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Mostrando postagens de novembro, 2010

Diogo Nogueira: o malandro na praça outra vez

Em junho de 2010, Diogo Nogueira subiu ao palco da casa de espetáculos Vivo Rio para registrar seu segundo show, ‘Sou eu’, editado em CD e DVD pela EMI Music. Acostumados a shows cada vez mais grandiosos, os artistas brasileiros incluem outros atrativos em suas apresentações onde a música é o componente principal, mas não o único. O samba não passou incólume ao fenômeno, como podemos constatar em ‘Sou eu’. O grande palco do Vivo Rio não inibiu a produção de Diogo.  A ficha técnica do espetáculo já anunciava a preocupação com a qualidade do projeto: direção musical de Alceu Maia, cenários de Hélio Eichbauer, a presença dos bailarinos da Companhia de Dança Carlinhos de Jesus e de Lucinha Nobre e Rogério, porta-bandeira e mestre-sala da Escola de Samba Portela.  As recorrentes participações especiais em mais uma gravação ao vivo deram pistas dos caminhos que Diogo poderá seguir para sedimentar sua carreira ainda tão recente. Chico Buarque e Ivan Lins, representantes da linhage...

O balanço renovado de Bebeto

Fiel ao suingue que lhe rendeu o título de 'rei dos bailes' da Zona Norte e da Baixada Fluminense na segunda metade da década de 1970 e início dos anos 1980, Bebeto lança seu primeiro CD de inéditas em 15 anos. Redescoberto graças à internet e aos DJs que (re)colocaram ‘Segura a nega’ nas pistas, o paulistano mais carioca da cidade se apresenta às novas gerações com ‘Prazer, eu sou Bebeto’ (gravadora EMI) seu 38º disco, bem produzido pelo cada vez mais requisitado Clemente Magalhães. Cercado de excelentes músicos como Davi Moraes, Lui Coimbra e Christiaan Oyens, entre outros, Bebeto, 63 anos, atualiza seu balanço em 14 faixas inéditas – a ecológica e visionária ‘Água água’ (Bebeto/ Teodoro) foi lançada há 33 anos no disco ‘Esperanças mil’. A suingueira começa com ‘Charme’, dos gaúchos Thiago Corrêa e Allan Dias Castro, autores que reaparecem no decorrer do baile onde sol, mulher e futebol são referências. Destaque para o arranjo de metais de Marlon Sette que também defende o...

Maria Bethânia: A dona da cena

Em 1966 o cineasta Júlio Bressane dirigiu um documentário sobre Maria Bethânia, então recém-chegada ao Rio de Janeiro, chamado ‘Bethânia bem de perto’. A proximidade entre a câmera e a cantora mais teatral da música popular brasileira parece ser a única forma de se tentar captar (ainda que parcialmente) a magia que se instaura quando Bethânia está em cena.  É o que acontece com ‘Amor Festa Devoção’, novo DVD da cantora lançado oficialmente na sexta-feira, dia 05 de novembro, durante coletiva na sede da gravadora ‘Biscoito Fino’, no Humaitá (RJ). Último espetáculo de Bethânia apresentado no Canecão, em outubro de 2009, ‘Amor Festa Devoção’ teve imagens captadas por André Horta – responsável pelos DVDs ‘Maricotinha ao Vivo’ (2002) e ‘Brasileirinho ao Vivo’ (2004) – durante os dias 12 e 13 de março deste ano no Vivo Rio (RJ). As dimensões da casa de espetáculos do Aterro do Flamengo não provocam a sensação de acolhimento e intimidade a que os fãs da baiana estão acostumados, mas...

D2 reverencia o malandro

Em seu sexto disco solo Marcelo D2 deixa de lado o discurso ritmado do rap para cantar o partido alto dos morros da cidade (sem deixar de lado a crítica social), realizando o antigo desejo de homenagear Bezerra da Silva, figura mítica da malandragem carioca. Fugindo do esquema habitual dos discos-tributo, D2 não se preocupou em fazer um greatest hits do malandro pernambucano radicado no Rio. ‘Marcelo D2 canta Bezerra da Silva’, lançado recentemente pela gravadora EMI Music, traz músicas escolhidas afetivamente pelo rapper, fã assumido de Bezerra. O produtor Leandro Sapucahy e o maestro Jota Moraes foram escalados para evocar a sonoridade dos discos de samba lançados nas décadas de 1970 e 1980. Para isso se cercaram de músicos experientes como Carlinhos Sete Cordas, Marcos Arcanjo e Márcio Hulck. Um coro feminino relembra o grupo vocal ‘As Gastas’, recorrente nas gravações de então. A homenagem continua na capa que reproduz a foto do disco ‘Eu não sou santo’, de 1992, onde Bezerra ap...

As cantoras do rádio

Em meados do século passado, período em que o rádio era o principal veículo de comunicação, as cantoras se destacavam nos programas de auditório e habitavam a imaginação de milhares de ouvintes que idealizavam suas musas em volta do aparelho radiofônico – coisa que as novas gerações, nascidas na era digital, não podem compreender. Momentos desse passado riquíssimo fazem parte do livro ‘As divas do Rádio Nacional – As vozes eternas da era de ouro’ de Ronaldo Conde Aguiar (editora Casa da Palavra). Histórias sobre a vida e a obra de 14 cantoras brasileiras são contadas de forma leve e, claro, apaixonada – o autor assume publicamente seu amor por Emilinha Borba, relembrando a folclórica rixa entre a “rainha da Marinha” e Marlene. Nada que prejudique a narrativa, ao contrário, afinal estamos falando de uma paixão nacional: as cantoras. É com prazer que acompanhamos a transformação de Ângela Maria em mito do cancioneiro popular após iniciar a carreira imitando Dalva de Oliveira. Como se...

O show tem que continuar

Encerrando um ciclo de 43 anos o Canecão fechou suas portas, no sábado, 16 de outubro de 2010. Sem lamento, ou nostalgia, Bibi Ferreira, 88 anos, fez a última apresentação na casa de espetáculos de Botafogo, apresentando o show ‘De Pixinguinha a Noel, passando por Gardel’. A atriz havia comandado a festa que oficializou a abertura da então cervejaria em 1967. O Canecão ocupa um espaço pertencente à Universidade Federal do Rio de Janeiro que reivindicou a reintegração de posse há décadas. A cidade perde seu palco mais emblemático, por onde passaram artistas dos mais variados gêneros musicais, principalmente do que se convencionou chamar MPB. Certamente nossas estrelas não ficarão sem local para suas apresentações como ocorreu com as divas da era do rádio, muitas delas contratadas por cassinos, quando um decreto presidencial proibiu o jogo no País, em 1946. Mas é certo que nenhum outro palco restante tem ou terá a aura do ‘Caneco’. Seus inúmeros problemas eram conhecidos por todos, mas f...

Os garotos querem se divertir

Domingo, meio do feriadão, às vésperas do Dia das Crianças, parti com a sobrinha adolescente para o Vivo Rio, onde a banda Restart comandaria mais uma matinê, chamada “Happy Rock Sunday”. Eu, ela e milhares de meninas (em sua maioria) acompanhadas de seus responsáveis. Uma multidão de jovens multicoloridas, animadíssimas e agudíssimas – cujos gritos pareciam formar uma única e poderosa voz estridente a cada citação da banda durante o set comandado por um DJ convidado. A coisa ficou ainda mais intensa quando os quatro garotos entraram em cena: os camarotes da casa de espetáculos tremeram. Literalmente. Criada em 2008, a banda formada por Pe Lu (voz e guitarra), Pe Lanza (voz e baixo), Koba (voz e guitarra) e Thominhas (bateria e sintetizador) vem incomodando muita gente do mainstream do pop-rock brasileiro – que o diga Dino Ouro Preto, vocalista da balzaquiana ‘Capital Inicial’, que andou soltando farpas, aborrecido com o sucesso dos meninos. Vestindo roupas coloridas, muitas vezes e...

Registro de 'Em boa companhia', de Simone, mostra show afinado

Quando Simone estreou o show ‘Em boa companhia’, em setembro de 2009, no Canecão (RJ), eram nítidos alguns deslizes no roteiro baseado no então recém lançado CD ‘Na veia’. Nada que comprometesse o resultado final. Em excelente forma física e vocal; vinda de ‘Amigo é casa’, show memorável feito em parceria com Zélia Duncan; a cantora se mostrava renovada e visivelmente feliz.  Gravados ao vivo em abril de 2010 no Teatro dos Guararapes, em Olinda (PE), os luxuosamente embalados CD duplo e o DVD (gravadora Biscoito Fino) mostram a evolução do espetáculo após os necessários ajustes. Saíram ‘Elegia’ (Péricles Cavalcanti/ Augusto de Campos) e ‘Diga lá coração’ (Gonzaguinha) e entraram ‘Ive Brussel’ (Jorge Ben Jor), ‘Fullgás’ (Marina e Antônio Cícero) e ‘Nada por mim’ (Paula Toller/ Herbert Vianna). Acompanhada por Julinho Teixeira (direção musical, teclados e acordeom), Walter Villaça (guitarra e violões), Fernando Souza (baixo), Carlos Bala (bateria) e Sidinho Moreira (percussão), Si...