Caymmi, além de Ary Barroso e Vinicius de Moraes que deram à cantora a belíssima ‘Já era tempo’, composição bissexta da dupla. Apesar disso a crítica foi implacável com Ângela por causa do seu repertório antecipando a eterna discussão entre o que é brega ou não.
Num Rio de Janeiro idílico, porém provinciano, o público acompanhava de perto a vida dos ídolos nacionais. Qualquer deslize cometido por um deles era motivo para reportagens escandalosas nas revistas especializadas em fofocas. Como a suposta tentativa de homicídio da novata Nora Ney – nada muito diferente do que acontece atualmente.
Os porres de Maysa, a deliciosa disputa musical protagonizada por Dalva de Oliveira e Herivelto Martins quando da separação, ficaram mais conhecidos depois das minisséries televisivas, mas Ronaldo ainda fornece episódios apimentados da dupla. Sedutor incorrigível, Herivelto provocou a briga de Dalva com outra estrela retratada no livro: a paulistana Isaurinha Garcia, então hospedada na residência do casal, não resistiu aos encantos do autor de ‘Cabelos brancos’: “Dei mesmo, e daí?”, disparou a intérprete do clássico ‘Mensagem’.
Nada é mais dramático do que a decadência das irmãs Batista. Cantoras de sucesso, que chegaram a ter 14 automóveis na garagem, além de inúmeros imóveis, Linda e Dircinha terminaram a vida num manicômio, miseráveis. A vida das cantoras mudou completamente com o fechamento dos cassinos. Nem todas conseguiram se adaptar.
O conservadorismo de Emilinha, a atitude extremada de Marlene, a modernidade de Elizeth Cardoso e a breve carreira de uma alegre (!) Dolores Duran são alguns dos relatos divididos em 14 capítulos. Um CD com gravações originais de sucessos das biografadas vem encartado na obra. Impressiona a qualidade das canções, quase todas regravadas pelas gerações seguintes.
Divindades femininas dotadas de grande beleza e/ou talento, as divas estão muito bem representadas neste livro que, indiretamente, provoca a inevitável comparação entre as estrelas de ontem e de hoje, quando o consumismo embaça o brilho de muitas delas.
As músicas do CD:
01 – Dolores Duran – A noite do meu bem (Dolores Duran)
02 – Maysa – Ouça (Maysa)
03 – Zezé Gonzaga – Sou apenas uma senhora que ainda canta (Radamés Gnatalli/ Hermínio Bello de Carvalho
04 – Ademilde Fonseca – Pedacinhos do céu (Waldyr Azevedo/ Miguel Lima)
05 – Ângela Maria – Vida de bailarina (Américo Seixas/ Chocolate)
06 – Emilinha Borba – Se queres saber (Peter Pan)
07 – Marlene – Lata d’água (Luiz Antonio/ Jota Junior)
08 – Dalva de Oliveira – Neste mesmo lugar (Armando Cavalcanti/ Klécius Caldas)
09 – Elizeth Cardoso – Cansei de ilusões (Tito Madi)
10 – Nora Ney – Conselho (Denis Brean/ Oswaldo Guilherme)
11 – Linda Batista – Chico Viola (Wilson Batista/ Nássara)
12 – Dircinha Batista – Conceição (Dunga/ Jair Amorim)
13 – Isaurinha Garcia – Mensagem (Cícero Nunes/ Aldo Cabral)14 – Inetiza Barroso & Roberto Corrêa – Cuitelinho (Xando/ Paulo Vanzolini)
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